A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta técnico nesta sexta-feira (29/3) em que amplia a orientação sobre riscos de cremes dentais com fluoreto estanoso. A medida foi tomada após usuários da pasta Colgate Total Clean Mint repercutirem relatos de reações adversas, tais como feridas e queimação na boca.
O alerta da Anvisa agora se aplica a todos os cremes dentais com fluoreto estanoso, componente comum em fórmulas anticárie, mas que era pouco usado nos últimos anos por ter um sabor metálico que precisa de aditivos para ser melhor tolerado.
Para a agência, tanto os relatos oficiais como os observados em redes sociais indicam “um padrão crescente de reações adversas a esses cremes dentais”, afirma o alerta.
Principais sintomas relatados pelo uso de pastas com estanho
- Lesões orais (aftas, feridas e bolhas).
- Outros sintomas (incluindo problemas na língua)
- Sensações dolorosas (dor, ardência, queimação)
- Inchaço (amígdalas, lábios e mucosa oral)
- Sensação de dormência (lábios/boca)
- Irritações gengivais
Dados de cosmetovigilância mostram sintomas variados, como aftas, dormência labial e irritação gengival, com duração que variou de dois dias a cinco meses, em alguns casos durando mesmo após a interrupção do uso.
“Esses sintomas têm impactado a qualidade de vida dos consumidores, resultando em impactos financeiros, afastamento do trabalho, dificuldades para se alimentar e se comunicar, além de sofrimento emocional”, indica o texto.
Interdição de produto é suspensa
Nesta quinta-feira (28/3), a Anvisa interditou lotes do Colgate Total Clean Mint, mas a medida foi suspensa após um recurso da fabricante. Por ora, não há planos da empresa de recolher o creme dental das prateleiras.
Segundo a Colgate, “o produto não oferece riscos à saúde, mas algumas pessoas podem apresentar sensibilidade a ele. Entendemos e reconhecemos que esses casos podem ser um desconforto”.
Estanho na pasta de dente faz mal?
O alerta ampliado da Anvisa, no entanto, vale para todas as pastas com fluoreto estanoso. Especialistas divergem sobre o impacto desse ingrediente na saúde bucal.
O dentista Luiz Eduardo Oliveira, de Brasília, atribui as reações a compostos adjacentes: “O fluoreto estanho é usado desde os anos 1950 e tem sua eficiência comprovada até para ajudar na sensibilidade. Seu problema é que ele tem um gosto, que é bem metálico, então ele é usado juntamente com outros compostos que estabilizam o estanho para perder o gosto de metal. É provável que a reação alérgica que estamos vendo seja em relação a estes compostos”, diz o profissional.
Já a dentista Ianara Pinho aponta que a fórmula pode, sim, ser um gatilho para explicar os crescentes casos por reações alérgicas. “Pacientes apresentam descamação da mucosa, aftas e irritação. Provavelmente são alérgicos à fórmula nova”, explica. Ela ressalta que, embora o componente seja seguro para a maioria, alguns podem desenvolver a sensibilidade relatada.
Orientações para o uso seguro
A agência recomenda que consumidores suspendam o uso ao notar irritação e busquem ajuda médica se os sintomas persistirem. O documento não proíbe os produtos, mas alerta para o monitoramento. Enquanto isso, pacientes sensíveis são aconselhados a optar por alternativas sem o componente.
Aqueles consumidores que sentiram efeitos adversos foram convidados pela Anvisa para que contribuam com os formulários de notificação para detalhar os sintomas. As contribuições podem ser feitas no Limesurvey ou e-Notivisa.
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