Quem acompanha o setor de varejo se surpreendeu ao observar a valorização expressiva de uma das gigantes do comércio em menos de uma semana. A Casas Bahia (BHIA3) mais do que dobrou de valor na bolsa brasileira, com ganhos acumulados da ordem de 106% em cinco dias.
O movimento antecede a divulgação dos números financeiros atualizados da varejista aos investidores, marcada para esta quarta-feira (12), após o bater do sino na B3.
A performance também é bem superior à do Ibovespa, principal índice de ações da B3, que acumulou leve alta de 0,56% no mesmo período.
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Apesar de ter apresentado a maior valorização nos últimos dias, a Casas Bahia não é a única varejista a chamar a atenção do mercado pelo salto na bolsa.
O Magazine Luiza (MGLU3), por exemplo, subiu mais de 20% no mesmo intervalo, enquanto a Americanas (AMER3) saltou 24%.
Há quem afirme que o desempenho superior das varejistas sinaliza um movimento de short squeeze nos papéis — ou seja, quando investidores com posições vendidas (short) precisam desfazer suas apostas na queda do papel recomprando as ações no mercado, consequentemente elevando ainda mais os preços do ativo.
O peso do macro continua
Para a Genial Investimentos, essa mudança de tom dos papéis não está diretamente relacionada à expectativa pelo desempenho operacional das varejistas no quarto trimestre e muito menos indica uma virada estrutural para os próximos períodos.
Afinal, o ambiente macroeconômico tende a ser mais complexo para o setor de varejo discricionário de alto ticket neste ano do que foi em 2024, com juros elevados e um câmbio elevado pressionando a inflação, dificultando o trabalho do Banco Central na ancoragem das expectativas e ampliando os desafios fiscais do governo.
Vale destacar que a Casas Bahia (BHIA3) divulgará o balanço referente ao quarto trimestre de 2024 ainda hoje, após o fechamento dos mercados. Já o Magazine Luiza (MGLU3) publicará os números do 4T24 na próxima quinta-feira (13).
A projeção dos analistas é que a Casas Bahia sinta o impacto da alavancagem elevada no 4T24, somada à crescente concorrência com outras plataformas de e-commerce, problemas com ações judiciais e a dificuldade em monetizar créditos fiscais.
Os analistas também preveem que o Magalu deve enfrentar uma desaceleração no desempenho nos próximos trimestres — especialmente nas vendas nas lojas físicas —, apesar de manter uma margem bruta estável.
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Por trás da valorização da Casas Bahia (BHIA3) e Magazine Luiza (MGLU3)
A aposta dos analistas é que, devido ao elevado patamar de ações vendidas no mercado (“short interest”) e do índice beta próximo a 2,5 em ambas as companhias, a volatilidade de papéis como a dupla de varejistas tende a ser ainda maior.
- O índice beta de uma ação é uma medida estatística que compara a volatilidade de uma ação com a volatilidade do mercado; é usado para avaliar o risco de um investimento.
“Ambas as empresas têm passado por um aumento no volume de negociação bem acima da média e, especialmente, em relação à Casas Bahia, temos acompanhado um forte movimento especulativo vindo do público pessoa física”, disseram os analistas da Genial.
Hoje, a Casas Bahia conta com cerca de 26,9% das ações em circulação atualmente em posições vendidas, enquanto o Magalu possui em torno de 17,8% dos papéis shorteados, segundo a Genial.
Segundo a Genial, houve um aumento dos custos de manter uma posição vendida (lending interest) em BHIA3 e MGLU3 desde fevereiro.
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Dessa forma, como o short interest dessas ações já estava alto, um rali inesperado poderia começar a forçar esses investidores a zerar suas posições, no chamado “short squeeze”.

O aumento do lending interest reflete justamente essa pressão sobre os investidores que operam vendidos, já que aqueles que ainda desejam manter suas posições enfrentam um custo cada vez mais elevado para continuar apostando na queda.
“Esse fator pode amplificar movimentos de curto prazo, tornando a volatilidade ainda mais acentuada no papel”, avaliaram os analistas. “A valorização expressiva de BHIA3 e MGLU3 parece muito mais técnica e especulativa do que fundamentada em mudanças estruturais.”
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