A japonesa Nippon Steel e a norte-americana U.S. Steel receberam cartão vermelho do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e agora decidiram chamar o VAR. As empresas entraram nesta manhã (6) com uma ação judicial contra o governo norte-americano contra o veto da Casa Branca à fusão das companhias.
O processo alega que Biden violou a Constituição do país ao bloquear a aquisição da U.S. Steel pela Nippon Steel sob a justificativa de segurança nacional.
Anunciada em dezembro de 2023, a operação é avaliada em US$ 14,9 bilhões. Desde então, vem gerando agitação política e foi alvo de comentários durante a campanha eleitoral dos EUA em 2024. Tanto Biden quanto Donald Trump, que toma posse no próximo dia 20, vinham se posicionando contra a aquisição.
Agora, as empresas afirmam que Biden prejudicou a decisão do Comitê de Investimento Estrangeiro nos EUA (CFIUS), que analisa investimentos estrangeiros em busca de riscos à segurança nacional.
Além disso, o processo alega que o atual presidente violou o direito das companhias a uma revisão justa e solicita que o tribunal federal anule a decisão de Biden.
A Nippon Steel e a U.S. Steel exigem ainda que seja garantido outra chance de aprovação por meio de uma nova revisão de segurança nacional, livre de influência política.
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Por que Biden deu cartão vermelho para o negócio?
No final de dezembro, o CFIUS notificou Biden de que não havia chegado a um consenso sobre se a venda da US Steel para a Nippon representaria ou não um risco à segurança nacional, deixando a decisão para o presidente norte-americano.
O veto de Biden veio por meio da emissão de um decreto, indicando a segurança nacional dos EUA como principal empecilho para a conclusão da fusão.
“Como eu disse muitas vezes, a produção de aço e seus trabalhadores são a espinha dorsal da nossa nação”, disse Biden na ocasião do veto.
O chefe da Casa Branca já havia sinalizado oposição ao negócio várias vezes ao longo do último ano, sob o argumento de que a venda poderia eliminar empregos de norte-americanos.
“A U.S. Steel continuará a ser uma orgulhosa empresa norte-americana — de propriedade norte-americana, operada por norte-americanos, por trabalhadores siderúrgicos sindicalizados norte-americanos — os melhores do mundo”, disse Biden na nota.
Mais oposição à fusão entre Nippon Steel e U.S. Steel
Além de Biden e Trump, o United Steelworkers se opôs fortemente ao acordo desde o momento em que foi anunciado.
O sindicato argumenta que a Nippon Steel não deu garantias suficientes de que protegeria empregos em algumas das plantas mais antigas da empresa.
Apesar da oposição ao negócio, especialistas dizem que bloquear o acordo pode ser politicamente popular internamente, mas pode afastar o investimento estrangeiro em outras empresas dos EUA.
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Nos bancos dos tribunais
Além do processo que busca anular a decisão de Biden, a Nippon Steel e a U.S. Steel entraram com um processo separado contra Dave McCall, presidente do sindicato United Steelworkers, por suas ações para tentar bloquear o acordo.
Outro executivo que estará enfrentando a Nippon Steel nos tribunais é Lourenço Gonçalves, CEO da siderúrgica rival Cleveland-Cliffs.
Isso porque a US Steel havia anunciado, em agosto de 2023, que recebeu várias ofertas para comprar a empresa e confirmou que uma delas era da Cleveland-Cliffs. No entanto, as negociações fracassaram.
A Nippon Steel afirma que, desde então, a empresa vem realizando uma campanha ilegal para que apenas a Cleveland-Cliffs possa fazer a aquisição da U.S. Steel.
Fadado ao fracasso? Os motivos da impopularidade da fusão entre a U.S. Steel e Nippon Steel
A aquisição da U.S. Steel por uma empresa estrangeira tinha tudo para sofrer grande oposição. Isso porque a companhia é um símbolo do poderio industrial norte-americano.
Apesar de estar muito longe do que já foi um dia, a U.S. Steel já foi considerada a empresa mais valiosa do mundo e a primeira a valer US$ 1 bilhão, após sua criação em 1901.
Contudo, desde o seu auge no pós-Segunda Guerra Mundial, a companhia vem sofrendo décadas de declínio. Atualmente, a U.S. Steel é uma empregadora relativamente menor, com 14 mil funcionários nos EUA.
Ainda assim, o peso do símbolo para o país e a região em que está localizada – na Pensilvânia, considerada um Estado-pêndulo nas eleições norte-americanas –, torna a fusão com uma companhia estrangeira um assunto particularmente espinhoso para os políticos dos EUA.
*Com informações da CNBC e CNN News
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