José disse que estava determinado a começar a fazer dieta na última terça-feira, mas lembrou-se que era véspera de feriado. E véspera de feriado infelizmente combina com burguinho e fritas de noite.
O jeito seria começar a dieta na quarta-feira, mas como no feriado sempre dá vontade de comer alguma coisa gostosa, o plano foi adiado mais uma vez.
“Bom, melhor deixar para começar na quinta, então”, pensou ele. Mas logo lembrou que quinta é o dia de happy hour da firma, e para a sua “tristeza”, teria que adiar o plano novamente.
A solução seria começar hoje, então. Mas convenhamos que é impossível começar uma dieta em plena sexta-feira, né?
Pois fique tranquilo José, porque logo a semana que vem chegará para você encontrar novas desculpas.
Mestre da procrastinação
Como você já percebeu, José é mestre quando o assunto é procrastinação, mas ele encontrou um páreo duro recentemente.
Mais uma semana está terminando sem qualquer anúncio de corte de gastos pelo governo, que preferiu deixar a decisão para depois do G20, depois de já ter adiado a decisão para depois das eleições…
O problema é que logo depois do G20 tivemos o dia da Consciência Negra, e não pega bem fazer um anúncio tão importante no feriado.
A solução seria deixar para a quinta-feira, mas na volta do feriado sempre dá uma moleza né? Sem contar que quinta-feira já é quase sexta, que por sua vez já é quase fim de semana. “Melhor deixar para a semana que vem”.
Tudo isso é, obviamente, uma brincadeira. Mas infelizmente não está tão distante do que temos testemunhado nos últimos meses.
Todas as desculpas possíveis têm sido utilizadas para o adiamento do início da “dieta de gastos”, e o mercado está cada vez mais cético com o assunto.
Aliás, o Morgan Stanley, um dos bancos de investimentos mais respeitados do mundo, rebaixou as ações brasileiras para underweight nesta semana, o que significa que ele espera um “desempenho abaixo da média”. O motivo (adivinhe) é o sufoco fiscal.
- Leia também: Na lista dos melhores ativos: a estratégia ganha-ganha desta empresa fora do radar que pode trazer boa valorização para as ações
Bolsa está barata, mas não vai subir sozinha
As ações brasileiras estão negociando por múltiplos que não víamos há muitos e muitos anos, mesmo com resultados corporativos evoluindo bem nos dois últimos trimestres.
Isso significa que elas estão baratas, e qualquer anúncio de corte de gastos minimamente satisfatório, que reduza um pouco os riscos, os juros e o dólar, deveria fazer a bolsa engatar um forte rali de fim de ano.
Apenas como curiosidade, algumas semanas atrás o research do BTG disse que enxergava o Ibovespa acima de 150 mil pontos com uma redução dos riscos fiscais. Isso significaria uma alta de 18% para o índice da bolsa, e muito mais do que isso para as ações domésticas.
O problema é que com toda essa procrastinação já estamos chegando perto do Natal, e aí você já sabe, né? É capaz de ficar só para depois do Carnaval…
Enquanto o anúncio não acontece, eu gosto da ideia de ter algumas boas pagadoras de dividendos na carteira. Elas são sólidas o bastante para atravessar esse período de espera sem grandes sofrimentos, ao mesmo tempo que devem se aproveitar do rali de fim de ano caso, finalmente, tenhamos alguma novidade.
Se quiser conferir uma lista gratuita com 5 ótimas pagadoras de dividendos, deixo aqui o convite.
Um abraço e até a próxima semana,
Ruy
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