O traficante Fhillip da Silva Gregório, conhecido como Professor, morreu na noite deste domingo (1º/6), no Rio de Janeiro, após ser baleado na cabeça. Segundo a Polícia Militar, ele foi levado gravemente ferido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Del Castilho, na Zona Norte da cidade, mas já chegou sem vida. A identidade foi confirmada por sua companheira e pelo advogado que o acompanhavam.
Professor era um dos principais nomes da alta cúpula do Comando Vermelho (CV) e estava foragido desde 2018, quando escapou do sistema prisional. Com 65 anotações criminais, era investigado por tráfico internacional de armas e drogas, e sua morte ocorre enquanto ele era alvo de apurações da Polícia Federal por ligações com fornecedores estrangeiros e contatos com agentes públicos.
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A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga as circunstâncias da morte. Até o momento, não há confirmação se o caso se trata de uma execução por rivais, confronto com forças de segurança, ou outra motivação.
Influência no tráfico e conexões internacionais
Nos últimos anos, Professor se tornou uma figura importante dentro da estrutura do Comando Vermelho. Além de controlar o tráfico na Favela da Fazendinha, no Complexo do Alemão, também atuava na logística de armamentos da facção, com negociações que se estendiam ao Paraguai, Colômbia, Peru, Bolívia e até países da Europa.
Segundo relatórios da Operação Dakovo, da Polícia Federal, o traficante era o principal responsável por intermediar a compra de fuzis e munições que abasteciam as principais comunidades dominadas pela facção no Rio.
Relação com policiais
Em abril, o nome de Professor ganhou destaque após a revelação de mensagens interceptadas pela PF com autorização judicial. Em conversas com policiais militares, ele orientava sobre operações nas favelas, negociava a retirada de blindados e falava em “deixar o morro andar” em troca de acordos com a corporação.
Em um dos trechos divulgados, Professor afirma: “Tenho a força. Ninguém tem mais soldado e fuzil que eu na facção. Mas nem por isso fico de arrogância.”
Essas conversas embasaram denúncias contra 28 pessoas, incluindo policiais, na investigação que revelou o envio de mais de 43 mil armas do Paraguai ao Brasil, com destino a facções criminosas.
Cirurgia estética
Nos últimos três anos, o traficante quase não deixava o Complexo do Alemão. Segundo apurações policiais, para evitar ser reconhecido, passou por implantes capilares, tratamentos dentários e lipoaspiração realizados em consultórios clandestinos na própria comunidade.
Com alto poder de articulação, era considerado o terceiro nome mais influente do CV fora do sistema penitenciário. Apesar de mandados de prisão em aberto e intensa investigação, ele não havia sido capturado.