A semelhança entre o tango e a situação econômica da Argentina não está restrita apenas à carga dramática. Assim como o ritmo tem pelo menos cinco variações, o país tem pelo menos três cotações de dólar importantes para os turistas — o oficial, o blue e o especial para cartões. Só que essa é uma realidade com os dias contados.
Assim como música para os ouvidos dos argentinos, o presidente da Argentina, Javier Milei, confirmou que os controles cambiais no país — conhecidos localmente como cepo — serão eliminados a partir do próximo ano.
A versão original de Milei previa o dólar livre na Argentina ainda neste ano — o que ainda é possível de acontecer, embora dependa de algumas condições.
Segundo o presidente argentino, caso o país receba um desembolso do Fundo Monetário Internacional (FMI) adequado às suas necessidades financeiras, a saída do cepo poderá ocorrer ainda em 2025.
“Em 1º de janeiro de 2026, o cepo não existirá. Se houver um desembolso do FMI, podemos fazer isso mais rápido. É preciso avaliar como o programa será estruturado e como os recursos serão alocados, isso determinará a saída do cepo”, afirmou Milei em entrevista ao La Nación.
O presidente da Argentina já havia reforçado essa posição no domingo, em uma publicação no X, ao responder a um usuário: “Em 2026, não haverá mais cepo” na Argentina.
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O câmbio vai deixar de ser um problema para a Argentina?
A Argentina criou uma série de restrições cambiais nos últimos anos que limitam o acesso da pessoa física e das empresas ao dólar.
Com isso, os governos do país foram estabelecendo cotas para a compra da moeda norte-americana, que variam de acordo com a finalidade da transação.
O problema é que cada finalidade tem uma cotação diferente para o dólar e compras em volumes maiores dependem de aprovação do governo.
Além de complicar a vida do cidadão argentino, que viu o poder de compra despencar, também dificultou a vida de empresas e do agronegócio do país.
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Por isso, a suspensão do cepo é tão aguardada. Mas nem todos os problemas da Argentina serão resolvidos com essa medida.
“O câmbio forte é um problema que não será fácil de lidar. Acreditamos que, mesmo sem restrições, o mercado determinaria um valor da moeda que pode ser maior do que os atuais, mas não substancialmente maior. O desafio político é como fazê-lo funcionar para os setores menos produtivos”, dizem os analistas do BTG Pactual, Andres Borenstein e Sofia Ordonez.
A dupla, no entanto, reconhece que o governo de Milei está embarcado em um processo de reformas estruturais que deve melhorar gradualmente a produtividade da economia argentina.
“Impostos mais baixos também ajudarão, mas isso não pode ser feito imediatamente, dado que a solvência fiscal é a principal âncora do programa”, afirmam.
“A questão cambial adiciona sal e pimenta a essa equação, pois a moeda da Argentina está se valorizando em comparação a muitos parceiros comerciais, como México e Europa”, acrescentam.
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