À medida que adentramos a segunda quinzena de dezembro, começam a surgir as tradicionais pautas de perspectivas de mercado para 2025.
Estive pensando nisso para conversar com a Paula, no Giro do Mercado, e não tive muitas dúvidas: estaremos diante de um ano bem mais fácil de analisar.
De 2023 até 2024, permitimo-nos ter algumas esperanças em relação às políticas econômicas do Governo Lula, apoiados sobretudo na aparente prevalência de Haddad em relação aos grupos mais radicais dentro do PT.
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Esses pingos de esperança acalentavam o coração, mas também representavam uma enorme dificuldade adicional no campo da análise macro e financeira, pois obrigavam os analistas a trabalhar com dicotomias contínuas.
Os filósofos hegelianos nos ensinam sobre a necessidade do pensar dialético para alcançar a epifania das sínteses, mas esquecem de citar o enorme fardo fisiológico envolvido nisso.
Não é nada trivial acender uma vela para deus e outra para o diabo, especialmente sem sabermos de antemão quem é deus e quem é o diabo. Isso provavelmente explica a popularidade das cavernas polarizadas nas quais 80% da população quer se esconder.
Nesse sentido, o anúncio do despacote fiscal nesse fim de ano foi triste, extremamente doloroso, e deixará graves repercussões alinhadas para os próximos dois anos…
… mas, para as pessoas que se dedicam a analisar mercado brasileiro, ele foi uma benção psicológica e emocional, permitindo a completa supressão das ambivalências originadas em um Governo Lula de “frente ampla”.
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2025: ano do descanso em pousio
Fomos devidamente educados de que Haddad é, de fato, um ótimo ministro da Fazenda. Contudo, as visões táticas e estratégicas propostas por ele valem muito próximo de zero para o Lula III. Haddad foi destruído no episódio do despacote, inclusive colocado sob humilhação em rede nacional.
X não é F(X).
Então, agora estamos pacificados em relação ao Governo atual, que – salvo cisnes cinzas ou negros – seria o único ator capaz de despertar gatilhos positivos em curto prazo.
Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar.
Na famosa expressão de Masud Khan, 2025 será o ano do “descanso em pousio” – ou seja, o ano em que os despojos da antiga safra são destruídos e recolhidos, a terra é então arada e adubada, corrige-se o PH, mas nada é plantado nela.
Só cuidado: o descanso em pousio está muito mais associado à transição do que à paz ou tranquilidade; seu trabalho de faxina pode ser extremamente cansativo, assim como o posterior preparo do solo.
Um ano bem mais fácil de analisar não implica um ano fácil de ganhar dinheiro, são coisas diferentes.
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