Dinheiro na conta com dia marcado e no começo do mês. Esta é a receita da Allos (ALOS3) para tentar convencer mais pequenos investidores a colocarem sua ação na sacola de compras.
Hoje, a administradora de shopping centers que surgiu da união de Aliansce Sonae e brMalls tem cerca de 8% de seus papéis nas mãos de investidores pessoa física, mas acredita que este número pode subir — ainda que não tenha uma meta a ser atingida.
“Temos uma política de pagamentos desde outubro. A cada trimestre, sinalizamos qual vai ser o dividendo dos próximos três meses. Então, para quem quiser aproveitar o dividendo, você já tem a data certinha para os três próximos meses”, explica Daniella Guanabara, diretora Financeira e de Relações com Investidores da Allos, em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro.
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“E temos feito os pagamentos nos primeiros dias úteis de cada mês, que aí serve como complemento de salário para as pessoas”, complementa a CFO.
Há um mês, por exemplo, a companhia anunciou o pagamento de R$ 153 milhões em proventos aos seus acionistas, incluindo juros sobre capital próprio (JCP) e dividendos intercalares.
“Desde que fizemos a combinação de negócios [da Aliansce Sonae] com a brMalls, ali no começo de 2023, tínhamos um compromisso de sermos mais transparentes e mais consistentes na remuneração ao acionista como um todo. Entre recompra de ações e dividendos, já retornamos ao acionista R$ 2,5 bilhões”, calcula a executiva.
Das 12 casas que cobrem as ações da Allos, 10 têm recomendação de compra —–- incluindo BTG Pactual e Itaú BBA, com preço-alvo de R$ 25, e Santander, que vê a ação chegando a R$ 33,50.
Nesta sexta-feira (11), a ação ALOS3 fechou cotada a R$ 19,75, com valorização de 10,62% no ano e queda de 7,49% em 52 semanas.
Desinvestimentos saem de foco
A Allos entregou resultados acima das expectativas dos principais analistas no 4T24 e no consolidado de 2024, conforme relatórios divulgados em meados de março por BTG Pactual, Itaú BBA, Santander e BB Investimentos.
Quando Aliansce Sonae e brMalls anunciaram sua união, em 2022, tinham juntas 69 shoppings espalhados pelo Brasil, dos quais 10 vendiam mais de R$ 1 bilhão por ano. Hoje, a Allos enxugou seu portfólio para 47 shoppings, e 16 deles já giram mais de R$ 1 bilhão/ano.
E não pense que isso é exclusividade de Rio e São Paulo. Desses 16 shoppings bilionários, destaca Guanabara, três estão na região Norte — dois em Manaus e um em Belém. “É fantástica a diversidade de economia que a gente tem dentro do Brasil”, afirma. Os maiores shoppings da rede, por exemplo, hoje estão em Campinas (SP) e Recife.
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Mesmo com os desinvestimentos pós-sinergia, a Allos tem hoje o maior portfólio de shoppings dentre as companhias listadas no Brasil em termos de área bruta locável.
A fase de desinvestimentos, por sinal, perde força neste ano, conforme a CFO da Allos — tanto por conta das condições macroeconômicas, com juros mais altos, mas também por causa da posição atual da companhia.
“Hoje enxergamos que temos um portfólio mais forte, de shoppings dominantes em suas regiões. E não temos necessidade, do ponto de vista de balanço, de fazer mais desinvestimentos. A gente tem uma posição de caixa bastante confortável”, explica ela.
“Acho que vale a pena esperar para ver se a janela de mercado volta e aí, sim, a gente vai analisar alguma oportunidade.”
Sinergia entre Aliansce Sonae e brMalls na reta final
Daniella Guanabara também diz que os resultados de 2024 “celebram” dois anos da combinação de negócios entre Aliansce Sonae e brMalls, numa sinergia que caminha para a reta final — e sem grandes turbulências.
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“Quando falamos de fusões e aquisições no Brasil, algumas recentes tiveram problemas… Isso é informação pública, a gente vê nos jornais. Então, termos conseguido chegar aqui sem nenhum grande percalço foi muito importante também. E os resultados foram muito consistentes”, comemora a CFO.
O guidance oficial é atingir R$ 210 milhões em sinergias até o quinto ano da fusão. Ao fim de 2024, foram atingidos R$ 134 milhões — indicativo de que a união está nos trilhos.
Neste mês, a Allos entra na fase de virada de sistemas das duas empresas. “Com isso, temos a finalização da integração. E os testes estão apontando que está tudo bem, não deve ser uma questão”, diz Guanabara.
Novas fontes de receita
Uma nova linha de faturamento da Allos tem sido a Helloo, sua empresa de mídia out of home – aquele tipo de publicidade que atinge as pessoas em locais públicos, como em ruas, pontos de ônibus, estações de transporte e, claro, shopping centers.
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“Ela ainda tem muito potencial, porque você pode procurar anunciantes que não sejam do mercado de shopping. Ela não precisa ficar limitada a esse universo. Tem telas, por exemplo, em vários condomínios residenciais”, afirma a executiva. “Por exemplo, em cidades em que os nossos shoppings são muito fortes, a gente pode participar de leilão para mobiliário urbano.”
Segundo a executiva, a Helloo teve um crescimento de 20% em 2024 e já representa 6% da receita do grupo.
Em paralelo à empresa de mídia, a Allos pretende estender seu programa de fidelidade próprio, conforme a CFO. “Hoje ele já está em 11 shoppings e a gente vai esticar para mais de 38.”
Trata-se de um programa próprio, em que o consumidor acumula pontos e troca por benefícios nos shoppings e em varejistas parceiros — como desconto ou isenção no estacionamento, um cafezinho ou um upgrade de produto.
A vantagem, para a Allos, é conseguir com isso coletar dados sobre os clientes e usá-los para vender mídia. “Através do programa de fidelidade, eu consigo entender o comportamento do consumidor”, explica ela. “Eu passo a vender audiência, porque eu sei qual é o público, o perfil do público daquele shopping.”
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