A Polícia Civil de São Paulo revelou em uma coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (18/6) que o empresário Adalberto Amarilio Júnior, de 36 anos, teve uma morte lenta, sofrida e agonizante. O empresário foi encontrado morto no dia 3 de julho, quatro dias depois de ter visto com vida pela última vez em um evento de moto, no Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo.
Segundo a diretora do Departamento de Homicídios de Proteção à Pessoa (DHHP), Ivalda Aleixo, e do secretário-executivo da Segurança Pública, Osvaldo Nico, lesões apontam que Adalberto pode ter desmaiado tentando respirar antes de morrer.
A divulgação de laudos médicos apontaram que o empresário morreu por asfixia e reforçou a suspeita de que Adalberto pode ter sido morto por um segurança que atuava no evento do autódromo.
Conforme mostrado pelo Metrópoles, um dos seguranças poderia ter aplicado um mata-leão na vítima, durante um possível confronto. Apesar de parecer um avanço, a segurança do evento contou com mais de 200 funcionários.
As autoridades ainda não sabem se um possível mata-leão foi responsável pela morte ou apenas por um desmaio do empresário. Mas acreditam que Adalberto foi colocado no buraco onde foi encontrado, descartando uma possível queda. As autoridades também não cravaram se a vítima foi colocada ali vivo ou morto.
A mesma análise encontrou lesões no pulmão do empresário, que são compatíveis com condições de hipoxemia, que é uma diminuição anormal da quantidade de oxigênio no sangue arterial, e asfixia.
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A polícia achou corpo de Adalberto próximo ao posto 9 do Autódromo de Interlagos
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Os agentes localizaram o cadáver em um buraco de 2 metros de profundidade e 40 cm de diâmetro
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De acordo com a PM, a vítima estava de capacete, o que dificultou a confirmação da identidade do corpo
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Adalberto Junior estava desaparecido desde a última sexta-feira (30/5)
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O empresário Adalberto Junior com a esposa, Fernanda
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Ele era empresário
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O empresário Adalberto Junior com a esposa Fernanda
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Tinha 36 anos
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O laudo toxicológico não detectou a presença de álcool, drogas, fármacos, praguicidas ou outras substâncias no sangue de Adalberto, o que exclui a suspeita de morte por envenenamento ou intoxicação.
Essas informações vão de encontro ao depoimento do amigo que estava com o empresário em um evento no Autódromo de Interlagos no dia em que Adalberto desapareceu, em 30 de maio. Rafael Aliste afirmou à polícia que Adalberto havia consumido maconha e cerca de oito cervejas e que, por isso, estava “mais agitado que o normal”.
Um laudo também identificou a presença de Antígeno Prostático Específico (PSA) no pênis do empresário, que é uma proteína produzida pela próstata presente no sêmen. Esse tipo de achado é comum em homens. Os peritos também não encontraram espermatozoides nas cavidades oral e anal de Adalberto, o que afasta a hipótese de violência sexual.
Homicídio
A morte do empresário passou a ser investigada como homicídio após a divulgação dos laudos do Instituto Médico Legal (IML). Inicialmente, o caso era investigado como morte suspeita, mas as autoridades deixaram de lado a hipótese de um possível acidente após o laudo médico apontar que o empresário morreu por asfixia.
Apesar da divulgação do relatório médico, a forma como o crime ocorreu ainda não foi esclarecida. Por essa razão, há duas possibilidades em investigação: morte por constrição torácica (provocada por pressão no tórax) ou asfixia resultante de pressão no pescoço.
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Na semana que encontraram o corpo, a diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHHP), Ivalda Aleixo, já acreditava que o empresário não teria caído no buraco e sim posto ali, já inconsciente. Além disso, o fato de Adalberto ter sido encontrado sem calças, sem os tênis e sem a câmera acoplada no capacete também levantou suspeitas.
À época, os investigadores também encontraram a vítima sem ferimentos aparentes, apenas com marcas no pescoço, que, segundo disse Ivalda Aleixo na ocasião, foram causadas pelo atrito com a fivela do capacete que o empresário usava.
Rafael Aliste, o amigo de Adalberto, chegou a ser considerado suspeito pela polícia. No entanto, apesar da investigação ter achado inconsistências no depoimento, a polícia descartou a participação dele por acreditar que não há indícios suficientes e entender que Rafael tem um álibi.
Desaparecimento
- Adalberto desapareceu na noite de uma sexta-feira (30/5), após não retornar de um evento de moto no Autódromo de Interlagos. Ele estava com um amigo.
- A esposa do empresário afirmou à polícia ter recebido uma mensagem de Adalberto, por volta das 20h, dizendo que iria ver uma corrida de motocross e seguiria para casa posteriormente.
- Rafael Aliste, amigo de Adalberto, contou às autoridades que curtiu o evento com o empresário normalmente, participaram de algumas corridas de moto, beberam bebidas alcoólicas e se despediram por volta das 21h.
- O caro do empresário estava estacionado no Kartódromo de Interlagos. O veículo, que tinha manchas de sangue em seu interior, foi apreendido pela polícia.
Quem era o empresário
Adalberto Júnior era dono da rede Óticas Angela, que tem unidades em Osasco e Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo.
Ele era casado com Fernanda Dândalo. Nas redes sociais, a mulher publicou fotos do casal em viagens internacionais, como para Paris e Roma.
Adalberto também gostava de passear de moto, hobby que era dividido com a companheira. Na última publicação do casal, Fernanda aparece ao lado do empresário, em frente a uma moto, com a legenda “motoqueiros selvagens”.