A cada cinco anos, o Federal Reserve (Fed) passa um pente fino nas suas políticas e, se necessário, promove mudanças — uma das mais emblemáticas aconteceu em 2020, quando o banco central norte-americano alterou o entendimento sobre a inflação.
O período da nova revisão chegou e o BC dos EUA já começou os debates. Segundo o presidente Jerome Powell, o objetivo é concluir o processo no fim do verão no Hemisfério Norte, ou seja, em setembro.
“Ao longo deste processo, estaremos abertos a novas ideias, críticas e feedbacks, e levaremos em consideração as lições dos últimos cinco anos para determinar nossas descobertas”, disse Powell, em coletiva de imprensa após decisão sobre os juros.
Mais cedo, o comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) decidiu manter os juros inalterados, como amplamente esperado, na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano. Você pode conferir os detalhes da decisão aqui.
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A meta de inflação do Fed e sua assimetria
Quando se fala em revisão das políticas do Fed, a primeira coisa que vem à cabeça da maioria das pessoas é a possibilidade de mudança da meta de inflação.
Atualmente, a meta de inflação do Fed é de 2%. No entanto, depois da revisão de 2020, o entendimento do banco central norte-americano sobre esse alvo mudou.
Até então, o BC dos EUA perseguia a inflação em 2% — nem abaixo e nem acima desse objetivo.
E essa era uma tarefa difícil de ser alcançada, mas não pelos motivos atuais. Os preços insistiam em rodar na casa de 1% e a autoridade não conseguia fazer os preços subirem.
Alegando uma conjuntura econômica completamente diferente daquela na qual a meta de inflação havia sido estabelecida, em 2012, o banco central norte-americano passou a adotar a chamada meta assimétrica de inflação de longo prazo.
Sob esse entendimento, a inflação não precisaria mais estar cravada em 2% — um percentual levemente abaixo ou acima, porém bem próximo do alvo, faria o Fed entender que cumpriu um de seus mandatos. Sim, um deles.
O banco central norte-americano tem duas missões designadas pelo Congresso: a estabilidade de preços (alcançada quando a inflação está na meta assimétrica de 2%) e o pleno emprego (para isso, não há um percentual fixado) — ambos compõem o chamado mandato duplo do Federal Reserve.
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O Fed vai mudar a meta de inflação?
Depois da pandemia, a inflação disparou ao redor do mundo. A história é a que todo mundo conhece: a reabertura das economias pegou indústrias despreparadas depois de dois anos de suspensão de atividades em meio a um consumidor ávido por compras e serviços.
Esse comportamento deu início a um aumento desenfreado dos preços, que forçou os bancos centrais a subir os juros de maneira agressiva para conter a inflação.
Esse cenário levou as autoridades monetárias a se questionarem se metas tão baixas de inflação em economias avançadas, com os 2% do Fed, seriam fiéis à nova realidade — vários especialistas já recomendaram que o BC dos EUA, por exemplo, assuma uma inflação de 3% como alvo.
Na coletiva de hoje, Powell disse que o Fomc iniciou as discussões revisando o contexto e os resultados da análise anterior, concluída em 2020, bem como as experiências de outros bancos centrais.
Questionado se mudaria a meta de inflação mudaria, ele respondeu: “Gostaria de observar que a meta de inflação de longo prazo de 2% ao ano será mantida e não será foco da revisão”.
Powell aproveitou a ocasião para reforçar que o Fed continua comprometido em apoiar o pleno emprego, trazendo a inflação de forma sustentável para a meta de 2% e mantendo as expectativas de inflação de longo prazo bem ancoradas.
“Faremos tudo o que pudermos para atingir nossas metas de emprego máximo e estabilidade de preços”, acrescentou.
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