Habemus no Vaticano o Novendiali – nove dias de luto e orações – em honra ao Papa Francisco. O rito fúnebre teve início na manhã deste sábado (26) com a Missa de Exéquias, no átrio da Basílica de São Pedro, primeira celebração eucarística após três dias de velório aberto à visitação e homenagens de fiéis católicos ao pontífice argentino.
Ao menos 250 cardeais, além de bispos, padres, irmãs e irmãos religiosos participam da missa de corpo presente. O caixão de madeira e zinco, selado na noite de sexta-feira (25), foi colocado no átrio da Basílica, em frente ao altar.
“Diante dele, uma multidão, que deve chegar a centenas de milhares de pessoas, vindas de todas as origens geográficas, sociais, políticas e culturais, prestará suas últimas homenagens”, destacou a Santa Sé.
“Essa multidão diversificada representa a Igreja de Francisco, aquela que acolhe ‘todos, todos, todos’, como ele repetia incansavelmente”, acrescentou o Vaticano, em comunicado.
A celebração é acompanhada pelo coro da Capela Sistina.
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Após a celebração, o caixão será levado para o interior da Basílica de São Pedro e, de lá, transferido para a Basílica de Santa Maria Maior, onde acontece a cerimônia de sepultamento. O cortejo fúnebre percorrerá uma distância de cerca de 4 quilômetros pelas ruas de Roma.
“Essa jornada permitirá que os fiéis se despeçam de seu bispo por um caminho que ele costumava fazer para rezar diante do ícone da Virgem Salus Populi Romani antes e depois de cada uma de suas viagens apostólicas e, até mesmo, recentemente, após suas internações”, destacou a Santa Sé.
Os nove dias de celebrações eucarísticas em sufrágio do pontífice morto serão marcados por missas no período que se inicia este sábado e segue até 4 de maio, sempre às 17h (horário local), na Basílica de São Pedro, com exceção da Missa da Divina Misericórdia, que será neste domingo (27), às 10h30 (horário local), na Praça de São Pedro.
O Novendiali é encerrado com os ritos da Última Commendatio e da Valedictio, despedidas solenes que marcam o fim das exéquias.
O legado de Francisco
Passava um pouco de 2h35 (pelo horário de Brasília, 7h35 pelo horário local) quando o Vaticano confirmou a morte do Papa Francisco, aos 88 anos. Nascido em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio sofria de uma doença pulmonar crônica e estava internado desde 14 de fevereiro devido a uma crise respiratória.
A causa da morte do pontífice foi oficializada: derrame e subsequente insuficiência cardíaca irreversível, informou o Vaticano em comunicado nesta tarde.
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Dono de uma trajetória marcada pela humildade, Francisco foi eleito papa em março de 2013 em um cenário inédito nos últimos séculos: sucedeu a um sumo pontífice ainda vivo, Bento XVI (1927-2022), que renunciou em um momento de profunda crise na cúpula da igreja.
A escolha de Francisco foi uma quebra de paradigma: ele foi o primeiro comandante da igreja católica de fora da Europa em mais de 1,2 mil anos, o primeiro pontífice das Américas e o primeiro papa jesuíta da história.
Assim como sua trajetória, a escolha do nome foi emblemática — e contou com a ajuda de um brasileiro: foi o primeiro chefe do Vaticano a assumir o nome Francisco em toda a história da Igreja. Fez isso porque o cardeal brasileiro Cláudio Hummes (1934-2022), muito amigo e franciscano, pediu a ele que não se esquecesse dos mais pobres.
E não foi apenas pela quebra de inúmeros paradigmas que a trajetória de Francisco marcou os 12 anos em que esteve no comando da igreja católica. Ele também chamou atenção do mundo com um estilo humilde e preocupação com os pobres.
Ainda assim, não deixou de enfrentar conflitos dentro da própria Igreja Católica ao criticar o capitalismo e adotar um discurso de inclusão da população LGBTQIAPN+.
Sem o papa Francisco: o que acontece agora
Agora que Francisco morreu, a igreja católica entra em período de Sé Vacante.
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Caberá ao camerlengo, cardeal responsável pela administração dos bens e Tesouro do Vaticano, o governo temporário e a transição de poder.
Atualmente, o cargo é ocupado pelo irlandês Kevin Joseph Farrell. Entre outras funções, ele irá organizar o conclave para eleição do novo papa.
E essa escolha terá influência direta das mudanças promovidas por Francisco enquanto esteve no comando da igreja católica.
Desde 7 de dezembro, quando ocorreu o último consistório, o Colégio Cardinalício é composto por 252 membros, dos quais 137 eleitores e 115 não eleitores.
Em dez reuniões do gênero, Francisco nomeou 150 cardeais. Na prática, apenas 2 em cada dez eleitores não devem seu título ao pontífice argentino, o que deve influenciar fortemente sua sucessão.
Hoje, 109 dos futuros eleitores em um eventual conclave terão sido escolhidos por Francisco, 23 por Bento XVI e apenas 5 por João Paulo II.
No conclave que elege o próximo pontífice nem todos os cardeais participam, somente os eleitores, aqueles com menos de 80 anos de idade, incluindo sete brasileiros.
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Desde 2013, quando os cardeais eleitores da Europa representavam 56% do total, Francisco buscou as chamadas periferias da igreja, com foco sobretudo na África, na Ásia e na Oceania — então com 22 cardeais eleitores na soma dos três continentes.
Agora, a Europa tem 53 (38%) dos votantes (alguns dos quais com responsabilidades eclesiais noutros continentes), a América tem 38, a Ásia tem 24, África tem 18 e a Oceania tem 3.
Só no último consistório, em dezembro, foram 11 europeus, dos quais 5 italianos; 6 do continente americano, dos quais 5 sul-americanos, 3 asiáticos e 1 africano.
Francisco ainda ampliou o grupo de eleitores, que havia sido definido em 120 por Paulo VI em 1970. Foi ele quem definiu a idade de 80 anos para eleitores, o que permitiu a Francisco ampliar esse colégio.
Vale lembrar que 15 membros do Colégio de Cardeais fizeram 80 anos no ano passado, perdendo assim a condição de participar de um futuro conclave.
A escolha de um novo papa segue um processo rigoroso chamado conclave, que ocorre na Capela Sistina, no Vaticano, reunindo os cardeais eleitores com menos de 80 anos. Eles fazem um juramento de sigilo absoluto e iniciam as votações secretas para eleger o novo pontífice.
Os cardeais votam em rodadas sucessivas até que um candidato obtenha dois terços dos votos. Caso não haja consenso nas primeiras votações, novas rodadas são realizadas, intercaladas por momentos de oração e reflexão.
Após cada votação, as cédulas são queimadas. Se ninguém for eleito, a fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina é preta. Quando um papa é escolhido, a fumaça torna-se branca.
*Com informações de Agência Brasil.
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