Planos ajudam — mas, às vezes, dá para ver de longe quando eles têm pouca chance de sair do papel. Pelo menos essa é a leitura do Morgan Stanley sobre a CSN Mineração (CMIN3). Diante do fraco desempenho do minério de ferro e de um plano de expansão considerado arriscado, o banco rebaixou a recomendação da ação da mineradora de compra para neutro e cortou o preço-alvo das ações de R$ 6,20 para R$ 5,30.
O impacto foi imediato no pregão desta terça-feira (27). As ações da CSN Mineração lideraram as perdas do Ibovespa (Ibov) desde a abertura. Por volta das 14h20, CMIN3 recuava 5,07%, negociados a R$ 5,24.
No relatório, o Morgan Stanley agora projeta um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 6,411 milhões para 2025, valor 9% menor do que a projeção anterior.
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Para 2026, o banco espera um Ebitda de R$ 7 milhões, também 15,5% abaixo das previsões anteriores. A expectativa de lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) foi reduzida para R$ 0,24 em 2025 e R$ 0,27 em 2026.
Além da avaliação do banco, o setor enfrenta um minério de ferro pressionado no mercado internacional. Nesta terça-feira (27), o contrato mais líquido da commodity — com vencimento em setembro — encerrou o dia em queda de 1,76%, negociado a 698,5 yuans (US$ 96,15) por tonelada na Bolsa de Dalian, na China. Foi a terceira queda consecutiva da commodity.
Por que é hora de vender CMIN3?
Na avaliação do Morgan Stanley, a CSN Mineração apresenta um plano de expansão com um alto risco de execução, em meio a um fraco desempenho do minério de ferro.
“Vemos uma dinâmica de oferta e demanda mais desafiadora pesando sobre o desempenho da ação, enquanto o plano de expansão da empresa permanece uma incógnita devido a atrasos significativos em seu principal projeto de crescimento”, escreveram os analistas Eugenia Cavalheiro, Carlos de Alba e Henrique Braga em relatório.
Eles destacaram que a mina Itabirite P15, que deveria adicionar uma capacidade de 16,5 milhões de toneladas por ano com um teor de ferro de 67%, teve seu início atrasado consecutivamente em quatro anos, de 2023 para o quarto trimestre de 2027.
“Vemos um risco crescente de execução relacionado à entrega no prazo e dentro do orçamento da P15, o que levaria a uma desvalorização em relação ao nosso cenário base atual”, acrescentaram os analistas.
A equipe do Morgan Stanley também considera que os acordos de pré-pagamentos apresentam um entrave no fluxo de caixa.
A CSN Mineração tem sete contratos ativos que juntos totalizam aproximadamente 55,1 milhões de toneladas a serem entregues até o quarto trimestre de 2029 (4T29) por um valor pré-pago de US$ 2,4 bilhões. E, à medida que os contratos começam a ser entregues, os passivos relacionados a eles devem ser amortizados e levar a um consumo de capital de giro.
“Esses contratos garantem acesso imediato a caixa e liquidez, mas levam a uma menor conversão de Ebitda para Fluxo de Caixa Livre (FCF) ao longo do tempo”, afirmaram os analistas. Por isso, eles projetam um rendimento do FCF, em média, negativo em 9% entre 2025 e 2027, assumindo que não haverá novos contratos de pré-pagamento.
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Minério de ferro vs. CMIN3
Para o preço das ações, o Morgan Stanley projeta três cenários, em um intervalo em que a ação pode ser cotada de R$ 2,00 a R$ 9,90.
O primeiro deles é o cenário-base, em que o preço-alvo é de R$ 5,30. O banco considera o minério de ferro a US$ 100 a tonelada, em um ambiente de crescimento econômico global — e que sustenta os preços das commodities.
No segundo cenário, o preço-alvo é de R$ 2,00. Nesse caso, a tonelada de minério de ferro é cotada a US$ 81, com o crescimento global em desaceleração e que resulta em uma menor demanda por metais a granel e básicos. Nessa previsão, os Estados Unidos enfrentam uma leve recessão.
O terceiro cenário — e o mais otimista deles — prevê CMIN3 a R$ 9,90, com o minério de ferro a US$ 123 a tonelada e um crescimento econômico global mais forte do que o esperado, impulsionando os preços das commodities para cima. Ainda nesse cenário projetado, a demanda chinesa e europeia por aço surpreende positivamente, causando preços de minério de ferro mais altos a médio e longo prazo.
* Com informações do Money Times
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