Horas após anunciar que se licenciará do mandato na Câmara e ficará um tempo nos Estados Unidos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez uma brincadeira mencionando a possbilidade de articular um “novo golpe de Estado” direto da Disney, em Orlando.
A declaração foi dada pelo parlamentar no final de uma entrevista ao vivo no Youtube no canal da Revista Timeline. A entrevista foi conduzida pelo jornalista Luís Ernesto Lacombe, o apresentador Max Cardoso e o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.
“Tenho profetizado que muita gente só vai ver o Mickey Mouse através das lentes do celular do Allan do Santos. Então, vamos ver as cenas dos próximos capítulos. De repente a gente vai em Orlando só para bater uma selfie naquela entrada ‘Bem-vindo ao Walt Disney World’. Beleza? E aí, quem sabe a gente organiza um novo golpe de Estado apartir da Disney, né? (risos)”, afirmou Eduardo.
A brincadeira fazia uma referência a acusação contra Jair Bolsonaro de ter supostamente articulado as invasões golpistas às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Na época, o ex-presidente da República estava morando em Orlando, nos Estados Unidos.
Ainda na entrevista ao canal no Youtube, Eduardo confirmou que pretende se consolidar com a família na região de Washington D.C., capital americana. O filho 03 de Jair Bolsonaro já está nos Estados Unidos desde 27 de fevereiro, ou seja, há quase 20 dias.
Como noticiou a coluna mais cedo, Eduardo anunciou que vai tirar uma licença não remunerada do mandato na Câmara e que ficará nos Estados Unidos. A decisão ocorre em meio à ação no STF na qual o PT pede a apreensão do passaporte do deputado.
“Não irei me acovardar, não irei me submeter ao regime de exceção e aos seus truques sujos. Da mesma forma que assumi o mandato parlamentar para representar minha nação, eu abdico temporariamente dele, para seguir representando esses irmãos de pátria que me incumbiram dessa nobre missão. Irei me licenciar, sem remuneração, para que possa me dedicar integralmente e buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos”, anunciou Eduardo no fim da manhã da terça-feira (18/3).
PL pego de surpresa
A decisão significa um recuo do deputado, que chegou a avisar a lideranças de seu partido que retornaria ao Brasil na terça-feira (18/3) para assumir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara, conforme informou à coluna o líder do PL na Casa, Sóstenes Cavalcante (RJ).
“Eduardo volta na terça à noite para assumir o cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores (Creden)”, disse Sóstenes à coluna na segunda-feira (17/3).
Procurado pela coluna na terça, Sóstenes afirmou que “tudo mudou durante a madrugada” da segunda para a terça-feira. O líder do PL informou ainda que Eduardo decidiu ficar nos Estados Unidos e se licenciar do mandato na Câmara pelo período de quatro meses.
Passaporte de Eduardo Bolsonaro na mira
A Comissão de Relações Exteriores tinha sido escolhida pelo PL como um contraponto ao pedido de apreensão do passaporte de Eduardo. A ação foi protocolada pelo PT, que acusa o deputado de cometer crime contra a soberania nacional ao criticar o Judiciário no exterior.
Relator do caso no STF, o ministro Alexandre de Moraes enviou a ação para a Procuradoria-Geral da República (PGR) e deu um prazo de cinco dias para o órgão se posicionar. O procurador Paulo Gonet, no entanto, decidiu não cumprir o prazo, como antecipou a coluna.
Eduardo está nos Estados Unidos desde 27 de fevereiro, mesmo dia em que o PT apresentou ao Supremo o pedido de apreensão do passaporte. Por causa disso, o deputado, inclusive, faltou ao ato pró-anistia liderado pelo pai no domingo (16/3), no Rio de Janeiro.