Os esforços da Arábia Saudita para diversificar a economia e se livrar da dependência do petróleo já são amplamente conhecidos. Como parte do projeto Visão 2030, o país árabe está investindo em turismo, tecnologia, energia verde, arte e cultura e… num “outro tipo de petróleo”.
Não se trata do hidrocarboneto que vem movendo o mundo há gerações, mas de um metal, o lítio, apelidado de “petróleo branco” devido à sua cor e utilização em baterias de aparelhos eletrônicos e veículos elétricos..
Quem está à frente da empreitada é justamente uma das maiores petroleiras do mundo, a Saudi Aramco, que anunciou hoje (15) investimentos para a exploração do lítio.
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A empresa vai criar uma joint venture (JV) com a mineradora estatal saudita Ma’aden, que é uma gigante no setor de mineração no Oriente Médio e no norte da África.
Segundo o comunicado divulgado pela empresa, a JV vai se concentrar em “minerais de transição energética, incluindo a extração de lítio de depósitos de alta concentração e o avanço de tecnologias de extração direta de lítio (economicamente viáveis).”
A Aramco afirma ter identificado diversas áreas com alta concentração de lítio no território saudita e pretende usar a ampla expertise, tecnologia e infraestrutura – adquiridas através da exploração de outras commodities energéticas – para fazer a extração.
No final das contas, o objetivo é bem claro, segundo as comunicações oficiais: avançar na diversificação econômica e nas ambições energéticas do Reino saudita.
Em entrevista ao Financial Times, o ministro da indústria e dos recursos minerais do país, Bandar Alkhorayef, afirmou: “A Arábia Saudita está muito bem posicionada devido à combinação de competitividade energética e excelente infraestrutura em termos de cidades industriais e portos.”
Apesar do frenesi envolvendo o anúncio, que significa um passo importante na transição energética global, a expectativa é que a produção comercial comece apenas em 2027.
O cenário de exploração do “petróleo branco” ao redor do mundo
Segundo a Agência Internacional de Energia, a expectativa é que a demanda global por lítio aumente em sete vezes até 2040, fortemente impulsionada pelos veículos elétricos.
No momento, o minério vive uma queda dos preços, devido ao excesso de oferta. A China é responsável por dois terços do mercado de processamento de lítio. No entanto, muitas companhias da Europa e do Oriente Médio estão investindo na exploração do minério.
O Brasil tem importantes reservas, apesar de elas não estarem entre as principais reservas do planeta. Estima-se que 53% do lítio na América Latina esteja concentrado em países como Chile, Bolívia e Argentina. De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o Brasil tem a 15ª maior reserva de lítio, com 800 mil toneladas do minério estimadas.
Já o Ministério de Minas e Energia sustenta que o Brasil é dono da sétima maior reserva de lítio do mundo, com 1,23 milhão de toneladas, sendo o quinto maior produtor mundial. O MME justifica que a diferença se deve ao fato de considerar “a parte economicamente lavrável dos recursos medidos”.
* Com informações da Bloomberg, Reuters e Financial Times.
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