As bolsas japonesas fecharam o dia em polvorosa hoje. E a culpa é das montadoras de automóveis. De um lado, a Nissan viu uma queda de mais de 5% nas ações. De outro, a Honda comemora a alta de mais de 8%.
Isso porque a fusão entre as duas fabricantes de veículos não deve acontecer, segundo informações do jornal japonês Nikkei, que ouviu fontes familiares à negociação.
Anunciado no final do ano passado, o negócio de mais de US$ 60 bilhões criaria a terceira maior fabricante de carros do mundo, atrás apenas da também japonesa Toyota e da alemã Volkswagen.
Segundo as fontes, que permaneceram anônimas, as negociações seriam canceladas por conta de divergências crescentes entre as duas companhias.
Nenhum comunicado oficial foi feito pelas empresas até o momento.
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Recentemente, a Honda apresentou uma nova proposta que tornaria a Nissan uma subsidiária da Honda, em vez da estrutura mais igualitária originalmente planejada, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.
Essa fonte revelou que a Nissan considerou a nova proposta inaceitável e planejava rejeitá-la.
Apesar disso, as duas montadoras continuariam cooperando em outras frentes de negócio – como o desenvolvimento de software e veículos elétricos –, uma conexão que já estava estabelecida antes das conversas sobre a fusão.
Por que a Nissan é a mais afetada?
A Honda, avaliada em 7,92 trilhões de ienes (US$ 51,9 bilhões) tem hoje um valor de mercado cinco vezes maior do que a Nissan, que é avaliada em 1,44 trilhão de ienes.
Caso a fusão realmente não aconteça, o peso é maior sobre a fabricante menor, que sofrerá pressão de credores, funcionários e clientes, preocupados com a forte concorrência que a montadora enfrenta nos Estados Unidos e na China.
Nos últimos tempos, a Nissan perdeu terreno em ambos os mercados e foi mais duramente atingida do que algumas rivais pela mudança para veículos elétricos.
- A empresa nunca se recuperou totalmente após anos de crise desencadeada pela prisão e saída do ex-presidente Carlos Ghosn em 2018.
Hoje, a companhia vive um processo de reestruturação e corte de custos, que deve incluir a demissão de 9 mil funcionários e redução de 20% da capacidade global de produção.
Além disso, segundo analistas consultados pela Reuters, as tarifas contra o México, recém-impostas por Donald Trump, seriam mais dolorosas para a Nissan do que para a Honda ou a Toyota.
Isso porque a Nissan produz alguns modelos em fábrica no México, como é o caso do SUV Nissan Kicks.
Esses fatores explicam por que a Nissan fechou o dia em queda em Tóquio, enquanto a Honda “saiu por cima”.
* Com informações do Wall Street Journal e da Reuters.
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