A Petrobras (PETR3; PETR4) está cada vez mais perto de começar a explorar a Margem Equatorial após a aprovação pelo Ibama do Plano de Proteção e Atendimento à Fauna Oleada (PPAF). Agora só falta mais uma etapa para a companhia realizar a primeira perfuração em águas profundas na região.
Mas o que isso significa? Qual o potencial da Margem Equatorial para a Petrobras e para o Brasil?
A julgar pelos nossos vizinhos, esse potencial é enorme.
Os vizinhos
Para termos uma noção melhor do volume aproximado de petróleo na Margem Equatorial, é preciso esperar os primeiros estudos da Petrobras na região, o que só vai acontecer depois de todas as aprovações do Ibama. Mas podemos utilizar algumas informações que já conhecemos de nossos vizinhos.
Até a década passada, a Guiana era irrelevante no mundo do petróleo. Mas isso mudou com a descoberta de óleo na Bacia Guiana-Suriname.
Com mais de 10 bilhões de barris em reservas, a produção de óleo na Guiana começou em 2019, e o país já tem uma produção diária de 660 mil barris por dia. Hoje, isso equivale a 18% da produção brasileira, mas os planos da ExxonMobil (operadora na região) são de levar a produção para bem mais de 1 milhão de barris/dia em 2030.

No Suriname, as reservas superam 2 bilhões de barris e a TotalEnergies planeja produzir mais de 200 mil barris de petróleo por dia no país a partir de 2028.
Mas o que o Brasil tem a ver com isso?
O “novo pré-sal”
Acontece que a Bacia Guiana-Suriname faz parte da Margem Equatorial e está bem pertinho da costa brasileira. Ou seja, tudo leva a crer que também existe (muito) petróleo na nossa porção da Margem Equatorial.
Algumas estimativas preliminares apontam para uma reserva de 30 bilhões de barris, o que é comparável ao campo de Búzios, o maior do mundo em águas ultraprofundas — não à toa a região é chamada de o “novo pré-sal“.
Em termos de produção, o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) projetou que a produção diária pode ultrapassar 1 milhão de barris por dia, o que também está em linha com Búzios, que hoje produz 800 mil barris por dia, mas caminha para ultrapassar a marca 1 milhão/dia ainda em 2025.
Com o petróleo em US$ 60/barril, isso significa uma receita anual de mais de US$ 20 bilhões, cerca de 25% da receita esperada para a Petrobras em 2025.
Mas há um outro aspecto relevante nessa história. Apesar de a produção de petróleo no Brasil continuar crescendo nos próximos anos (ajudada pelos investimentos no pré-sal), a expectativa é que o pico seja alcançado em 2029, em 5,4 milhões de barris/dia. A partir de então, espera-se um recuo na produção — queda de 1 milhão de barris por dia até 2034.

Essa retração é obviamente ruim para a Petrobras e para o país, e é nesse aspecto que a Margem Equatorial se torna crucial.
Ela ajudaria não só no aumento de produção, como pode desempenhar um papel fundamental de postergar o declínio dessa curva.
E para você que acha que daqui a dez anos ninguém mais vai consumir petróleo, dá uma olhada no gráfico abaixo, com a demanda projetada pela Agência Internacional de Energia (IEA).

Pode não parecer, mas o mundo continuará precisando de petróleo por muito mais tempo do que boa parte das pessoas imagina, mesmo com o avanço da eletrificação e de veículos elétricos. De acordo com a IEA, no cenário “mais verde possível”, a demanda por petróleo será de 97 milhões de barris por dia em 2035, apenas 6% menor que em 2024.
Esses são alguns dos motivos que nos fazem gostar de Petrobras (PETR4), especialmente com as ações negociando por apenas 4x preço/lucros e mais de 10% de dividend yield.
É por isso que ela também faz parte da Carteira Mensal de Dividendos, que você pode conferir aqui de forma gratuita.
Um abraço e até a próxima semana!
Ruy
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