Antes de apagar os perfis e desaparecer, o CEO da empresa Extrabot, Roberto Sacramento Rodrigues, usava as redes sociais para publicar vídeos motivacionais para convencer investidores a aplicarem grandes quantias em uma “fábrica de ilusões”. Quase diariamente, o suposto trader dava dicas de aplicações e mostrava que sua empresa estava, supostamente, se expandido para 15 estados brasileiros e oito países.
Em um dos vídeos obtidos pela coluna, o criador do robô do golpe afirmava que a inteligência artificial criada por ele faria todo o trabalho de garimpar os melhores investimentos no mercado financeiro de forma automática. “Chega de investir na poupança, CDI e CDB. Chegou a hora de ter investimentos que alcancem sua liberdade financeira. Quer ser milionário? Me chama que eu vou te mostrar”, prometia o golpista.
Em outro vídeo, o dona Extrabot ressalta que para operar o seu robô, o cliente não precisa analisar gráficos ou saber a hora certa de comprar ou vender ativos. “Nosso programa dispensa que a pessoa seja trader. O nosso robô opera 24 horas por dia, 12 meses por ano, sempre escolhendo os melhores investimentos e trazendo lucros diários”, garantia o estelionatário, que teria faturado milhões com o golpe do robô.
Veja imagens do golpista falando sobre o robô que deixaria clientes ricos:
Golpes investigados
Transparecer uma falsa sensação de segurança e o suposto conhecimento profundo no mercado financeiro são traços da personalidade usados como armas pelo trader no momento de enredar vítimas e faturar milhões. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga o caso do picareta que prometia rendimentos estratosféricos com a utilização do robô que faria investimentos automáticos comprando e vendendo ativos, sempre com assertividade. Pelo menos 150 pessoas ao redor do país teriam perdido quantias entre R$ 10 mil e R$ 500 mil.
Nas redes sociais, o CEO da empresa Extrabot, ostentava uma vida de luxo, com direito a carrões esportivos, viagens em jatinho particular e noitadas em destinos paradisíacos. Toda a mordomia seria resultado dos dividendos conseguidos pelo robô que operava no mercado financeiro lucrando em dólar ao comprar e vender criptomoedas. Roberto garantia que seu programa não era uma pirâmide financeira e chegaria a devolver aos seus clientes até 2% dos valores investidos.
A imagem de investidor bem sucedido e os vídeos explicativos serviram como base de atração para captar centenas de pessoas que sonhavam em lucrar com moedas digitais. O estelionatário conseguia dar tratamento individual a centenas pessoas ao criar dezenas de grupos no WhatsApp. Em apenas um dos canais, 85 pessoas que botaram suas economias no Extrabot perderam tudo. Até faccionados do Comando Vermelho (CV) teriam aportado dinheiro do crime e perdido os valores. O picareta estaria sendo procurado pelos criminosos.
Veja imagens do trader do golpe:
1 de 6
Reprodução2 de 6
Reprodução3 de 6
Reprodução4 de 6
Reprodução5 de 6
Reprodução6 de 6
Reprodução
Patrimônio desmoronado
Algumas vítimas do robô do golpe chegaram a investir economias de uma vida inteira no projeto do Extrabot, mas quando perceberam que a corrente da pirâmide havia se quebrado, perderam apartamentos, casas e carros. O valor dos bens móveis e imóveis simplesmente evaporaram. A coluna conversou com um brasiliense que levou um tombo de pelo menos R$ 55 mil. Ele havia usado a rescisão recebida após ser demitido para investir no robô.
Segundo o analista de negócios, ele havia conhecido Roberto por meio de um amigo. “Uma pessoa que é do meu círculo de amizade estava aportando dinheiro no Extrabot desde janeiro deste ano e contou que recebia os lucros normalmente. Ele havia comentado que o negócio era uma espécie de comunidade de investimento e não pirâmide. Senti uma certa segurança quando o Roberto passou a me atender individualmente. Primeiro, coloquei cerca de $ 2 mil, e depois fui aumentando”, contou.
O brasiliense fez o aporte dos R$ 5 mil no mesmo dia em que a pirâmide ruiu e o CEO da Extrabot desapareceu. “A plataforma de investimentos saiu do ar, e ele nunca mais respondeu WhatsApp ou qualquer outro canal de comunicação. Esse robô engoliu o dinheiro de todos os investidores e Roberto desapareceu. Ficamos todos no prejuízo. As vítimas se juntaram e criaram um perfil no Instagram para denunciar os golpes”, contou.
Comprovantes atrativos
A coluna identificou vítimas do robôdo golpe em pelo menos oito estados, além do DF. A postagem de supostos comprovante de pagamentos em que clientes estariam recebendo grandes quantias como rendimentos do dinheiro investido. “O Roberto usava essas postagens em dezenas de grupos onde haviam centenas de pessoas. A publicação dos comprovantes de transferência atraiam mais pessoas desavisadas”, disse a vítima
A coluna tentou entrar em contato com o CEO da Extrabot pelos telefones que ele costumava usar para falar com os investidores, mas ninguém respondeu às chamadas. O espaço permanece aberto para manifestações.