Os dias de Trump trade ficaram para trás. O que se fala agora é que a lua de mel de Donald Trump com o mercado financeiro acabou: o S&P 500 perdeu 10% do valor desde a máxima alcançada antes das eleições e o dólar tem se desvalorizado em relação aos pares globais. Entretanto, Eric Hatisuka, diretor de investimentos (CIO) do Mirabaud Family Office, acredita que o final dessa história deve ser apenas um: a moeda norte-americana fortalecida.
Convidado desta semana do episódio 216 do podcast Touros e Ursos, Hatisuka acredita que o dólar sairá mais forte quer Trump seja bem-sucedido em sua guerra comercial, quer não.
Segundo o CIO, se o presidente dos Estados Unidos conseguir o que quer — reduzir o déficit comercial com os parceiros sem causar uma desaceleração na economia mundial — vai diminuir a circulação de dólar no mundo e a escassez tornará a moeda mais valorizada.
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“O déficit comercial americano é o que alimenta o mundo da oferta de dólares. Imagina que ele reduz o déficit sem causar um impacto econômico nocivo. Vai ter menos dólar em circulação, porque o país vai comprar menos do mundo e, nesse cenário, o dólar se torna mais escasso e valorizado”, diz Hatisuka aos apresentadores Vinicius Pinheiro e Julia Wiltgen.
Entretanto, o executivo considera que grande parte desses embates tarifários que Trump vem travando são retóricos. Para ele, os confrontos com o Canadá, México e Europa são para viabilizar uma negociação com “expectativas ajustadas”.
Na opinião de Hatisuka, a mudança na postura desses países em relação à guerra comercial do primeiro mandato de Trump torna as coisas mais complicadas para o republicano.
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“Você tem um nível de animosidade maior dos parceiros comerciais. No primeiro mandato, as retaliações foram mais lentas, menos políticas e mais econômicas. Agora, a retórica política também acompanha”, pontua o CIO.
Segundo o executivo, a queda no preço do dólar vista nas últimas semanas não deve se manter no futuro. Para ele, o real brasileiro tem acompanhado o movimento dos pares globais em relação à moeda norte-americana, mas não há fundamentos internos que sustentem essa valorização em médio e longo prazos.
Mas e as tarifas contra o Brasil?
Hatisuka acredita que, se acontecerem, o Brasil pode se prejudicar na precificação de commodities e no saldo da conta corrente do país, com impacto direto no câmbio.
“As tarifas do Trump devem agravar e tornar mais rápido esse aumento do déficit em conta corrente. Você acaba tendo menos dólares e mais reais no final, porque o real está valendo menos. É um outro jeito de ajustar as contas”.
Os participantes do podcast trataram desse tema e ainda escolheram os touros e os ursos da semana. Você pode conferir o episódio completo:
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