Não é só o brasileiro que não desiste. Os chineses da Shein também seguem na batalha para abrir capital da gigante de moda em Londres, após o fracasso na bolsa de Nova York. Mas além de todos os entraves que a empresa tem sofrido para isso, ela enfrenta uma nova questão: provar para os londrinos que seus produtos são realmente seguros.
Um primeiro passo foi dado nesta sexta-feira (31): a Shein emitiu um comunicado sobre as medidas implementadas para garantir a segurança dos itens vendidos na plataforma.
Com isso, a companhia embarca numa ofensiva para limpar a imagem da fast-fashion chinesa junto às autoridades e enfim abrir seu capital na bolsa de Londres.
O anúncio ocorre cerca de uma semana após seu primeiro recall de segurança de produto nos EUA desde 2021. Na semana passada, a Shein teve de recolher mais de 300 escovas de secador de cabelo por risco de eletrocussão ou choque nos consumidores.
Segundo a Shein, foram feitos mais de 2 milhões de testes de segurança de produtos no ano passado usando laboratórios líderes do setor, como Bureau Veritas e Intertek.
A gigante de moda também enfatizou que seus fornecedores devem obrigatoriamente enviar documentação para itens como brinquedos, dispositivos médicos e eletrônicos. Além disso, a empresa chinesa tem feito ações de sustentabilidade e até criou uma ONG.
Em entrevista à CNBC, um porta-voz da Shein afirmou que a empresa conduz diversos testes de segurança em produtos próprios e também de terceiros em sua plataforma.
Embora os testes de segurança de produtos sejam comuns para itens vendidos por um varejista — mesmo que sejam vendidos somente on-line, já que a empresa pode ser responsabilizada de acordo com as leis de proteção ao consumidor — a responsabilidade dessas grandes plataformas não é tão clara quando se trata de vendedores terceirizados no marketplace. Dessa forma, os testes para esses produtos acabam sendo mais raros.
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O que falta para a Shein abrir capital na bolsa de Londres?
Fato é que a chinesa tem tentado conquistar legisladores do Reino Unido e aliviar as preocupações de que está vendendo produtos perigosos ou feitos com trabalho forçado.
Após falhar na missão de tocar o sino em Nova York, a varejista chinesa cruzou o Atlântico para tentar um IPO na Terra do Rei Charles, mas também tem enfrentado empecilhos.
Além de denúncias de trabalho análogo à escravidão, a china tem sido apontada por práticas de greenwashing (quando uma empresa se apropria da pauta ambiental, sem fazer esforços efetivos para conservação do meio ambiente).
Soma-se a tudo isso o fato de que, mesmo que Londres aceite negociar a ação da Shein, a empresa precisa da aprovação do regulador chinês para tornar-se uma companhia pública.
No início deste mês, a companhia compareceu em uma audiência parlamentar britânica para ser questionada sobre a cadeia de suprimentos da empresa.
Assim como nos EUA, a Shein é acusada de usar matéria-prima da região de Xinjiang, conhecida pelo trabalho forçado de membros da etnia uigur. A empresa, no entanto, se recusou a responder.
Quando perguntado se a empresa acredita que há trabalho forçado em Xinjiang, os advogados da companhia disseram que não cabe à empresa ter um “debate geopolítico” e repetiu uma frase que a Shein costuma usar quando questionada sobre sua cadeia de suprimentos: “Cumprimos as leis e regulamentações dos países em que operamos”.
O IPO da Shein
Os primeiros rumores sobre um possível IPO da Shein no Reino Unido surgiram em junho do ano passado. Na operação britânica, a empresa de moda chinesa seria avaliada em aproximadamente 50 bilhões de libras (equivalente a R$ 362 bilhões, na cotação atual).
Em novembro de 2023, a Shein, avaliada em US$ 66 bilhões no mercado, chegou a entrar com pedido confidencial na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a SEC.
No entanto, a oposição norte-americana apelou ao xerife do mercado de capitais dos EUA para analisar ou mesmo bloquear a oferta pública.
Embora tenha sido fundada na China e agora seja sediada em Cingapura, as ligações da Shein com Pequim são motivo de preocupação para Washington.
*Com informações da CNBC
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