O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, disse que o grupo mais radical ouvido pelo então chefe do Poder Executivo defendeu o emprego dos Colecionadores, Atiradores desportivos e Caçadores (CACs) como “tropa civil” em caso de um golpe de Estado.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes derrubou, nesta quarta-feira (19/2), o sigilo do acordo de delação premiada de Cid, assinado em 28 de agosto de 2023.
A quebra de sigilo ocorre um dia após o ex-presidente e outras 33 pessoas serem denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Conforme Cid, os integrantes desse grupo radicalizado “entendiam que os CACs apoiariam o ex-presidente em uma tomada de decisão, como um tropa civil em caso de um Golpe”.
Cid ainda afirmou que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) “tinha mais contato” com os CACs.
Esse grupo de radicais era a favor de um braço armado e queria que Bolsonaro assinasse o decreto para declarar estado de sítio no país. Segundo Cid, eles acreditavam que, “quando o presidente desse a ordem, ele teria apoio do povo e dos CACs”. Esse era o mesmo grupo que, relatou Cid, “romantizava” o artigo 142 da Constituição Federal.
O grupo dos radicais era composto por Onyx Lorenzoni, Jorge Seiff, Gilson Machado, Magno Malta, Eduardo Bolsonaro, general Mario Fernandes e Michelle Bolsonaro, que “instigavam o ex-presidente a dar um golpe de Estado”, de acordo com o delator.
Bolsonaro era cercado por “conservadores”, “moderados” e “radicais”
Ao longo dos quatro anos do governo Bolsonaro (2019-2022), foi promovida uma flexibilizações nas normas para emissão do porte de armas.