O Mercado Livre (MELI34) resolveu dobrar a aposta para continuar reinando no e-commerce brasileiro. A empresa reduziu o valor mínimo de compra para ter acesso ao frete grátis de R$ 79 para apenas R$ 19 — o menor da história da companhia no país.
A medida vale para todas as regiões, dispositivos e meios de pagamento, sem necessidade de cupom.
A decisão, segundo o Itaú BBA, tem nome: concorrência. Em relatório assinado por Rodrigo Gastim, os analistas classificam a estratégia como agressiva, especialmente por mirar categorias de menor valor — onde plataformas como a Shopee têm ganhado cada vez mais terreno.
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A estratégia do Mercado Livre
E o movimento do Mercado Livre não vem isolado. Ele sucede um corte recente de até 40% nos custos de frete para alguns produtos e reforça o esforço da gigante argentina em ampliar a frequência de compras, conquistar novos usuários e aprofundar sua presença entre consumidores mais sensíveis a preço.
Mas, para o BBA, há mais em jogo do que um simples ajuste tático. O banco enxerga o passo como parte de uma ofensiva mais ampla, sustentada por um ativo poderoso: a infraestrutura logística. “A empresa está implementando um manual extremamente difícil de ser replicado pelos concorrentes”, destacam.
Trata-se, segundo os analistas, de um movimento típico de quem lidera o mercado — e sabe usar a escala a seu favor. “É um caso claro do líder usando sua força para pressionar e bloquear o avanço de novos players na base da pirâmide de tíquetes”, conclui o relatório.
O impacto pode ser grande
A jogada do Mercado Livre para defender território no e-commerce brasileiro pode ter um custo — e ele não é pequeno. Segundo o Itaú BBA, o impacto da nova política de frete grátis, com mínimo reduzido para R$ 19, pode representar cerca de 10% do Ebit e do lucro líquido estimados para 2025.
Embora reconheça o poder estratégico da medida — ao reforçar a liderança e limitar o avanço da concorrência —, o BBA alerta que o movimento pressiona os resultados de curto prazo. A casa, que mantém recomendação de compra para as ações MELI34, promete acompanhar de perto a reação do mercado e dos concorrentes.
“Seguiremos monitorando como o ambiente competitivo evolui, como os pares respondem a essa mudança de preços e a capacidade do Mercado Livre de capturar GMV incremental para justificar essa compensação”, diz o relatório assinado pelos analistas.
Já o Goldman Sachs vê o copo meio cheio. Para o banco americano, embora a redução no valor mínimo do frete possa pressionar as margens Ebit nos próximos trimestres — e até afetar projeções para 2026 —, a expectativa é de que o efeito líquido no crescimento absoluto do Ebit seja positivo.
Assim como o BBA, o Goldman também reitera a recomendação de compra para o papel.
*Com informações do Money Times
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