O presidente chinês, Xi Jinping, pediu, nesta sexta-feira (11/4), que a União Europeia resista com Pequim à guerra comercial de Donald Trump, que mantém os mercados de ações em um estado de grande volatilidade.
“A China e a UE devem assumir suas responsabilidades internacionais, proteger conjuntamente a globalização econômica e o ambiente comercial internacional, e resistir juntas a qualquer coerção unilateral”, declarou Xi em Pequim, durante um encontro com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
Após a reviravolta espetacular na quarta-feira (9/4), o imprevisível presidente dos Estados Unidos mais uma vez defendeu, em Washington, sua ofensiva sobre as tarifas alfandegárias, que visa trazer a produção industrial de volta aos Estados Unidos, assegurando que isso era “uma coisa boa”.
O presidente francês, Emmanuel Macron, alertou, também nesta sexta-feira, em uma mensagem postada no X, que a redução das tarifas dos EUA para 10% era “uma pausa frágil” e que “com a Comissão Europeia, devemos nos mostrar fortes: a Europa precisa continuar a trabalhar com todas as respostas necessárias”.
No entanto, diante da incerteza gerada pela política de Donald Trump e do aumento da tensão sino-americana, os mercados financeiros continuavam a oscilar.
Seguindo o exemplo de Wall Street, o índice de Tóquio caiu 3,37% pela manhã, e o índice de Seul perdeu 0,64%. Wall Street havia terminado em queda acentuada na quinta-feira, com o Dow Jones perdendo 2,50% e o índice Nasdaq 4,31%.
Após uma abertura em baixa, as bolsas chinesas, no entanto, mudaram para o lado positivo, com o índice de Xangai subindo 0,75%.
Na Europa, espera-se que os mercados de ações abram com leves ganhos nesta sexta-feira, após uma semana de grandes flutuações. Os contratos futuros do CAC 40 em Paris subiam 1,06%, cerca de quarenta minutos antes do início da sessão. No dia anterior, o índice parisiense havia encerrado com alta de 3,83%.
Outros índices europeus também devem apresentar alta, como Frankfurt (+1,04%), Londres (+1,01%) e Milão (+1,04%).
As bolsas reagiram positivamente após o anúncio de Donald Trump na quarta-feira, de um congelamento de 90 dias nas sobretaxas punitivas que ele havia imposto a 60 parceiros comerciais, para permitir a conclusão das negociações com Washington.
No entanto, os Estados Unidos mantêm desde o início de abril tarifas mínimas de 10% e sobretaxas de 25% sobre aço, alumínio e automóveis, principalmente contra a UE.
“Muito inteligente”
O caso da China, que foi atingida por uma sobretaxa monumental de 145%, também assusta os investidores.
A União Europeia, por sua vez, suspendeu sua resposta, algo que Donald Trump considerou “muito inteligente”.
Mas, se as negociações com os Estados Unidos falharem, a Comissão Europeia poderá taxar as grandes empresas de tecnologia dos EUA, que agora são apoiadoras de Donald Trump, ameaçou sua presidente, Ursula von der Leyen.
“Há uma ampla gama de contramedidas”, disse ela ao jornal Financial Times, citando “uma taxa sobre a receita de publicidade dos serviços digitais” e o uso do “instrumento anti coerção”, apelidado de “bazuca”, pensado como uma ferramenta de dissuasão.
Trump, que está alterando a ordem econômica internacional, mostrou-se tranquilo na quinta-feira, afirmando que “a transição terá um custo e trará problemas”, mas que, no final, “será uma coisa boa”.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou não ver “nada de incomum hoje” nos mercados, enquanto legisladores democratas sugeriram que o presidente republicano pode ter manipulado ilegalmente os mercados ao incentivar a compra de ações pouco antes de sua reviravolta na quarta-feira. Os democratas suspeitam de uso de informação privilegiada.
Enquanto o restante do mundo respira mais aliviado, o ex-magnata imobiliário foca no rival chinês.
“Lutar até o fim”
Isolada diante da administração Trump, a segunda maior economia do mundo, que os Estados Unidos consideram responsável por uma grave crise de saúde pública relacionada a opioides nos EUA, prometeu “lutar até o fim”.
“A porta está aberta para negociações, mas esse diálogo deve ser conduzido em igualdade de condições e baseado no respeito mútuo”, ponderou, no entanto, o ministério chinês do Comércio.
Outros países asiáticos – muito dependentes das exportações para os Estados Unidos – têm se mantido em silêncio. Países como o Vietnã e o Camboja, produtores de têxteis e membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), disseram que não tomariam medidas de retaliação.
Nessa quinta-feira (10/4), o presidente americano voltou a ameaçar o México com novas medidas.
Com suas tarifas de importação, Donald Trump acredita ter encontrado a fórmula para relocalizar a produção industrial nos Estados Unidos, que ele considera vítima dos males da globalização. Ele pretende, assim, arrecadar tarifas e pressionar seus parceiros a importar mais bens.
Mas, segundo o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, os países que comercializam com os Estados Unidos não sabem “como negociar”, pois “não há uma teoria econômica por trás do que ele [Donald Trump] está fazendo”.
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