A Azul (AZUL4) deu mais um passo para avançar na recuperação judicial (RJ) nos EUA — o temido Chapter 11. Para isso, a aérea informou à corte norte-americana a devolução de mais seis aeronaves e um motor, de acordo com informações do jornal Valor Econômico nesta segunda-feira (16).
Ao todo, a companhia aérea, por meio do processo de reestruturação, pediu a devolução de 17 aviões e oito motores aos proprietários que realizam leasing para a Azul.
Em 29 de maio, a aérea solicitou a devolução de nove unidades do Embraer 190, além de dois Boeing 737 de carga.
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Já no novo pedido, realizado na última sexta-feira (13), a Azul teria solicitado a devolução de três aviões Embraer 190, além de três aeronaves ATR 72-600.
Segundo o Valor, a empresa argumenta que aeronaves estão em condições onerosas de operação no momento.
Por volta de 13h30, as ações AZUL4 subiam 3,03%, cotadas a R$ 1,02. No mesmo horário, o Ibovespa avançava 1,96%, aos 139.900,17 pontos.
Procurada pelo Seu Dinheiro, a Azul disse em nota que não vai comentar sobre o processo de recuperação judicial.
Azul (AZUL4): menos aviões no céu
Um dos pilares do novo plano de negócios da Azul é ter menos aviões voando nos céus nos próximos anos.
Segundo apresentação a agentes do mercado, a aérea quer reduzir em mais de 35% a quantidade de aeronaves da frota futura.
Até então, a companhia previa chegar a 201 aeronaves neste ano e a 218 aviões no fim de 2027. Agora, o plano revisado projeta 170 jatos para 2025 e 172 aeronaves para o fim de 2027.
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Isso permitirá uma diminuição dos investimentos (capex) em manutenção, o que também auxiliará o processo de desalavancagem financeira.
Nas projeções da Azul, o processo Chapter 11 permitirá que a alavancagem, mensurada pela relação entre dívida líquida sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) dos últimos 12 meses caia de 5,1 vezes para 3 vezes.
Para os próximos anos, a aérea prevê que o indicador desacelere para 2,2 vezes em 2026 e para 1,7 vez em 2027.
Por que a Azul entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA?
A decisão da Azul de recorrer ao Chapter 11 ao invés da recuperação judicial em solo brasileiro está relacionada à estrutura internacional de seu endividamento e aos riscos que isso poderia oferecer à continuidade de suas operações.
A escolha da aérea não é tão diferente da feita por pares latino-americanos, como a Gol e a Latam, que também estiveram sob o guarda-chuva americano para se reestruturar após os tombos que as aéreas sofreram na pandemia de covid-19, de acordo com Luís Fernando Guerrero, advogado especialista em recuperação judicial e direito empresarial.
“O judiciário dos EUA é mais amigável a esses processos quando envolvem companhias aéreas, enquanto a legislação brasileira pode impor entraves em pontos-chave para o funcionamento dos negócios da Azul. É uma escolha que foi pensada para manter o funcionamento da Azul da forma mais lisa possível”, explica o advogado ao Seu Dinheiro.
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Um exemplo disso é o processo de leasing — quando há um aluguel de um bem para um utilizador por um período definido —, que é uma prática amplamente utilizada por companhias aéreas para ter acesso a aeronaves, mas que é barrada pela legislação brasileira.
Também há o fator de que a recuperação judicial nos EUA oferece mecanismos mais previsíveis para proteger o patrimônio e maior acesso a credores globais.
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