Enquanto os patamares elevados de juros fazem sombra sobre o setor de varejo, o Magazine Luiza (MGLU3) decidiu alongar o vencimento de dívidas bilionárias para mitigar os impactos de uma taxa Selic cada vez mais alta em 2025.
O Magalu comunicou na noite da última quinta-feira (3) uma operação de alongamento do do prazo da dívida de debêntures no valor de R$ 2 bilhões.
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Apesar da negociação com credores, as ações da companhia operam no vermelho na sessão desta sexta-feira (3) e figuram entre as maiores quedas do Ibovespa no início da tarde.
Por volta das 12h25, os papéis MGLU3 recuavam 2,49%, negociados a R$ 6,27. Em um ano, a varejista acumula desvalorização de 68,5% na bolsa brasileira.
Os detalhes do alongamento de dívidas do Magazine Luiza (MGLU3)
A renegociação do Magazine Luiza (MGLU3) para o alongamento das dívidas diz respeito aos débitos relacionados à 11ª série de debêntures da varejista.
Agora, os títulos com vencimentos em 23 de dezembro de 2026 passarão a vencer apenas em 23 de outubro de 2028.
“A operação foi concluída com um ano de antecedência e melhora ainda mais o perfil de endividamento da companhia”, escreveu a empresa, em nota à imprensa.
Com a prorrogação dos vencimentos, o Magalu também alterou a remuneração e as datas de pagamento da remuneração.
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A companhia havia captado R$ 2 bilhões com a emissão das debêntures, a uma taxa equivalente a CDI mais 1,25%. Com o alongamento, agora a varejista pagará o equivalente a CDI mais 1,75%.
A remuneração será paga trimestralmente, sempre no dia 23 dos meses de janeiro, abril, julho e outubro de cada ano. O primeiro pagamento deverá acontecer em 23 de janeiro de 2025.
Já a amortização será realizada em oito parcelas trimestrais, devidas a partir de janeiro de 2027. Veja as datas:
A varejista também decidiu pela exclusão da garantia flutuante, o que transforma as debêntures em ativos quirografários (isto é, cujas dívidas não têm garantias).
O Magalu também aprovou a inclusão da condição de “negative pledge”, que definiu uma nova regra para seus financiamentos e emissão de dívidas. A varejista não poderá usar seus ativos (como imóveis, estoques ou equipamentos) como garantia para novos empréstimos ou títulos sem antes obter aval dos detentores das debêntures.
Há, no entanto, duas exceções: financiamentos para a compra de novos ativos e operações de leasing (arrendamento mercantil), que poderão ter os ativos específicos envolvidos como garantia automaticamente autorizada.
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O que dizem os analistas
Na avaliação de Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, se a varejista não tivesse negociado com os credores, ela enfrentaria “grandes dificuldades financeiras tanto este ano quanto no próximo”, devido às taxas de juros elevadas e ao prazo apertado.
“O Magazine Luiza corria um grande risco de enfrentar sérios problemas financeiros se não adotasse essa estratégia”, avaliou o economista.
É verdade que a administração do Magalu vem repetidamente afirmando que a companhia “vai dar lucro independente da taxa de juros” e que vem “rapidamente se transformando num negócio à prova de Selic”.
No entanto, é importante lembrar que o setor de varejo é tradicionalmente um dos mais afetados por ambientes de juros altos, já que costumam operar mais alavancadas e contar com dívidas atreladas ao CDI.
Isso porque a política monetária restritiva tende a desacelerar a atividade econômica e o consumo — e ainda ter um impacto negativo nos lucros das empresas, especialmente das mais endividadas.
Além disso, quanto mais elevado for o patamar de endividamento e mais o Copom (Comitê de Política Monetária) aumentar as taxas de juros, maior será o custo da dívida das empresas — e, consequentemente, maior a aversão ao risco dos investidores.
Para além do peso do cenário macroeconômico, duas questões micro do Magalu levantam preocupações entre os analistas.
Um deles é o lançamento de uma promoção de parcelamento em até 24 e 30 vezes sem juros em meados do ano passado. O outro é que a varejista também viu o prazo de recebimento das dívidas dos clientes aumentar significativamente.
No terceiro trimestre, os indicadores de inadimplência estavam em cerca de 2,8% de curto prazo (NPL-15) e 8,8% de longo prazo (NPL-90).
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