Presos nesta terça-feira (17/6) em um condomínio de luxo em São Carlos, interior paulista, os advogados Hércules Praça Barroso e Fernanda Morales Teixeira Barroso (imagem em destaque) teriam se apropriado de R$ 12 milhões em imóveis das vítimas — como mostra investigação da Polícia Civil.
A mando dos advogados, como indica a investigação, dois pistoleiros mataram o casal de empresários José Eduardo Ometto Pavan, de 69 anos, e Rosana Ferrari, 61, em abril deste ano. A dupla suspeita de executar as vítimas também foi presa nesta terça, na Praia Grande, litoral de São Paulo.
A Delegacia Especializada em Investigações Criminais (Deic) de Piracicaba apurou a conduta dos advogados com os clientes, antes de serem mortos, para os quais os suspeitos advogavam há cerca de dez anos.
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Além dos advogados, mais dois suspeitos foram presos
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Suspeitos teriam falsificado documentos para receber R$ 2,8 milhões das vítimas
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Operação em São Carlos prende advogados suspeitos de terem mandado matar casal de empresários em São Pedro (SP)
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Advgados foram presos em condomínio de luxo
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Operação em São Carlos prende advogados suspeitos de terem mandado matar casal de empresários em São Pedro (SP)
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O casal de empresários José Eduardo Ometto Pavan, de 69 anos, e Rosana Ferrari, de 61, morto em abril deste ano em São Pedro (SP)
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Operação em São Carlos prende advogados suspeitos de terem mandado matar casal de empresários em São Pedro (SP)
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Operação em São Carlos prende advogados suspeitos de terem mandado matar casal de empresários em São Pedro (SP)
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Operação em São Carlos prende advogados suspeitos de terem mandado matar casal de empresários em São Pedro (SP)
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Casal preso teria encomendado morte das vítimas
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Alegando uma “proteção patrimonial”, como mostra a investigação, Hércules e Fernanda se apropriaram de aproximadamente R$ 12 milhões em imóveis das vítimas. Antes disso, receberam R$ 2,8 milhões em depósitos, feitos pelos empresários, decorrentes de despesas processuais inexistentes.
Para ludibriar os clientes, ainda de acordo com a Polícia Civil, os advogados falsificavam guias de recolhimento de custas e despesas processuais, comprovantes de recolhimento e, até, uma decisão judicial, “tudo com o objetivo de obter vantagens ilícitas em prejuízo das vítimas”.
Após a expropriação patrimonial, os suspeitos teriam encomendado o assassinato dos próprios clientes, crime concretizado com a participação direta de dois homens, de 57 e 54 anos, cujos nomes não haviam sido divulgados até a publicação desta reportagem.
Corpos no carro
- Na época do crime, José Eduardo, empresário do agro, e Rosana, dona de uma escola infantil, foram encontrados mortos dentro de uma caminhonete na chácara da família, em São Pedro, também no interior.
- Desde então a Deic de Piracicaba iniciou a investigação, na qual constatou que, no dia do crime, um dos investigados foi visto junto com as vítimas, ainda vivas.
- Após anoitecer, o carro dos empresários foi guiado até uma chácara, pertencente ao casal.
- No veículo estavam os corpos de José Eduardo e Rosana.
O empresário José Eduardo era dono de um sítio no qual produzia-se eucalipto e criava-se gado. Ele era um dos herdeiros da família Ometto Pavan, uma das mais tradicionais do ramo açucareiro no Brasil — responsável pela Usina São Martinho, uma das maiores processadoras de cana-de-açúcar do mundo.
Os advogados foram presos pela manhã, durante cumprimento de mandados no Condomínio Damha II, em um bairro nobre de São Carlos, no âmbito da Operação Jogo Duplo, que contou com apoio de helicóptero da Polícia Civil (veja abaixo). A defesa deles não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestações.
SSP e OAB
Ao Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou que policiais civis da Deic de Piracicaba prenderam quatro pessoas na manhã desta sexta-feira.
“As prisões ocorreram durante a Operação Jogo Duplo, que visou o cumprimento de mandados de busca e apreensão nas cidades de São Carlos e Praia Grande, onde os suspeitos foram localizados”, informou a pasta.
Também em nota à reportagem, 30ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Carlos informou estar acompanhando a diligência da Polícia Civil que resultou na prisão dos dois profissionais.
O órgão representativo ressaltou que, por meio de seu Tribunal de Ética e Disciplina (TED), apura infrações que cheguem ao seu conhecimento, “seja por representação ou por fatos divulgados em canais de comunicação”, disse, acrescentando que, “nesse sentido, a Seccional paulista adotará as medidas de apuração cabíveis junto ao seu Tribunal de Ética e Disciplina”.