Um algoritmo é uma receita que mostra passo a passo como realizar uma tarefa. Neste início da inteligência artificial, a palavra tornou-se lugar comum.
Sabe-se que os algoritmos usados pelas redes ditas sociais incentivam o discurso de ódio e a polarização com o objetivo de gerar mais receita para as gigantes da tecnologia digital que nos vigiam tempo integral. É revelador da triste e perigosa situação em que nos encontramos, toda a humanidade e demais seres vivos, o lugar de honra reservado aos plutocratas dirigentes dessas e outras grandes empresas na posse do Trump, marqueteiro de si próprio. A fortuna pessoal dos presentes à posse é estimada em mais de US$1,3trilhão, maior que a da maioria dos países do mundo.
Na ocasião, um dos atos assinados pelo recém-empossado não foi propagandeado: revogava medidas que facilitavam o acesso dos eleitores às votações e promoviam maior participação popular. Reforçou, pois, a plutocracia que se instalou naquele país, desta vez sem disfarces.
Na história, diversas personalidades notórias usaram o discurso de ódio para alcançar o poder. No dia seguinte ao incêndio do Reichstag o então chanceler da Alemanha discursou culpando os comunistas pelo fogo. Mais recentemente, a responsabilidade pelos incêndios que queimaram inclusive bairros ricos de Los Angeles foi atribuída, pelo marqueteiro de si próprio, aos imigrantes e à recusa do governador da Califórnia em assinar a “declaração de restauração da água”. Tal declaração nunca existiu, ao contrário da já antiga e grave escassez de água na Califórnia, onde políticas estaduais chegam a incentivar a substituição de gramados, grandes consumidores de água, por coberturas menos sedentas.
Aquele mesmo chanceler alemão usava com maestria os instrumentos de propaganda então disponíveis. O marqueteiro de si é hábil na comunicação, inclusive de inverdades, e passou a controlar submissos empresários bilionários, ávidos por mais dinheiro público na busca da IA suprema. Esses mesmos que nos vigiam mediante os cookies instalados em nossos celulares e computadores, com capacidade de manipular as informações que recebemos e, pois, nossas mentes e emoções.
O chanceler prometia tornar a Alemanha grande novamente, e liderar o mundo. Prometia a plena recuperação da economia e muitos empregos, e defendia a expansão territorial do seu país. Outra prática daquele dirigente alemão era ameaçar e demonizar seus oponentes. O Musk, empresário defensor da livre iniciativa e do estado mínimo, cuja fortuna originou-se de subsídios, prometeu injetar milhões de dólares, nas próximas eleições legislativas, nas campanhas dos opositores aos senadores que votassem contra Trump.
Site da ONU lembra que o holocausto não começou com câmaras de gás, mas com o discurso de ódio.
Por fim, a solução da miséria humana carece, entre muitas outras ações, de parar de queimar petróleo, enquanto o novo dirigente busca ampliá-la. A destruição dos bairros ricos de Los Angeles alerta que, embora não sejam os primeiros, também os ricos vão sofrer.
Eduardo Fernandez Silva. Ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados