Após ser deportado nessa quinta-feira (12/6) de Israel, onde ficou detido por quatro dias em greve de fome, o brasileiro Thiago Ávila, de 38 anos, desembarcou no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, por volta das 5h40 da manhã desta sexta-feira (13/6). Ele foi recebido por um grupo de cerca de manifestantes pró-Palestina.
O ativista estava sob custódia de Israel desde a madrugada da última segunda-feira (9/6), quando o veleiro em que estava com outros onze ativistas foi interceptado pela Marinha israelense no Mar Mediterrâneo. A embarcação Madleen, da Coalizão Flotilha da Liberdade, levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
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Brasileiro Thiago Ávila é deportado
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Grupo de manifestantes pró-Palestina no saguão do aeroporto de Guarulhos
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Thiago Ávila
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Thiago se recusou a assinar papéis da deportação
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Greta e Thiago quando chegaram a Israel
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Na quarta-feira (11/6), uma decisão da Justiça de Israel, após audiência com os ativistas, determinou a deportação de Thiago Ávila e retorno ao Brasil. A defesa apontou a inexistência de delito, porque os passageiros “estavam em águas internacionais com embarcação civil desarmada com autorização para navegar”.
O Palácio Itamaraty confirmou, “com satisfação”, a volta de Thiago ao Brasil. “Desde a interceptação do veleiro Madleen por forças israelenses, na madrugada de 9/6, em águas internacionais entre as costas da Palestina e do Egito, o Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Tel Aviv [em Israel], atuou de modo a garantir a segurança e a integridade física do brasileiro”, informou o órgão, em nota.
Greve de fome
De acordo com a Flotilha da Liberdade, Thiago não foi deportado imediatamente, como a ambientalista sueca Greta Thunberg, por ter se negado a assinar um documento em que reconheceria que cometeu um crime ao tentar entrar em Israel.
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Brasileiro Thiago Ávila é deportado
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Thiago Ávila
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Thiago se recusou a assinar papéis da deportação
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Greta e Thiago quando chegaram a Israel
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Ao Metrópoles, a irmã do ativista, a policial civil Luana Ávila, disse que ele não concordou com a autodeportação porque assumiria culpa sobre entrada ilegal no território de Israel. Com isso, o brasileiro foi levado para a solitária de um centro de detenção, em uma cela escura e pequena, onde iniciou uma greve de fome em protesto.
Após essas ações, de acordo com um comunicado da advogada do ativista, Thiago Ávila contou que ameaçaram deixá-lo na solitária por sete dias, sem contato com outras pessoas, inclusive com a defesa.
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Além do brasileiro, foram deportados Mark van Rennes (Holanda), Suayb Ordu (Turquia), Yasemin Acar (Alemanha), Reva Viard (França) e Rima Hassan (França). Dois ativistas franceses, Pascal Maurieras e Yanis Mhamdi, seguem detidos na Prisão de Givon, com deportação prevista para esta sexta.
Ajuda humanitária
Doze ativistas saíram em 1° de junho da Itália a bordo do veleiro Madleen com destino para a Faixa de Gaza. Entre eles, além de Ávila, estavam a ativista sueca Greta Thunberg e a deputada francesa do Parlamento Europeu Rima Hassan.
Todos foram detidos após a abordagem do barco no domingo (8/6) pela Marinha israelense, a cerca de 185 quilômetros da costa do território palestino. Ávila afirmou em uma gravação que a embarcação deles foi interceptada pelo exército.
Veja:
Na ocasião, um vídeo publicado no X pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel mostrou a Marinha israelense se comunicando com o Madleen por meio de um alto-falante, instando-o a mudar de rota porque a zona marítima ao largo da costa de Gaza estaria fechada ao tráfego naval. A pasta refere-se à embarcação como “iate da selfie”.
The Israeli Navy is currently communicating with the “selfie yacht”. Using an international civilian communication system, the Israeli Navy has instructed the “selfie yacht” to change its course due to its approach toward a restricted area. pic.twitter.com/KnSqWrsXU2
— Israel Foreign Ministry (@IsraelMFA) June 8, 2025
Quatro dos ativistas – a sueca Greta Thunberg, dois franceses e um espanhol – voltaram para seus países na terça-feira (10/6), após aceitarem a exportação de Israel.
Greta Thunberg afirmou na própria terça-feira em Paris, onde fez escala antes de chegar à Suécia, que os ativistas foram “ilegalmente atacados e sequestrados” e “transferidos para Israel contra sua vontade”.
Em 19 de maio, o bloqueio de ajuda humanitária a Gaza foi flexibilizado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, após um bloqueio terrestre de três meses com todos os pontos de passagem fechados pelas autoridades israelenses. A Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês) é priorizada para distribuir itens de ajuda, uma organização apoiada pelos EUA e por Israel, mas amplamente condenada por grupos humanitários.