Já é fato que a inteligência artificial (IA) invadiu a vida das pessoas. Seja nos aplicativos de celular, na arte ou no trabalho, não há como escapar da mais recente onda tecnológica que promete mais rapidez e eficiência na resolução de problemas complexos. Mas e nos investimentos, as IAs realmente podem escolher qual é a melhor ação para o seu portfólio?
Para a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), a resposta não é um simples “sim” ou “não”.
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A entidade civil, que procura regular a atividade dos analistas no Brasil, divulgou uma nova diretriz sobre o uso de inteligência artificial na análise de valores mobiliários. O documento reconhece o potencial da tecnologia, mas estabelece parâmetros claros para garantir um uso responsável e seguro.
Afinal, em um mercado cada vez mais competitivo, a tecnologia se tornou essencial. Com o volume crescente de dados disponíveis, a inteligência artificial tem sido uma aliada poderosa dos analistas, ajudando a organizar e processar informações em uma escala sem precedentes.
A Apimec reconhece esse avanço, mas estabelece a linha vermelha na análise e decisão final das recomendações de investimento.
“A IA não deve ser usada para gerar recomendações automáticas ou relatórios sem supervisão humana”, afirma em nota Bruno dos Santos Fernandes, superintendente de autorregulação da Apimec.
“A verificação dos dados por um analista é essencial para assegurar a confiabilidade e a transparência das informações”, acrescenta.
Os limites da IA
Para garantir o equilíbrio entre eficiência, qualidade e expertise profissional dos analistas, a entidade recomenda alguns cuidados.
Um dos principais pontos é a proteção dos dados, garantindo conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e preservando a privacidade das informações.
Outro aspecto fundamental é que toda informação processada por IA precisa passar pelo crivo de um analista, assegurando que as fontes sejam confiáveis, atualizadas e alinhadas com as diretrizes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Além disso, as empresas devem implementar protocolos internos, revisões periódicas e diretrizes claras para o uso da tecnologia. E, claro, investir na capacitação contínua dos profissionais para acompanhar a evolução dos sistemas de IA.
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Riscos do uso sem supervisão humana
O uso desregulado da inteligência artificial também apresenta riscos. Um dos mais conhecidos é o fenômeno das “alucinações” — quando a IA gera informações falsas ou imprecisas como se fossem verdadeiras.
Isso acontece quando o sistema cruza dados incorretos, incompletos ou não relacionados, resultando em respostas equivocadas.
Outro problema é a superficialidade das respostas, já que sem um profissional para orientar os comandos e avaliar os resultados, a IA pode produzir análises genéricas e pouco aprofundadas.
Com a evolução da tecnologia, a tendência é que esses problemas diminuam e a qualidade das respostas melhore. Mas, por enquanto, a Apimec mantém uma posição firme.
“O julgamento crítico e a expertise dos analistas são insubstituíveis, sendo de responsabilidade desses profissionais a análise final e a recomendação”, reforça Fernandes.
Adoção na prática
A diretriz divulgada agora chega em um momento em que a inteligência artificial já faz parte do mercado financeiro.
Segundo o relatório State of AI in Financial Services, da Nvidia, 52% das empresas do setor já integram a tecnologia em seus processos.
Além dos analistas que adotam IA de forma independente, grandes instituições como a XP e o BTG Pactual já utilizam a ferramenta em diversos serviços, indo além do simples uso de um chatbot como o ChatGPT.
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