Decepção, intrigas, vaidades feridas — nada como um divórcio político para escancarar os bastidores do poder. Nesta terça-feira (3), Elon Musk foi ao X (antigo Twitter) para criticar abertamente o projeto de lei de cortes de impostos e aumento de gastos apoiado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Para o bilionário, o projeto é uma “abominação repugnante” que explodirá os déficits do orçamento federal.
“Desculpem, mas eu simplesmente não aguento mais isso”, escreveu Musk. “Esse projeto de gastos do Congresso — enorme, ultrajante e cheio de privilégios — é uma abominação repugnante.”
“Vergonha para aqueles que votaram a favor: vocês sabem que fizeram algo errado. Vocês sabem disso.”
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Uma diferença de opiniões
A fala escancarou o distanciamento entre o bilionário e o presidente, que, até pouco tempo atrás, dividiam o mesmo palco político.
Musk liderava a iniciativa DOGE do governo Trump, departamento voltado à redução de gastos e desperdícios públicos. Isso até a semana passada, quando seu mandato como “funcionário público especial” chegou ao fim.
Em uma publicação seguinte, Musk afirmou que o projeto de lei “vai aumentar massivamente o já gigantesco déficit orçamentário para US$ 2,5 trilhões (!!!) e sobrecarregar os cidadãos americanos com uma dívida insustentável e esmagadora.”
A resposta da Casa Branca não demorou. Questionada sobre as declarações, a secretária de imprensa Karoline Leavitt minimizou o impacto das críticas.
“Olha, o presidente já sabe qual é a posição de Elon Musk sobre esse projeto de lei. Isso não muda a opinião do presidente. Este é um grande e belo projeto de lei, e ele vai mantê-lo assim”, disse.
No Congresso, Musk encontrou aliados. O deputado Thomas Massie, do Kentucky, um dos dois únicos republicanos que votaram contra a proposta, respondeu ao post com um breve apoio: “Ele está certo.”
Musk respondeu a Massie: “Matemática simples”
Mais cedo na terça-feira, Trump direcionou suas críticas ao senador Rand Paul — também republicano do Kentucky — que havia se posicionado contra a cláusula do projeto que eleva o teto da dívida.
Trump acusou Paul de não entender que o projeto traria um “CRESCIMENTO tremendo”.
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De estrela a dissidente: a ruptura de Musk
Durante a campanha presidencial, Musk era visto como uma peça-chave no círculo de confiança de Trump. No discurso da vitória republicana, o próprio presidente afirmou: “Nós temos uma nova estrela. Uma estrela nasceu, Elon!”
Mas a sintonia não resistiu aos primeiros sinais de atrito. Desde o início do tarifaço promovido por Trump, a relação começou a esfriar. E nas últimas semanas, os dois parecem mais rivais do que aliados.
A crítica desta terça-feira não foi a primeira. Na semana passada, em entrevista à CBS News, Musk já havia declarado estar “decepcionado” com o projeto orçamentário. Ele afirmou que o texto “mina” o trabalho feito à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), que ele comandou nos primeiros meses deste ano numa cruzada contra o desperdício de recursos públicos.
A virada de chave pode ter motivações econômicas. Desde que Musk se posicionou como um dos principais aliados de Trump, sua imagem — e a de suas empresas — tem enfrentado maior desgaste.
Entre diversos projetos como colonizar Marte, chips cerebrais e uma rede social para chamar de sua, a Tesla, em especial, passou a sentir o peso da exposição política.
Em abril, as vendas da montadora despencaram na Europa. No balanço do primeiro trimestre, a receita total caiu 9% na comparação anual, chegando a US$ 21,3 bilhões. Quando se considera apenas a receita automotiva, o tombo foi de 20%.
*Com informações da CNBC
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