A Black Friday já passou, mas ainda é possível encontrar algumas promoções por aí, especialmente na bolsa brasileira. E, para os analistas do JP Morgan, o Banco Inter (INBR32) é um daqueles itens que você deve colocar na sacola.
Em um relatório publicado na última quinta-feira (12), com o título “compre na baixa” — onde, dentre outras coisas, é reiterada a recomendação de compra —, os analistas se debruçam sobre os dados e as perspectivas para o banco digital.
Começando pelo preço de tela, as ações e BDRs (recibos de ações do exterior negociados no Brasil) do Inter acumulam uma forte desvalorização no último mês, com a INTR e o INBR32 recuando 27% e 23,5% no período, respectivamente.
Essa queda poderia ligar um sinal amarelo para os investidores em um primeiro momento, ainda mais se colocar ao lado do desempenho do Ibovespa no mesmo período, que cai 1%.
“É verdade, não é fácil defender ações de crescimento em meio a um cenário de maior custo de capital com volatilidade adicional e preocupações com o ciclo de crédito”, dizem os analistas do JP Morgan.
“Ainda assim, a empresa passou por mudanças importantes, como a estratégia de hedge ativa e reprecificação de produtos, e acreditamos que está melhor posicionada para navegar neste ciclo.”.
Com isso, a expectativa do JP Morgan é de uma valorização dos BDRs da ordem de 55%, com o preço-alvo de R$ 42,00 para o fim de 2025, o que faria o Inter ser negociado a uma relação de 8,1 vezes preço sobre lucros (P/L).
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O modelo do Inter (INTBR32) para navegar pela crise
O banco digital atingiu a marca de 30 milhões de clientes em 2023 e vem mantendo um patamar parecido desde então.
A plataforma do Inter oferece desde operações bancárias até contas globais e serviços de marketplace, com uma base de depósitos sólida e barata, na visão do JP Morgan.
Um dos pontos que os analistas ressaltam no relatório é a melhora contínua do retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do Inter. Ainda que a projeção (guidance) da fintech seja de um ROE de 30% até 2027 — meta considerada ousada pelo JP Morgan —, o valor mais factível para o indicador é de algo em torno de 20%.
Ainda, o JP Morgan acredita na tese de vantagens de custos dos bancos digitais em comparação às instituições tradicionais. “Embora mantenhamos uma abordagem conservadora, acreditamos que a correção atual com a empresa negociando a 10 vezes os lucros esperados para 2025 fornece um bom ponto de entrada”, diz o relatório.
Esses resultados devem se sustentar pela expansão da margem líquida de juros (NIM), de 7,5% para 8,0% na comparação anual, além de um crescimento acelerado na concessão de crédito. Para os analistas do JP Morgan, os empréstimos devem crescer 23% (ex-contas a receber), contra as projeções do Inter de ampliação de 30% a 35%.
Especialmente produtos como crédito com garantia do FGTS devem continuar crescendo acima de 30% — no terceiro trimestre de 2024, esse segmento avançou 77% na comparação anual.
Além disso, produtos relacionados ao PIX devem continuar sua expansão, após crescerem 52% do segundo para o terceiro trimestre. Dessa forma, o segmento de cartões e empréstimos pessoais também deve avançar cerca de 30%.
O segmento de pequenas e médias empresas (PME) e agro somados deve crescer algo em torno de 20%, em especial porque a carteira do último será descontinuada.
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Visão conservadora para o futuro
Ainda que o Inter tenha uma série de predicados positivos, o JP Morgan entende que a intenção da fintech de entrar no ramo de empréstimos pessoais sem garantia precisa ganhar alguma confiança.
Vale lembrar que os empréstimos com garantia, como consignados ou garantidos pelo saldo do FGTS, são uma das formas das instituições financeiras se protegerem de eventuais calotes.
Assim, o JP Morgan estima um crescimento de 6% no custo de risco para 2025, acima do guidance do Inter de um aumento entre 5,0% e 5,5%.
“Dado o crescimento mais rápido do PIX, cartões de crédito e incertezas macroeconômicas, acreditamos que o custo do risco, que tem estado relativamente estável recentemente, deve subir”, dizem os analistas.
Os riscos de baixa incluem:uma diminuição no número de clientes ativos devido a uma piora na qualidade do serviço e uma dificuldade em materializar o ganho de eficiência em um curto espaço de tempo — isto é, transformar isso em resultados no balanço.
Também podem influenciar negativamente no resultado do banco os custos legais mais altos devido ao aumento das provisões para ações judiciais, além do gasto com segurança de dados dos clientes e a aceleração da competição no ramo bancário no Brasil.
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