Antes das manchetes bilionárias, dos gráficos frenéticos e das fortunas… tudo começou com duas pizzas. Há 15 anos, no dia 22 de maio, o que parecia apenas um lanche casual virou um marco histórico nas finanças digitais. Foi nessa data que um programador norte-americano pagou 10 mil bitcoins (BTC) por duas pizzas — na primeira transação comercial já registrada com criptomoedas.
Valor que, no pico histórico do bitcoin atingido na quarta-feira (21) — US$ 109,7 mil, em janeiro de 2025 — seria equivalente a cerca de US$ 1,09 bilhão, ou R$ 6,18 bilhões.
Hoje, o dia é conhecido no mercado cripto como o Bitcoin Pizza Day.
O protagonista da história foi o programador Laszlo Hanyecz, um dos primeiros entusiastas da criptomoeda, que em 2010 publicou sua oferta em um fórum online: 10 mil BTC em troca da entrega de duas pizzas.
A proposta foi aceita por outro usuário e a transação, concluída — sem drama, arrependimento nem glamour. Há 15 anos, o bitcoin valia cerca de US$ 0,007 — o equivalente a R$ 0,039. Ou seja, Laszlo desembolsou cerca de US$ 70 pela compra.
O programador, aliás, nunca demonstrou remorso. Pelo contrário: em diversas ocasiões, levou a situação com bom humor. Afinal, como um dos primeiros investidores de bitcoin, ele viu seus aportes renderem.
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O começo de tudo
O bitcoin foi oficialmente lançado em 3 de janeiro de 2009, em um contexto ainda marcado pelas cicatrizes da crise financeira de 2008.
A criação é atribuída à figura anônima de Satoshi Nakamoto — potencialmente uma das pessoas mais ricas do mundo, cuja identidade permanece desconhecida. Não se sabe se o nome representa uma pessoa ou um grupo, nem sua nacionalidade, tampouco o gênero.
Desde então, stablecoins, altcoins e até moedas digitais de bancos centrais (as chamadas CBDCs), como o Drex brasileiro, nasceram da tecnologia inaugurada por Nakamoto.
Meses antes do lançamento oficial do BTC, o desenvolvedor misterioso publicou um white paper em uma lista de e-mails sobre criptografia. O documento, intitulado “Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System”, apresentou ao mundo o conceito de blockchain, a base para o ecossistema de finanças descentralizadas (DeFi) que conhecemos hoje.
Nakamoto trabalhou no software do bitcoin até 2010 — o mesmo ano da famosa compra das pizzas — antes de delegar o projeto a outros desenvolvedores.
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Das pizzas aos US$ 100 mil
Desde seus primeiros blocos em 2009 e a transação histórica em 2010, o bitcoin — e o mercado cripto como um todo — passou por transformações profundas. De um experimento de nicho, tornou-se um ativo global, atravessando ciclos de alta e baixa, até chegar a 2025 como um componente relevante (e arriscado) na carteira de muitos investidores.
Somente em 2024, o mercado global de criptomoedas cresceu 117%, segundo o CoinMarketCap, ultrapassando os US$ 3,5 trilhões. O bitcoin, que representa cerca de 57% desse total, valorizou 140% no período, rompendo a marca simbólica dos US$ 100 mil.
Enquanto alguns analistas apontam para o início de uma nova era de ouro para o BTC, outros chegam a acreditar que ele pode, um dia, superar o valor de mercado do próprio ouro como reserva de valor.
Um mercado mais diversificado, a chegada de ETFs e a crescente institucionalização — impulsionada também pelo governo de Donald Trump — catapultaram o bitcoin a novos patamares. Em janeiro de 2025, a criptomoeda atingiu sua máxima histórica: US$ 109 mil, no dia da posse presidencial de Trump.
No entanto, a volatilidade continua sendo uma característica marcante do setor.
Em meio às incertezas macroeconômicas deste ano, o BTC chegou a recuar 30% em relação às máximas. À época, especialistas chegaram a cogitar um novo “inverno cripto”. Dessa vez, no entanto, a recuperação foi rápida.
Hoje, além do Pizza Day, os investidores comemoram os novos recordes, com o criptoativo sendo negociado em torno de US$ 108 mil. Durante o período de baixa, analistas do BTG Pactual destacaram a resiliência do ativo, que tende a subir em ritmo superior ao restante do mercado e hoje analistas já discutem até onde a criptomoeda deve crescer em 2025.
No entanto, a volatilidade e os riscos macroeconômicos seguem como pontos de atenção e reforçam o conselho que nunca sai de moda entre os especialistas: alocar em criptoativos com responsabilidade e em quantidades estratégicas.
Afinal, os mesmos 10 mil bitcoins que um dia pagaram duas pizzas hoje valeriam bilhões, mas o mercado de criptomoedas, como o próprio BTC provou, sempre pode surpreender.
Feliz Bitcoin Pizza Day!
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