É hora de olhar para as small caps. Quem defende essa tese é Rodolfo Amstalden, analista e cofundador da Empiricus Research, uma das principais casas de análise do país.
Segundo o analista, uma convergência rara de três eventos, nos cenários nacional e internacional, poderá gerar fortunas a investidores. Da última vez que um ciclo como esse aconteceu na bolsa, no começo dos anos 2000, brasileiros tiveram a chance de ficar milionários investindo em papéis que subiram até mais de 100.000%.
Amstalden é um dos responsáveis pela Microcap Alert, carteira recomendada da Empiricus formada por seis ações “nanicas” da bolsa brasileira com grande potencial de valorização.
Só no mês de maio, a carteira de microcaps do analista valorizou 8,96%, contra 5,94% do SMLL, índice que representa essa categoria de ações pequenas da B3, e apenas 1,45% do Ibovespa.
No acumulado do ano, a carteira já gerou um retorno de quase 25% a quem segue suas recomendações. Mas, na visão de Amstalden, o melhor ainda está por vir – e essa alta de 25% “não é nem a entrada, é só o couvert” do verdadeiro banquete que small caps brasileiras poderão servir a seus acionistas.
Em entrevista, Amstalden fala sobre essa janela de oportunidade presente na bolsa brasileira agora, porque ela é especialmente atrativa para as ações de empresas com baixa capitalização, e ainda explica como é feita a seleção de empresas para a carteira do Microcap Alert.
TEMPORADA DE SMALL CAPS: DESCUBRA QUAIS SÃO AS DE MAIOR POTENCIAL
O que te faz acreditar que estamos diante de um novo grande ciclo da bolsa brasileira? E por que essa janela é tão rara?
Rodolfo Amstalden: “Existem duas visões, uma estatística e uma conjuntural, e ambas se conversam nesse momento.
A visão estatística tem a ver com a análise em longo prazo dos ciclos de mercado. Esses ciclos costumam durar entre 7 e 10 anos e podem acompanhar ciclos de negócios, da taxa de juros, de commodities internacionais… A gente teve um mini bull market, digamos assim, no começo do governo Bolsonaro, que foi imediatamente atropelado pela pandemia.
Desde então a bolsa anda meio de lado. Óbvio que isso não é uma garantia, de que só por ter sofrido você vai comemorar depois. Mas a história mostra essa arquitetura cíclica.
Para deixar um pouco mais tangível, falando de small caps, o índice SMLL transita historicamente numa mediana de 16x lucros e numa média de 20x lucros. Atualmente, o índice está em torno de 10x lucros. A mera recomposição do patamar atual para essa média ou mediana implicaria em um upside da ordem de 60% a 100%.
E, aqui, estamos falando simplesmente de voltar para a média. O último pico foi de 30x lucros, o que resultaria em uma valorização ainda muito maior.
Mas não adianta nada a estatística ajudar e a conjuntura atrapalhar. E é aí que entram três grandes pilares que alimentam essa tese de um futuro ciclo de alta da bolsa brasileira.”
Quais são esses três pilares?
Rodolfo Amstalden: “O primeiro é internacional. A eleição de Donald Trump acabou gerando forças imprevisíveis que, por acaso, estão beneficiando a dinâmica de fluxo de dinheiro estrangeiro para mercados emergentes, como o Brasil.
Os EUA têm sido um grande dreno de dinheiro global, com uma hiperconcentração de recursos principalmente nas big techs americanas, mas também nos treasuries e em todo o ‘kit Estados Unidos’.
Um pedaço desse dinheiro acabou ficando muito desconfortável com toda essa incerteza gerada pelo Trump, saiu dos Estados Unidos e foi procurar outras fontes de risco/retorno. E o Brasil pega uma parte desse desvio de rota. É a entrada do chamado big money.
Os outros dois fatores são domésticos. Um é relacionado à taxa de juros. A gente está com um nível de juros nominal e real gigantesco. Tentamos reduzi-los recentemente, não conseguimos. Fizemos a lição de casa desde então, mesmo com transição de comando do Banco Central, com Galípolo. E as últimas leituras de inflação corroboram para uma eventual queda da Selic.
Não estamos preocupados se a Selic vai começar a cair semana que vem ou daqui a 50 dias. O que importa é a direção. Não só os juros de curto prazo, mas todos os vértices da curva de juros.
E o efeito disso sobre a bolsa e, particularmente, sobre as small caps, é muito significativo. Primeiro por causa do balanço das empresas: com o custo do CDI caindo, diminui o impacto da dívida e sobra mais fluxo de caixa.
O outro ponto tem a ver com liquidez. Com a Selic a 14%, 15% ao ano, o interesse sobre renda variável naturalmente diminui. Já com a Selic a 10% ou 12% ao ano, você começa a atrair mais interessados no ambiente de bolsa. E no caso das small caps, que têm liquidez muito baixa, qualquer pequeno centavo já faz bastante diferença no preço de tela.
Por fim, outro fator doméstico tem a ver com a política. O mercado não está muito satisfeito com o governo Lula, principalmente com a questão da responsabilidade fiscal. O mesmo mercado também vê a possibilidade de um de um governo mais amigável a partir de 2026. Fala-se, principalmente, sobre o Tarcísio.
Essa mudança também poderia ser bastante impactante para a reprecificação da bolsa brasileira e para as small caps.”
E você diria que a gente está diante do início desse ciclo, ou ele já começou e os investidores ainda não perceberam?
Rodolfo Amstalden: “Eu acho que ele começou de uma forma tímida. A nossa carteira de microcaps já valorizou 25% desde o início do ano. Só em maio, vimos uma alta de 8,96% – a oitava maior valorização mensal da história da carteira.
Agora, se esse for um super-ciclo de verdade, essa alta de 25% é meramente simbólica. Não é nem uma entrada, é apenas um couvert do que ainda pode estar por vir para algumas small caps.”
Qual erro o investidor, que pretende surfar esse ciclo das small caps, não pode cometer agora?
Rodolfo Amstalden: “Entrar nas ações muito tarde é um erro comum, mas é um erro de manada. O investidor está com os incentivos apontando para a renda fixa, e muitas vezes com travas para sair dela, com papéis vencendo mais adiante e que podem fazer ele perder dinheiro negociando no mercado secundário.
Mas o investidor médio ainda consegue ganhar dinheiro mesmo entrando no meio do ciclo. Existe um outro erro, ainda pior, que não tem nada a ver com o investidor médio.
Está em investir nas ações mais arriscadas, com mais beta, mais alavancagem, porque parecem mais baratas, sem olhar para o balanço das empresas. De fato, elas podem subir muito, mas com um perfil de risco que eu não considero o mais adequado. Isso dá uma chance de você cometer grandes equívocos.”
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Como é feita a seleção das empresas para a carteira de microcaps da Empiricus?
Rodolfo Amstalden: “O universo das small caps é dominado por seleção adversa, mas existem alguns fatores aos quais estamos atentos. Muitas das empresas pequenas tiveram histórias frustradas desde o IPO. Então a gente entra nesse universo com muita cautela, com muito ceticismo, para evitar essas armadilhas.
A gente sempre olha para os setores onde as empresas atuam e, independentemente da empresa ter uma capitalização de mercado pequena, observamos se ela exerce um papel de liderança no setor em que atua, ou se tem ao menos um market share relevante. Normalmente, isso é uma condição necessária para entrar na carteira.
A outra ótica é se tem alguma história de injustiça, de um erro que foi remediado, de uma recondução de board, de corpo executivo… O que a gente chama de back to basics. Uma situação em que a empresa começou em uma direção ruim, percebeu e voltou para um caminho mais saudável.
Essa não é uma condição necessária, mas acaba sendo bastante comum nas teses que a gente inclui na carteira.
Uma delas, por exemplo, teve um resultado muito emblemático no primeiro trimestre deste ano: ela tinha uma estratégia de internacionalização que não estava dando certo, voltou a priorizar produtos daqui e canais de distribuição mais rentáveis, teve um resultado excepcional e a ação subiu mais de 10% só com base no resultado.
Também olhamos coisas básicas, mas vitais, como estrutura de capital. Algum nível de endividamento às vezes é até bem-vindo, mas a empresa não pode ter uma super alavancagem.
Marcas fortes também são importantes – ou, no jargão técnico do analista, o brand equity.
Além disso, tem que ter algum crescimento de receita, um crescimento de margem é muito bem-vindo, ou pelo menos preservar a margem. Normalmente são empresas carentes: no caso de muitas, nós somos a única casa de análise que acompanha.
Algumas dessas empresas também estão numa jornada de médio a longo prazo para ganhar liquidez. Seja pela saída de algum acionista mais passivo, seja por um movimento de follow-on. Isso também pode ser um gatilho importante na escolha das companhias.”
Qual o peso da análise qualitativa (gestão, governança, posicionamento estratégico) em comparação à análise quantitativa (múltiplos, margens, crescimento)?
Rodolfo Amstalden: “Normalmente, o nosso interesse pelas empresas começa mais quantitativo e migra para o qualitativo. Aplicamos filtros no começo da análise que, por definição, tendem a ser mais quantitativos.
Conforme as condições desses filtros vão sendo satisfeitas, passamos a olhar para o qualitativo. Chamo a empresa para conversar, estudo a história da companhia, acompanho resultados…
Temos uma metodologia para definir a importância de cada empresa na carteira, principalmente através dos pesos. Quando estamos ‘flertando’ com uma empresa, o que a gente chama de estar em ‘posição exploratória’, ela ganha um peso de 5% na carteira. Conforme nos aproximamos mais e confiamos mais na tese, esse peso pode aumentar até no máximo 30%.”
Hoje, a carteira de microcaps da Empiricus é composta por apenas seis ações. Isso reflete uma filosofia de ‘poucas e boas’ – ou seja, você prefere concentrar a carteira em poucas empresas de alta convicção, ou esse número enxuto é condicionado ao cenário atual?
Rodolfo Amstalden: “Charlie Munger tinha uma frase sobre ‘a diversificação é a arma dos investidores que não sabem o que fazem’. No contexto da carteira de microcaps, a gente consegue perceber alguns alguns benefícios da concentração.
Dá muito trabalho estudar essas empresas, muito mais trabalho do que estudar Vale ou Petrobras, por exemplo. Então, você precisa de uma certa forma também ser remunerado pelo trabalho, já que você está lidando com informações assimétricas e, muitas vezes, fazendo isso sozinho no mercado. Essa conta só fecha, na minha opinião, por meio da concentração.”
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A Empiricus enxerga urgência na tese de investimento em small caps frente ao grande ciclo de valorização que está prestes a acontecer. Por isso, Rodolfo Amstalden e seu sócio-fundador da Empiricus, Felipe Miranda, realizarão uma reunião aberta a investidores na próxima segunda-feira, dia 16.
Nessa reunião, os analistas darão mais detalhes sobre a tese de investimento na bolsa e, ainda, revelarão o acesso à carteira de microcaps da casa de análise. Para participar gratuitamente, basta se cadastrar no link abaixo.
MICROCAPS: QUERO PARTICIPAR DA REUNIÃO DA EMPIRICUS
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