Se a segunda-feira (20) marcou o início do novo governo de Donald Trump, nesta terça-feira (21) é a vez de o mercado norte-americano fazer a estreia. E foi em grande estilo: o Dow Jones, o Nasdaq e o S&P 500 abriram a sessão em alta. Por aqui, no entanto, o Ibovespa não consegue pegar impulso nos ganhos de Nova York.
O que impulsiona Nova York é exatamente o que Trump não fez: o republicano não impôs, como prometido, as tarifas de 60% sobre a China.
Embora tenha mencionado o tema no discurso de posse, o novo presidente dos EUA preferiu pegar mais leve: emitiu um memorando orientando agências federais a estudar o que ele considera políticas comerciais injustas de outros países.
Como Trump não autorizou a imposição de novas tarifas na volta ao Salão Oval, os investidores entendem como um sinal de que o novo chefe da Casa Branca pode estar menos propício a entrar em conflitos comerciais do que o esperado até então.
“Os anúncios de Trump na posse sobre tarifas foram mais benignos do que o previsto. Embora não esperássemos grandes pronunciamentos no primeiro dia, os comentários de Trump sobre a China foram menos agressivos do que durante a campanha ou mesmo desde a eleição. E embora tenhamos visto uma ‘tarifa universal’ como um risco claro, as declarações de Trump sugerem que, por enquanto, é uma prioridade menor do que esperávamos”, diz o Goldman Sachs em relatório.
Por volta de 12h20, o Dow Jones subia 0,59%, aos 43.744,15 pontos e o S&P 500 avançava 0,46%, aos 6.024,99 pontos. O Nasdaq, por sua vez, subia 0,11%, aos 19.651,67 pontos.
- LEIA TAMBÉM: Criptomoedas ‘agentes de IA’: baratas, embrionárias e com potencial de explodir até 4.900% em 2025
Ibovespa não pega carona nos ganhos de Wall Street
Se Trump é o combustível para os ganhos das bolsas em Nova York, o novo presidente dos EUA é o motivo para o desempenho sem brilho do Ibovespa e avanço do dólar por aqui.
A incerteza sobre a gestão tarifária do republicano pesa sobre ações ligadas ao minério de ferro, enquanto a queda de quase 2% do petróleo acerta em cheio os papéis das empresas do setor na bolsa brasileira.
A commodity recua depois do compromisso assumido por Trump de aumentar a produção norte-americana.
Fora do Ibovespa, as ações da Agrogalaxy chamam atenção. Depois de recuarem mais de 12% e entrarem em leilão, os papéis chegaram a reduzir as perdas para 7%. Em recuperação judicial desde setembro do ano passado, a empresa anunciou mais cedo que assinou um memorando de intenções para a venda de uma carteira de dívida de clientes.
Na ponta positiva, Americanas (AMER3) lidera os ganhos do mercado com alta de 25%, chegando a R$ 7,50 na máxima do dia e entrando em leilão.
Por volta de 12h20, o Ibovespa reduzia parte das perdas e recuava 0,03%, aos 122.822,27 pontos, após renovar mínima na sessão (122.289,95 pontos). Petrobras (PETR4 e PETR3) caía 1,05% e 1,74%, respectivamente, enquanto Vale (VALE3) baixava 1,31%.
No mercado de câmbio, o dólar à vista passou toda manhã operando em alta, sob influência da valorização da moeda norte-americana ante outras moedas fortes e divisas de países emergentes, em especial o peso mexicano e o dólar canandense. No início da tarde, o dólar caía 0,19%, a R$ 6,0301.
O governo Trump anunciou tarifas de 25% sobre o Canadá e o México a partir de 1 de fevereiro. Em resposta, o governo canadense disse que está pronto para reagir à taxação dos EUA.
“[A imposição de tarifas de 25% sobre México e Canadá] não é tão simples, haja vista o acordo comercial (USMCA) entre os países que limita tal ação. Devido ao acordo, as tarifas podem ser contestadas na OMC [Organização Mundial do Comércio] pelos próprios países”, o Bradesco BBI em relatório.
No Brasil, preocupações com o enfraquecimento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dentro do governo, também pressionam o câmbio.
O mercado teme que as metas fiscais fiquem comprometidas e que o risco econômico aumente, já que Haddad é visto como peça-chave para manter a confiança do mercado financeiro.
ONDE INVESTIR EM 2025: Como buscar lucros em dólar com investimentos internacionais
Europa e Ásia sob Trump 2.0
Na Europa, a sessão também é de ganhos, assim como em Wall Street.
Os investidores do Velho Continente mantêm um olho nas promessas de Trump de colocar os EUA em primeiro lugar, e outro no Fórum Econômico Mundial de Davos — que, este ano, está esvaziado já que não conta com a presença de líderes da China, Índia e de outros países europeus. Trump deve discursar no evento, por vídeo, na quinta (23).
Na Ásia, a maioria das bolsas fecharam o dia no azul, com os investidores de olho também nos decretos de Trump. O CSI 300, da China, subiu 0,08%, aos 3.832,61 pontos.
The post Efeito Trump na bolsa e no dólar: por que Nova York sobe de carona na posse e o Ibovespa fica para trás appeared first on Seu Dinheiro.