Se há menos de um mês, a MRV (MRVE3) conseguiu encantar o mercado com a promessa de voltar a ser a “estrela do setor imobiliário”, nas palavras do CEO Rafael Menin em encontro com investidores e jornalistas, as esperanças do mercado parecem ter ido por água abaixo com os resultados do primeiro trimestre de 2025.
Desde o MRV Day, em 16 de abril, quando a diretoria da incorporadora revelou seu plano para trazer a empresa de volta à sua fase áurea, as ações da incorporadora subiram 8%.
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Porém, nesta sexta-feira (9), a ação devolveu os ganhos, com uma queda de 11,35% Isso porque os resultados do período entre janeiro e março foram considerados fracos.
No primeiro trimestre de 2025, a operação consolidada da MRV&Co reportou um prejuízo líquido de R$ 262,8 milhões, que representa uma piora acentuada em relação ao mesmo período de 2024, quando o grupo teve prejuízo de R$ 11 milhões.
O desempenho foi bastante pressionado pelo resultado negativo da Resia, operação multifamily da empresa nos EUA, especializada em imóveis para locação, afetada pelos juros elevados por lá, que ocasionaram desembolsos acima do esperado pela MRV.
O braço norte-americano da companhia reportou prejuízo de R$ 279,7 milhões no primeiro trimestre deste ano.
A principal unidade de negócios do grupo, a MRV, registrou lucro de R$ 25,8 milhões, o que representa uma queda de 52% em relação ao ano anterior. Essa redução foi causada pelas dificuldades na finalização dos repasses aos bancos referentes a 1,4 mil apartamentos vendidos no período, o que resultou em uma perda de R$ 155 milhões em receita.
As demais divisões da MRV&Co apresentaram prejuízos: a Luggo, focada em locação, registrou perdas de R$ 3,4 milhões, enquanto a Urba, de projetos urbanos, teve um prejuízo de R$ 5,6 milhões.
Destaques do balanço da MRV
As receitas líquidas consolidadas atingiram R$ 2,28 bilhões no primeiro trimestre, registrando um crescimento de 20% em relação ao ano passado, mas 4% abaixo da estimativa da análise.
Nas operações do Minha Casa Minha Vida, a MRV conseguiu elevar a margem bruta ajustada para 32,8%, um aumento de 250 pontos-base em relação ao ano anterior, impulsionado em cerca de 100 pontos-base pelas reversões das despesas de PDA (Provisão para devedores duvidosos, na sigla em inglês) e pelos impactos de NPV (valor presente líquido).
A empresa também realizou a venda de um portfólio de recebíveis no primeiro trimestre de 2025, o que resultou em uma perda de R$ 73 milhões, afetando o desempenho geral. Como resultado, as operações de baixa renda da MRV apresentaram um prejuízo de R$ 70 milhões no período, sendo impactadas por uma perda líquida de R$ 43 milhões nas securitizações, além de um consumo de caixa de R$ 69 milhões.
No lado positivo, a empresa apresentou uma margem bruta de 28,6% (ajustada pelo efeito positivo relacionado à venda de recebíveis), em linha com os 28,5% esperados pelo consenso e acima da previsão de 28,2% do BTG Pactual.
Embora uma reação negativa do mercado de ações fosse esperada, é importante lembrar que a MRV é a segunda ação mais vendida a descoberto na bolsa brasileira (20% do float) e negocia com uma avaliação descontada, na visão dos analistas.
Isso faz com que a ação esteja mais correlacionada com oscilações no sentimento macroeconômico do que no desempenho micro, aponta o Itaú BBA.
O que fazer com os papéis?
O BTG Pactual acredita que as ações estão descontadas, sendo negociadas a 0,75x o preço sobre o valor contábil tangível. “Portanto, vemos um grande potencial de valorização assim que os resultados se normalizarem, razão pela qual mantemos nossa recomendação de compra para as ações”, escreveram os analistas em relatório.
O Itaú BBA segue na mesma linha, recomendando a compra dos papéis. O banco destaca que a MRV anunciou a venda de dois ativos na operação da Resia no segundo trimestre de 2025.
O projeto Dallas West foi negociado por US$ 57 milhões, resultando em uma entrada de caixa de US$ 57 milhões para o trimestre, mas gerando um prejuízo bruto de US$ 22 milhões. Além disso, os terrenos Palmetto e Weatherford foram vendidos por US$ 14 milhões, com uma geração de caixa de US$ 9 milhões para o período.
Cabe lembrar que a valorização dos empreendimentos da Resia está diretamente ligada à taxa de ocupação: quanto mais unidades alugadas, maior o valor de mercado do ativo.
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