Após um bom mês de janeiro e um 2024 estelar, as criptomoedas inverteram o sentido e amargaram fortes perdas em fevereiro. Com queda superior a 10%, o bitcoin (BTC) teve o pior desempenho do mês entre os principais ativos acompanhados pelo ranking do Seu Dinheiro, enquanto os fundos imobiliários foram os melhores investimentos.
O ouro continuou em boa fase, encerrando o mês como segundo melhor investimento do ranking, seguido do Tesouro Prefixado 2027, título público prefixado de menor prazo dentre os que ainda eram vendidos no Tesouro Direto, mas que teve sua oferta para compra descontinuada durante o mês.
Logo atrás do bitcoin, na lanterna do ranking, vem o Tesouro IPCA+ 2045, mais longo título indexado à inflação sem juros semestrais do Tesouro Direto, seguido do Ibovespa, que fechou fevereiro em baixa de 2,64%, aos 122.799 pontos, após aprofundar suas perdas na última semana.
Veja a seguir o ranking completo dos piores e melhores investimentos do mês:
Melhores investimentos de fevereiro
Investimento | Rentabilidade no mês | Rentabilidade no ano |
---|---|---|
IFIX | 3,34% | 0,17% |
Ouro (GOLD11) | 2,51% | 4,14% |
Tesouro Prefixado 2027 | 1,91% | 3,37% |
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA – Geral)* | 1,41% | 2,99% |
Tesouro IPCA+ 2029 | 1,39% | 1,38% |
Dólar à vista | 1,37% | -4,27% |
CDI* | 1,17% | 2,00% |
Tesouro Prefixado 2031 | 1,14% | 1,65% |
Tesouro Selic 2027 | 1,12% | 2,12% |
Tesouro Selic 2029 | 1,11% | 2,17% |
Poupança antiga** | 0,67% | 1,29% |
Poupança nova** | 0,67% | 1,29% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2035 | 0,52% | -0,25% |
Dólar PTAX | 0,33% | -5,54% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 | -0,08% | -1,88% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 | -0,29% | -2,90% |
Tesouro IPCA+ 2035 | -0,88% | -3,87% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 | -1,47% | -3,74% |
Ibovespa | -2,64% | 2,09% |
Tesouro IPCA+ 2045 | -3,63% | -8,50% |
Bitcoin | -16,34% | -13,30% |
Todos os desempenhos estão cotados em real. A rentabilidade dos títulos públicos considera o preço de compra na manhã da data inicial e o preço de venda na manhã da data final, conforme cálculo do Tesouro Direto.
Fontes: Banco Central, Anbima, Tesouro Direto, Broadcast e Coinbase, Inc..
O que aconteceu com o bitcoin (BTC) em fevereiro?
O pior desempenho do bitcoin (BTC) se concentrou na segunda metade de fevereiro, principalmente na última semana.
As criptomoedas acompanharam as perdas nas bolsas americanas, que fecharam fevereiro em baixa, com o S&P 500 recuando 1,92%, o Nasdaq Composite desabando 4,24%, e o Dow Jones recuando 2,32%.
Tanto as bolsas como as criptos reagiram a falas duras do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de tarifas comerciais, além da divulgação de dados que sugeriam fraqueza na economia americana, mas com inflação persistente.
Trump prometeu anunciar novas tarifas sobre importações em março, acrescentando madeira e produtos florestais ao plano inicial de impor tarifas sobre carros importados, semicondutores e produtos farmacêuticos.
O chefe da Casa Branca também ordenou um estudo para uma possível nova tarifa de importação sobre o cobre, alegando ser uma questão de segurança nacional.
O republicano afirmou ainda que os EUA não dependem do petróleo ou da madeira do Canadá e que as tarifas sobre o país vizinho e o México continuam em pauta.
Lembrando que, na próxima terça-feira (4) entram em vigor as tarifas de 25% para México e Canadá, que haviam sido suspensas, e a possibilidade de tarifa adicional de 10% sobre a China.
Também contribuiu para o sentimento ruim com as criptomoedas um ataque hacker sofrido pela Bybit, segunda maior corretora de criptoativos do mundo em volume negociado, que resultou na perda de aproximadamente US$ 1,4 bilhão em tokens ethereum.
Com tudo isso, o bitcoin chegou a quedas na casa dos dois dígitos, para menos US$ 80 mil nos últimos dias do mês, e fechou o mês em queda de mais de 10% em dólar e mais de 15% em real.
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Com melhora nos juros, FIIs e títulos públicos se recuperam…
A leitura do mercado de que o aperto monetário promovido pelo Banco Central irá desacelerar a economia e a inflação e, com isso, não precisará ser tão intenso quanto o inicialmente esperado levou a um alívio dos juros futuros, notadamente os de prazos mais curtos.
Isso favoreceu a recuperação dos fundos imobiliários, que foram os melhores investimentos de fevereiro após cinco meses de queda do Índice de Fundos Imobiliários (IFIX), uma vez que esta classe de ativos é extremamente sensível à alta de juros.
Também tiveram bom desempenho os títulos públicos prefixados e indexados à inflação de prazos menores, os quais conseguiram terminar o mês no azul — caso do Tesouro Prefixado 2027 e Tesouro IPCA+ 2029, que aparecem nas linhas mais altas do ranking.
Os juros mais longos, no entanto, ainda subiram um pouco, contribuindo para o mau desempenho dos títulos indexados à inflação de longo prazo, como o Tesouro IPCA+ 2045.
Lembre-se de que os preços dos títulos pré e IPCA+ recuam no mercado quando suas taxas sobem, impulsionadas pela alta dos juros futuros no vencimento correspondente.
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…mas Ibovespa não decola
Essa melhora de sentimento refletida nas curvas de juros, no entanto, não foi suficiente para o Ibovespa fechar o mês em alta e repetir o desempenho positivo de janeiro.
Na verdade, o principal índice de ações da B3 se saiu bem na primeira quinzena de fevereiro, mas passou a degringolar a partir da segunda metade do mês, afundando um pouco mais no último pregão.
Movimento semelhante foi visto no dólar, que manteve o movimento de baixa na primeira metade de fevereiro, mas voltou a subir na segunda quinzena, terminando o mês em alta de 1,37% na cotação à vista, a R$ 5,92.
O desempenho em parte refletiu o movimento de queda nas bolsas americanas e de fortalecimento global do dólar com a política tarifária dura de Trump e a perspectiva de juros elevados nos EUA por mais tempo.
No entanto, o cenário doméstico contou com os seus próprios fantasmas. O Ibovespa reagiu negativamente aos resultados da Petrobras (PETR4), uma das ações de maior peso no índice, que reportou um prejuízo inesperado no quarto trimestre, além de um volume de investimentos acima do projetado pelo mercado.
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Mês termina com indicação negativa para os ativos de risco brasileiros em março
Mas a pá de cal mesmo veio no último dia de fevereiro, quando o governo anunciou a deputada Gleisi Hoffmann, presidente do PT, para o cargo de ministra de Relações Institucionais (SRI).
Pertencente à área mais ideológica do partido e avessa a medidas de ajuste fiscal, Gleisi ficará responsável pela articulação política do governo, no lugar de Alexandre Padilha, que vai para o Ministério da Saúde.
A decisão do presidente Lula foi uma reviravolta, já que o mundo da política dava como certo que Gleisi assumiria a Secretaria-Geral da Presidência.
Na visão do mercado, a indicação da Gleisi pode dificultar o andamento das pautas do governo no Congresso, uma vez que a deputada é conhecida pelo perfil combativo, enquanto a área exigiria um perfil de negociação mais flexível. Além disso, ela expôs em vários momentos divergências com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O anúncio caiu como uma bomba sobre o mercado brasileiro na última sexta-feira (28), derrubando a bolsa e levando os juros futuros e o dólar para cima, o que contrata um início de março negativo para os ativos de risco locais — inclusive aqueles que se saíram bem em fevereiro.
Outro fator que pressionou o câmbio foi a discussão entre Donald Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em frente às câmeras e em pleno Salão Oval da Casa Branca, que azedou as negociações para o encerramento da guerra entre a Ucrânia e a Rússia.
Como o dólar reagiu a esses eventos mais para a segunda metade do pregão de sexta, a cotação à vista de fechamento ficou descolada da cotação PTAX da moeda, fechada perto da hora do almoço em R$ 5,85, marcando uma alta de apenas 0,33% na moeda americana no mês.
Maiores altas do Ibovespa em fevereiro
Empresa | Código | Variação |
---|---|---|
Carrefour/ Atacadão | CRFB3 | 17,12% |
Embraer | EMBR3 | 16,78% |
Ambev | ABEV3 | 10,09% |
Cogna | COGN3 | 7,80% |
Eletrobras ON | ELET3 | 5,90% |
Eletrobras PNB | ELET6 | 5,72% |
BB Seguridade | BBSE3 | 4,21% |
Hypera | HYPE3 | 4,21% |
CCR | CCRO3 | 4,19% |
Tim Participações | TIMS3 | 3,99% |
Maiores quedas do Ibovespa em fevereiro
Empresa | Código | Variação |
---|---|---|
Azzas 2154 | AZZA3 | -23,87% |
Vamos | VAMO3 | -21,28% |
Braskem | BRKM5 | -20,56% |
Vivara | VIVA3 | -20,39% |
MRV | MRVE3 | -20,04% |
Brava Energia | BRAV3 | -19,71% |
Automob | AMOB3 | -19,35% |
LWSA | LWSA3 | -18,45% |
BRF | BRFS3 | -18,09% |
Raia Drogasil | RADL3 | -17,59% |
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