De statement piece das culturas marginalizadas a objeto de desejo dos mais exigentes, os bonés se tornaram acessório essencial ao closet moderno. Marcas de luxo como Louis Vuitton e Gucci já incorporaram a peça a seus catálogos, espelhando-se em Balenciaga, Off-White e outras labels mais inovadoras.
Incursões mais recentes da peça no alto luxo incluem o inverno 2025 da Fendi, por exemplo, quando ela vem incorporada ao preppy com padronagem quadriculada nas passarelas da Semana de Moda Masculina de Milão. Na mesma temporada, a moda esportiva reinventada da Martine Rose também viu bonés na passarela. Para 2026, quem renovou a aposta foi a Gucci, com a peça coberta por um lenço no desfile do último mês de fevereiro, também em Milão.
Esse movimento, porém, não é de hoje.
“Desde a antiguidade, o homem buscou se diferenciar dos demais por vaidade e demonstração de poder”, conta o consultor de imagem e estilo Rafael Flumingam, que cita as expressões radicais contra o sistema no pós-segunda guerra como um ponto de transformação do comportamento.
- LEIA MAIS: Quer receber outras tendências de comportamento e consumo em uma newsletter especial de sábado do Lifestyle do Seu Dinheiro? Clique aqui
“Anos mais tarde, em decorrência desses movimentos, o hip-hop surge em Nova York e ganha influência mundial”, lembra Flumingam. “O mercado percebe a necessidade de considerar esse novo consumidor, mais jovem e mente aberta, que luta por representatividade e diversidade”.
E é aí que o boné, associado às classes trabalhadoras e ao esporte, entra de vez na mira do luxo. A crescente influência do streetwear, com suas raízes na cultura urbana e na expressão individual, desafia convenções e redefine códigos de estilo.
- LEIA TAMBÉM: As 10 celebridades bilionárias mais ricas de 2025, segundo a Forbes
O efeito Virgil e o boné no luxo dos anos 2020
Da nova procura surge uma nova oferta e as colaborações estratégicas entre marcas de luxo e streetwear começam a ganhar força, fomentando um intercâmbio em meio a uma cultura digital capaz de dar poder de consumo e voz ativa ao público jovem. O auge desse movimento, conta Flumingam, foi a nomeação de Virgil Abloh como diretor criativo da Louis Vuitton, primeiro estilista negro a ser contratado pelo grupo LVMH.

Abloh abriu caminho na moda global e no alto luxo da tradição francesa para uma visão mais variada e inclusiva, que considerava elementos do street em suas criações. E mostrou resultado: menos de um ano após sua nomeação, o primeiro trimestre de 2019 da LVMH superaria em 16% os números do ano anterior, içado, principalmente, por um resultado excepcional da Vuitton.
“Vale lembrar que cada marca, por mais que incorpore elementos e conceitos do streetwear, busca manter um DNA próprio, que mantenha a autenticidade da grife, porém com um olhar voltado para o futuro”, completa Flumingam.
E aí vem o efeito Virgil: ainda que não tenha sido o primeiro a incorporar os bonés ao luxo, ele o faz sob a perspectiva de integrar ruas e passarelas sem afetação e acaba por definir esse aspecto tão fundamental da moda da última década.
Os bonés chegariam a 2020 já no catálogo de grandes casas. E ganhariam até mesmo um aliado inesperado nas telas, com a alta popularidade de Succession – o The Guardian sugeriu em 2021 que a estrela da terceira temporada do drama da HBO talvez tenha ajudado a impulsionar em 45% as vendas de modelos de luxo e sem logo, como usado na série.

Dois anos depois, foi a vez do chino cap da Ralph Lauren virar febre em 2023, sendo listado pela Lyst Index como um dos produtos de luxo mais procurados naquele ano, ao lado dos modelos igualmente luxuosos da Loro Piana.
- LEIA TAMBÉM: ‘Ruptura’: como sucesso da série pode salvar Apple TV+ de perda anual de US$ 1 bilhão
Hoje, Flumingam destaca além dos modelos baseball cap, o bucket hat e os de estilo western, resultado do efeito Cowboy Carter, o álbum country de Beyoncé, entre os chapéus que têm entrado no radar da alta moda recentemente.
Aos adeptos do estilo, e também aos novatos, selecionamos os 10 bonés mais requisitados e estilosos das marcas de luxo.
Prada
Com design esportivo, o baseball cap da Prada é feito em Re-Nylon, fio de nylon regenerado obtido a partir de materiais plásticos coletados do oceano. Com detalhes em couro, o boné é decorado com o icônico logotipo da marca em metal esmaltado. Preço: R$ 4.550, na Prada

Foto: Divulgação/Prada
Louis Vuitton
Confeccionado em uma sofisticada mescla de lã e couro, o modelo da Louis Vuitton apresenta as iniciais da marca na padronagem desta temporada. Versátil e elegante, a peça leva um novo mood ao clássico baseball cap. Preço: R$ 4.900, na Louis Vuitton

Foto: Divulgação/Louis Vuitton
Diesel
No modelo da Diesel, destaca-se a presença do logo da marca, o famoso Oval D, apresentado em placa de metal. A peça, outro exemplo do baseball cap, é confeccionada em algodão com efeito desgastado. Preço: R$ 1.421, na Farfetch

Foto: Divulgação/Diesel
Balenciaga
Com o design desconstruído típico da marca, o modelo da Balenciaga inspira-se nos campaign hat, bonés usados para expressar mensagens político-partidárias. Confeccionado em algodão e sarja, a peça com efeito desgastado destaca uma das versões do logo da grife. Preço: R$ 5.066, na Farfetch

Foto: Divulgação/Balenciaga
Burberry
Produzido na Itália em mescla de algodão, o modelo da Burberry leva a icônica estampa xadrez da marca, a Burberry Check. Levando sofisticação ao clássico baseball cap, está a estampa do Equestrian Knight Design, logotipo da grife criado em 1901. Preço: R$ 2.260, na Farfetch

Foto: Divulgação/Burberry
Fendi
Confeccionado em algodão e linho, o modelo da Fendi leva o logotipo da marca em efeito patchwork. Com aba semi-rígida, o baseball cap conta com pespontos por toda a peça, técnica de costura que visa deixar visível a linha de costura. Preço: R$ 5.590, na Farfetch

Foto: Divulgação/Fendi
Gucci
A estampa clássica da marca é a protagonista desta releitura da Gucci para o baseball cap. Feito na Itália em algodão, viscose e poliéster, o boné também destaca as faixas verde e vermelha, símbolo da maison. Preço: R$ 3.290, na Farfetch

Foto: Divulgação/Gucci
Ralph Lauren
O mood norte-americano do trucker cap reina no modelo da Ralph Lauren, que estampa seu logo em um patch bordado em ponto corrente. Acompanhado do nome da marca está a inscrição Dry Goods and Supplies, que confere um visual vintage à peça feita em veludo cotelê. Preço: R$ 650, na Ralph Lauren

Foto: Divulgação/Ralph Lauren
Dolce & Gabbana
A estampa de corações por toda a peça dá um ar descontraído ao modelo da Dolce & Gabbana. Ideal para um look divertido, o boné produzido na Itália é mais uma releitura do baseball cap. O logo da marca aparece em tipografia semelhante à usada pela street art, mais uma referência aos elementos da moda urbana. Preço: R$ 2.450, na Farfetch

Foto: Divulgação/Dolce & Gabbana
Givenchy
Produzido na Itália em jacquard, o modelo da Givenchy estampa o monograma da grife por toda sua extensão. Na aba curva, típica do baseball cap, o logo da marca aparece em um delicado bordado. Preço: R$ 3.905, na Farfetch

Foto: Divulgação/Givenchy
Bônus: Misci
Nosso representante brasileiro na lista, o boné Mátria Brasil virou um queridinho da marca de Airon Martin. Apresentado em 2022, ele acabaria sendo usado por personalidades como Rosalía e Harry Styles em suas passagens pelo Brasil. Sua mensagem, carregada de política, integra uma coleção que homenageia as mães solo brasileiras enquanto busca resgate de símbolos nacionais. Preço: R$ 290, na Misci

Foto: Divulgação/Misci
The post Cobertura de grife: os 10 bonés mais desejados das marcas de luxo appeared first on Seu Dinheiro.