“Quais ações você recomenda para se aproveitar dessa alta do dólar e da Selic?”
Infelizmente, essa é uma pergunta que tenho recebido com muita frequência nos últimos dias, e ela diz muito sobre o sentimento dos investidores neste momento.
Com o dólar testando os R$ 6,00 e a Selic rumo aos 14,25%, é natural que os investidores comecem a procurar ativos que se beneficiem desse cenário, e é por isso que hoje vamos mostrar alguns deles.
Mas isso não significa que você deve mudar completamente sua carteira.
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Objetivo é diversificar
Com a piora do sentimento, é recomendável fazer alguns ajustes na carteira. Mas muitas vezes os investidores confundem “ajustes” com “mudança completa” e podem acabar sendo pegos no contrapé, perdendo muito dinheiro com aquilo que acreditavam ser uma estratégia defensiva.
Isso porque, apesar de não vermos no horizonte grandes gatilhos capazes de trazer uma melhora, eles podem aparecer de uma hora para outra, fazendo as ações locais dispararem (como o que aconteceu na última quarta-feira).
Nesse cenário, que pode sim acontecer, seu portfólio composto apenas por empresas dolarizadas ou que se aproveitem de um cenário de juros elevados vai tomar uma lavada do Ibovespa. Aliás, você correrá o risco de perder dinheiro mesmo com o Ibovespa subindo se sua carteira estiver excessivamente defensiva.
Por isso, essas ações devem ser pensadas como veículos de diversificação dos riscos domésticos, e não de concentração no combo dólar + Selic.
Feito esse esclarecimento importante, vamos a alguns nomes.
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Selic elevada? Sem crise para as seguradoras
O modelo de negócios das seguradoras é bastante peculiar. Elas recebem o prêmio na frente, e enquanto o cliente não pedir reembolso por um sinistro, ela pode deixar esse prêmio (float) investido.
Algumas seguradoras, como as de Warren Buffett, costumam investir o float em outras empresas, para tentar alavancar os lucros.
No Brasil, as seguradoras não precisam se arriscar tanto. Com a Selic acima de 10%, dá para obter retornos polpudos na renda fixa, e até se aproveitar de momentos em que os juros sobem.
Como curiosidade, trazemos o histórico de resultados da Porto Seguro (PSSA3), que é dividido em duas partes. As barras vermelhas mostram o resultado operacional, sem considerar o rendimento do float. As barras cinzas mostram o resultado financeiro, que é justamente o retorno das aplicações.
Repare que em 2014 e 2015, quando o macro estava muito ruim e a Selic ultrapassou os 14%, foi justamente o rendimento das aplicações (barras cinzas) que salvou os resultados da Porto.
A Porto não está nas carteiras da Empiricus só por causa disso, até porque ela tem apresentado resultados operacionais cada vez melhores — especialmente na vertical de saúde e negocia por múltiplos bastante atrativos (8,7x preço/lucros). Mas não se preocupar com juros lá no alto é uma grande vantagem neste momento.
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Em linhas gerais, exportadoras que têm parte dos custos em reais se beneficiam de um dólar mais elevado, já que suas receitas tendem a crescer mais do que os gastos.
O problema é que existem diversas exportadoras com modelos de negócios que nem sempre são tão interessantes ou resilientes. Algumas, inclusive, podem ter problemas de governança que não compensam o câmbio apreciado. Por fim, nunca esqueça de olhar para o valuation, para evitar pagar caro demais em uma ação.
Feitos esses esclarecimentos, entre as exportadoras que mais gosto e que fazem parte das carteiras da Empiricus estão SLC Agrícola (SLCE3), Vale (VALE3) e Suzano (SUZB3).
A SLC é a maior produtora agrícola do Brasil, vende produtos que são cotados em dólar (soja, milho e algodão) e, portanto, se beneficia da alta da moeda norte-americana. Além disso, a companhia aproveitou os problemas climáticos da última safra para expandir a área e reduzir custos de produção, o que deve culminar em bons resultados no futuro. Por apenas 5,5x lucros, gostamos do papel pensando no longo prazo.
A Vale realizou o Investor Day na semana passada, trazendo perspectivas interessantes para o setor. Se a demanda por minério de ferro da China parou de crescer, por outro lado, também não deve despencar, e provavelmente será compensada pelo aumento da demanda na Índia, do Oriente Médio e do Sudeste Asiático.
Do lado operacional, a produção deve aumentar 10% até o fim da década, enquanto os custos de produção (C1) devem cair, pelo menos, -10%.
Por 4,8x preço/lucros, quase 10% de dividend yield, VALE3 inclusive está na série Vacas Leiteiras.
Por fim, depois de alguns anos de investimentos pesados no projeto Cerrado, a Suzano deve entrar em uma rota de aumento de produção, redução de custos e queda na alavancagem, fatores que devem ajudar nos resultados e, consequentemente, na valorização das ações, que neste momento negociam por 7,5x preço/lucros.
Aliás, SUZB3 acabou de entrar em uma lista de ações escolhidas a dedo pelo Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus. Se quiser conferir essa lista completa e de forma gratuita, deixo aqui o convite.
Um abraço e até a próxima semana,
Ruy
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