Os ares de Moscou encorajaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a soltar a língua contra o norte-americano, Donald Trump. O petista esteve na Rússia para encontros com Vladimir Putin no Kremlin.
Em nova crítica à política comercial e à guerra tarifária de Trump, Lula disse neste sábado (10) que o protecionismo só interessa a quem o adota.
Falando a jornalistas minutos antes de decolar da capital russa, encerrando viagem ao país, o petista afirmou que o Brasil não é “quintal” de ninguém — uma resposta direta a uma expressão usada pelo governo norte-americano com relação à América Latina — e disse que deseja ser tratado com respeito pelos EUA.
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E Lula não parou por aí. O petista se mostrou disposto a encarar Trump de frente ao afirmar que vai discutir, no Brics (grupo de países emergentes formado, entre outros, por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a adoção de barreiras comerciais pelos EUA.
Vale lembrar que a cúpula do Brics será realizada em julho no Rio de Janeiro e que o presidente norte-americano já ameaçou taxar o grupo caso usem outra moeda além do dólar nas trocas de comércio.
Lula de olho em negócios com a Rússia
A Rússia é alvo de pesadas sanções dos EUA e de países aliados por conta da invasão da Ucrânia — um conflito que começou em fevereiro de 2022 e que ainda não terminou. Essas punições também podem se estender a países que negociem com Moscou, mas não assustam Lula.
O petista disse que o Brasil não pode “jogar fora nenhuma oportunidade” ao citar o comércio com a Rússia.
“Nós temos uma relação comercial deficitária aqui na Rússia. No fluxo de praticamente US$ 12 bilhões anuais, nós temos quase US$ 11 bilhões de déficit comercial. A minha vinda aqui foi para discutir comércio, para tentar equilibrar, porque trabalhamos com a ideia de que uma boa política comercial é uma via de duas mãos”, disse ele.
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“A gente compra e a gente vende mais ou menos na mesma proporção para que ninguém seja prejudicado”, acrescentou.
Lula lembrou que a Rússia é um parceiro importante na questão de óleo e gás e em pequenos reatores nucleares, “uma novidade extraordinária para que a gente possa ter energia garantida para todo o sempre”.
“Sabemos que em um país que quer ser a sétima, a sexta, a quinta economia do mundo, vai precisar de ter muita energia e garantia de que nunca vai faltar”, disse o petista, lembrando que o sistema brasileiro de distribuição energética já está quase 100% integrado.
Ao final da coletiva deste sábado (10) em Moscou, Lula não volta ao Brasil. O próximo destino do petista é a China, país que está no centro da guerra comercial de Trump.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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