Não faz sentido para o investidor ter 100% dos investimentos no Brasil, um país que concentra apenas 2% dos ativos globais. E não, nem o CDI alto compensa a desvalorização cambial.
Para a TAG Investimentos, uma das maiores gestoras de patrimônio independentes do Brasil, o investimento no exterior e a exposição ao dólar e a outras moedas fortes vão continuar sendo recomendações pertinentes para 2025.
“Uma carteira conservadora rodando em USD + 3% ao ano bate o CDI em horizontes de médio e longo prazo”, escreveu a TAG na sua carta aos clientes de janeiro. “Ter um percentual não desprezível em moeda e ativos fortes não é especulação, é legítima defesa.”
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No entanto, isso não significa abandonar completamente os ativos brasileiros. Na carta de janeiro, a gestora chama a atenção para os seguintes investimentos:
- Ativos ligados à inflação, como as NTN-Bs, também chamadas de títulos Tesouro IPCA+;
- Debêntures de empresas triplo A (com baixo risco de crédito), atreladas também ao IPCA e isentas de imposto de renda;
- Ações de empresas com fluxos de caixa estáveis e protegidos contra a inflação, como as de energia elétrica, concessões rodoviárias, shoppings, água e esgoto (as chamadas utilities); e
- Por fim, os imóveis.
“A despeito do desconforto da volatilidade e marcação a mercado, esses ativos se beneficiam não só no cenário ruim de inflação desancorando, como também em uma eventual normalização das coisas”, diz a carta.
Para a TAG, a assimetria é positiva para o médio prazo, de 18 a 24 meses. A recomendação é que os investidores aproveitem os “ótimos preços” dos ativos de renda fixa e variável no momento, buscando ganhos no futuro.
No momento atual, a gestora considera que já há muita negatividade sendo considerada nos preços, ao passo que a probabilidade de uma boa notícia não foi precificada.
O que esperar do cenário macroeconômico de 2025?
Pensando em um escopo mais amplo da economia em 2025, os especialistas consideram que o grande “senhor do destino” dos ativos globais será a taxa de juros dos Estados Unidos.
Segundo a TAG, as mudanças nas políticas migratórias e as tarifas aos produtos importados – anunciados extraoficialmente por Donald Trump, que toma posse dia 20 de janeiro – devem causar inflação de curto prazo, o que já está precificado.
A dúvida segue sendo em relação à situação fiscal do país. “O crescimento da dívida americana já é incômoda, mesmo para um país que é emissor da reserva de valor global”, opinam.
A expectativa é que a curva de juros torne-se mais favorável para os ativos de risco, caso o governo consiga fazer um corte de gastos eficiente e reduzir o déficit dos atuais 7% do PIB (Produto Interno Bruto) para 3% do PIB.
No contexto nacional, o fiscal também é um dos incômodos do mercado.
A TAG faz uma comparação com a Argentina, que vive uma espécie de “Plano Real” sob o governo Javier Milei, com forte superávit fiscal e controle da inflação.
Em trajetória oposta, o Brasil vive um cenário de crescimento desordenado da dívida interna e aumento dos gastos. Dado esse cenário, a gestora projeta uma inflação ao redor de 6% em 2025 e juros terminais na casa de 17%.
“O resultado disso é uma queda brutal de expectativas e investimentos, o que nos levará para uma forte desaceleração do crescimento econômico em 2025”, concluem.
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