A Eletrobras (ELET3) teve uma reunião na manhã desta quinta (5) com representantes do governo para tentar chegar a um acordo sobre a disputa pelos direitos de voto.
Além de representantes da Advocacia-Geral da União (AGU) e da companhia de energia, estavam presentes no encontro membros da Casa Civil da Presidência da República e do Ministério de Minas e Energia. A reunião ocorreu na Câmara de Mediação e Conciliação da Administração Federal (CCAF).
O anúncio foi bem recebido pelos investidores, com as ações ELET3 e ELET6 despontando hoje na ponta positiva do Ibovespa. A valorização dos papéis chegou a superar os 6% no melhor momento do dia, mas perderam força ao longo do pregão.
Para os especialistas que cobrem a Eletrobras, o acordo, até o momento, foi bastante positivo para o mercado.
Um dos pontos mais relevantes foi a retirada das negociações para o pagamento antecipado de R$ 26 bilhões — dos R$ 32 bilhões exigidos pela União —, voltado para reduzir a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que reúne subsídios que encarecem a conta de luz.
“Vemos a notícia como muito positiva, não apenas porque indica que as negociações estão avançando, mas também porque pode permitir que a empresa pague dividendos mais altos no futuro próximo”, escrevem os analistas do Itaú BBA. Você pode ler o acordo ponto a ponto ao final desta reportagem.
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Por que o acordo é importante para a Eletrobras (ELET3)?
Recapitulando, a Eletrobras tem aumentado sua posição de caixa por meio de emissões de dívida no último ano. “Possivelmente para ter flexibilidade para negociar e uma eventual antecipação dos pagamentos do CDE”, escrevem os analistas do Goldman Sachs.
“A antecipação dos pagamentos do CDE implicaria um significativo fluxo de caixa negativo, aumentando a alavancagem da Eletrobras e, tudo o mais constante, poderia adiar a distribuição de dividendos”, explicam.
Tanto os analistas do Itaú BBA quanto do Goldman Sachs recomendam a compra das ações da Eletrobras.
E o montante não é nada desprezível: só em 2024, a Eletrobras realizou emissões de dívida que totalizaram R$ 22,1 bilhões até o momento. A primeira emissão de bonds após a privatização foi de US$ 750 milhões com vencimento em janeiro de 2035, realizada em setembro deste ano.
A eliminação deste tópico dos debates abriu espaço não apenas para o pagamento de dividendos dentro das datas esperadas — mas também de um pagamento de proventos maiores.
Na ponta do lápis
A Eletrobras detém uma posição de aproximadamente R$ 30 bilhões em caixa, segundo o mais recente balanço. As expectativas, diz o Itaú BBA, apontam para um fortalecimento ainda maior da geração de receitas.
Além disso, a relação dívida líquida sobre Ebitda (medida utilizada pelo mercado para avaliar a geração de caixa de uma empresa) foi de 1,7x no terceiro trimestre.
Dessa forma, considerando que a empresa tem um valor de mercado relativamente mais baixo do que outras do setor, um yield de 10% poderia gerar dividendos de até R$ 8 bilhões, “o que certamente caberia dentro das finanças da empresa”, dizem os analistas do Itaú BBA, que preveem um Ebitda de aproximadamente R$ 22,5 bilhões para 2025.
O acordo da Eletrobras (ELET3) com a AGU: ponto a ponto
As negociações em andamento tratam, neste momento, dos seguintes pontos:
- Preservação integral das disposições que, em resumo, buscam impedir a concentração de poder na empresa, limitando o poder de voto de qualquer acionista ou grupo de acionistas a 10% do total de ações;
- Participação da União nos Conselhos de Administração e Fiscal da Eletrobras;
- Coordenação de um eventual processo de desinvestimento da empresa de sua participação acionária na Eletronuclear S.A. por meio da busca de um novo acionista;
- Definição de termos que possam permitir a revisão do Acordo de Investimentos celebrado entre a Companhia e a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A. – ENBPar, relacionado ao projeto da Usina Nuclear de Angra 3, considerado o interesse da Companhia de se desobrigar do Acordo;
- Manutenção das garantias prestadas aos financiamentos contratados em favor da Eletronuclear S.A. anteriormente à desestatização da Companhia.
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