Não está sendo nada fácil a vida da Azul (AZUL4). A companhia aérea anunciou, na noite desta terça-feira (20), que a agência de classificação de risco S&P Global Ratings rebaixou sua nota de crédito de “CCC+” para “CCC-”, com perspectiva negativa, citando o risco elevado de calote devido à liquidez fraca e queima de caixa.
Segundo a S&P, apesar das reestruturações de dívida anteriores, a elevada dívida e os pagamentos de leasing continuam a representar desafios significativos para a Azul, limitando o acesso a financiamentos adicionais.
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A perspectiva negativa do rating indica a maior probabilidade de inadimplência nos próximos seis a doze meses, a menos que haja uma melhora substancial no fluxo de caixa ou novas fontes de financiamento.
O rebaixamento pela S&P sai poucos dias após outra agência de risco, a Fitch, ter tomado uma decisão semelhante.
Também acontece no mesmo dia em que outra companhia aérea, a Gol, avançou rumo ao final de seu processo de recuperação judicial nos EUA. A empresa teve seu plano de reestruturação aprovado pela justiça de Nova York e espera deixar o chamado Chapter 11 no começo de junho.
Planos de seguir os passos da Gol
Segundo informações do portal Pipeline, a Azul está sendo assessorada pelos escritórios Davis Polk e Pinheiro Neto em sua busca por financiamento para reestruturar a dívida — e a recuperação judicial nos Estados Unidos, chamada Chapter 11, está entre as opções.
Em resposta aos rumores sobre uma possível recuperação judicial, a Azul afirmou que “monitora constantemente alternativas” que possam contribuir para o fortalecimento de sua estrutura de capital e preservação de liquidez, com foco na sustentabilidade de longo prazo de suas operações.
A companhia afirma que realizou progressos significativos na redução de sua dívida e alavancagem, e esclarece, em comunicado ao mercado, que permanece em discussões contínuas com parceiros para otimizar sua estrutura de capital e posição de liquidez.
Afinal, o que está acontecendo com a Azul?
Desde outubro de 2023, a Azul vem tentando estabelecer acordos e negociações com credores para resolver parte de sua dívida bilionária, que chegou ao fim de 2024 totalizando R$ 29,6 bilhões.
A empresa está inserida em um setor muito competitivo, em que as companhias têm pouco poder de precificação, as receitas estão diretamente ligadas aos ciclos econômicos e é um negócio com altos custos para se manter operando – entre eles, o custo de combustível para aviação. E foi um dos setores mais afetados pela pandemia.
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Em 2024, a Azul apresentou um plano para renegociar sua dívida. Em um dos últimos passos propostos, a empresa aérea fez uma nova emissão de ações, que aumenta o total de papéis em circulação e, consequentemente, dilui as ações já existentes.
Além de diluir a participação dos acionistas, o resultado do follow-on ficou abaixo do esperado, o que levou a uma queda acentuada das ações nas últimas semanas.
No último mês, a ação AZUL4 acumula queda de 64%.
No final de abril, a companhia anunciou a captação de um financiamento adicional de R$ 600 milhões junto a credores atuais.
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