Foi-se o tempo em que para correr era necessário apenas uma garrafinha e um sonho. Nas últimas décadas, a prática esportiva se popularizou e se modernizou, impulsionada por uma avalanche de gadgets que prometem otimizar as passadas, monitorar os batimentos cardíacos e transformar dados em insights valiosos para atletas amadores e profissionais.
Mas como essa tecnologia está, de fato, mudando a prática e o mercado da corrida? Esses dispositivos valem realmente o investimento?
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O que é a corrida inteligente?
A chamada corrida inteligente (smart run, em inglês), refere-se à prática da corrida mediada por aplicativos e tecnologias de uso pessoal, os wearables. Eles coletam, analisam e apresentam dados sobre o desempenho do praticante.
O objetivo é claro: fornecer um panorama detalhado que auxilie na melhoria da performance, na personalização do treino, na prevenção de lesões e, especialmente, na manutenção da motivação.
Leandra Batista, professora de Educação Física do Centro Universitário de Brasília (CEUB), conta que os wearables evoluíram para oferecer monitoramento de saúde integrado, incluindo frequência cardíaca, oxigenação e até alertas de desidratação.
“Hoje, contamos com dispositivos que analisam desde a biomecânica até o nível de fadiga em tempo real. Entre os principais avanços, estão sensores de movimento que medem oscilação vertical, cadência e tempo de contato com o solo”.
Para João Pedro Santoro, especialista em treinamento funcional, as novas tecnologias vêm exercendo papel fundamental na melhora de resultados:
“Hoje em dia, cada vez mais, as pessoas que praticam a corrida buscam melhorar e potencializar a prática do esporte. Além de otimizar o tempo, esse acompanhamento ajuda a definir metas e avaliar o processo e o progresso”.
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Do desempenho à motivação: como os gadgets transformam o treino
Júlio Dotti, treinador físico e embaixador da Saucony, marca especializada em tênis de corrida, destaca que o uso da tecnologia aliada ao esporte deu um salto a partir do uso do GPS, que libertou o corredor da medição de distância que dependia de locais marcados ou estimativas.
“Com a chegada do GPS, tudo ficou mais prático: você podia correr onde quisesse e ainda assim ter dados precisos sobre distância, ritmo e velocidade”, afirma Dotti.
Ele também enfatiza que os dados hoje são mais confiáveis. O que antes era uma percepção do atleta se transformou em registros concretos:
“Hoje em dia, conseguimos ter dados para embasar essas sensações. Isso evita lesões, melhora a performance a longo prazo e deixa o treino muito mais eficiente. O maior benefício é esse: tomar decisões com base em dados reais, não só na intuição”.
Recentemente, o uso da inteligência artificial também tem se expandido com força para revolucionar o modo com que a corrida é praticada.
“Ela possibilita não apenas monitorar números em tempo real, como os do batimento cardíaco, mas também interpretar os resultados e comparar com o histórico de treino, entre outros índices e aspectos”, afirma Santoro.
“Um estudo recente publicado no Journal of Sports Science & Medicine (2023) mostrou que corredores que usaram feedback em tempo real tiveram 18% menos lesões por overtraining, o que nos faz refletir sobre o impacto direto da tecnologia tanto no desempenho quanto na segurança do atleta”, completa Leandra Batista.
Vencendo barreiras e obstáculos
A evolução tecnológica na corrida deixou de ter foco exclusivo no desempenho, como ritmo e distância, para incluir também um foco na técnica, como o tipo de pisada e cadência. Dados antes restritos a atletas de alta performance, agora estão no pulso ou no smartphone. Essa democratização da informação permite um autoconhecimento sem precedentes, com dispositivos que oferecem feedback em tempo real ou análises detalhadas pós-treino.
Para João Pedro, além da melhoria física e objetivos alcançados, as novas tecnologias aliadas à corrida também influenciam na motivação:
“Mais do que uma moda passageira, essas ferramentas possibilitam conhecimento. Dá para ver como é possível vencer barreiras e obstáculos. É uma possibilidade de superação para muitas pessoas. E isso é importante para quem se propõe a iniciar um esporte como a corrida”, afirma.
Uma pesquisa do British Journal of Sports Medicine mostrou que corredores que usavam dispositivos com feedback apresentaram mais consistência nos treinos, melhoraram a economia de corrida e reduziram lesões por ajustes na postura.
“Mas é importante ressaltar: a tecnologia, sozinha, não basta. É fundamental ter o acompanhamento de um profissional que saiba interpretar esses dados corretamente”, lembra Leandra Batista, que cita aplicativos que criam metas gamificadas e competições virtuais que mantêm os atletas engajados.
Impacto no mercado
Junto à transformação da experiência do atleta, o mercado de tecnologia para corrida explodiu, refletindo a busca generalizada por novas ferramentas. Essa expansão é alimentada por uma competição entre gigantes da tecnologia, marcas especializadas em esporte e novos players, formando um setor multimilionário que continua a crescer a taxas impressionantes.
Para além dos gadgets e wearables, aplicativos fitness, cujo mercado global de receita deve ultrapassar US$ 25 bilhões até 2026, segundo a Statista, são o cérebro da operação. O Strava, que organiza a prática esportiva de praticantes de corrida, ciclismo e trilhas, já conta com mais de 100 milhões de usuários registrados globalmente, exemplificam o poder desse ecossistema.
Guiados por profissionais, selecionamos 10 gadgets que realmente fazem a diferença ao corredor.
Smartwatches
Garmin Forerunner 965
Ainda na última semana, rumores apontavam para o lançamento de um inédito modelo 970 da Garmin. Mas a realidade é que o Garmin Forerunner 965 já é um aliado para lá de completo do corredor profissional. Pensando especialmente em atletas de alta performance, ele leva ao pulso métricas cruciais de corrida, como cadência, comprimento da passada e tempo de contato com o solo. Além disso, mostra sugestões de rotas, dados de recuperação e desempenho, planos de treinamento, relatórios personalizados e dicas diárias de exercícios.

Polar Vantage M3
Equipado com GPS integrado e múltiplos perfis esportivos, o Polar Vantage M3 oferece ao atleta recursos avançados de análise de treino e recuperação por um valor considerado intermediário. Não se deixe enganar pelo design minimalista da peça: o Polar Vantage M3 fornece insights valiosos para otimizar a rotina e alcançar metas pessoais de forma mais eficaz.

Galaxy Watch Ultra
O mais avançado smartwatch da Samsung usa inteligência artificial para comparar desempenho atual com registros anteriores, levando ao atleta insights ainda mais personalizados. Os recursos vão além do treino: conta com monitoramento de frequência cardíaca, pressão arterial, ECG, sirene de emergência e detecção de quedas.

Apple Watch Series 10
Além de oferecer treinos personalizados, o Apple Watch Series 10 mostra ao corredor métricas como cadência, oscilação vertical, tempo de contato com o solo e potência de corrida. O smartwatch da Apple ainda analisa o esforço físico ao longo dos dias, ajudando a evitar o overtraining.

Fones
JBL Endurance Race 2 ou JBL Endurance Peak 3
Aqui um empate técnico. E por um bom motivo: tanto o JBL Endurance Peak 3 quanto o JBL Endurance Race 2 são resistentes à água e poeira, com as tecnologias Powerhook e TwistLock no design intra-auricular, assegurando firmeza e conforto até mesmo em movimentos mais intensos. Os dois também contam com os modos Ambient Aware e TalkThru para maior segurança na hora da corrida. O que muda, então? Nesse caso é a haste: enquanto o peak oferece haste externa, o race possui design anatômico de ajuste interno. Equivalentes em tecnologia, essa dupla deixa ao corredor a decisão pelo modelo ideal.


Shokz OpenRun Pro 2
Ideal para corredores, o Shokz OpenRun Pro utiliza tecnologia de condução óssea e design de ouvido aberto: diferente dos fones intra-auriculares, ele transmite o som pelas maçãs do rosto, mantendo os ouvidos livres para perceber o ambiente, crucial para a segurança ao ar livre.

Airpods 2 Pro
Cancelamento de ruído ativo, detecção de uso, áudio espacial, modo ambiente adaptável e resistência ao suor fazem do AirPods Pro 2 ótima opção aos que usam o Apple Watch durante a corrida, oferecendo emparelhamento instantâneo. Os comandos de voz via Siri também ajudam na otimização da performance.

Anéis
Oura Ring 4
Com sensores avançados e tecnologia Smart Sensing, o Oura Ring 4 rastreia métricas como frequência cardíaca, temperatura corporal, níveis de SpO2 e padrões de sono. Oferece ainda insights personalizados sobre a atividade física, ajudando a otimizar hábitos e a detectar sinais precoces de fadiga.

Samsung Galaxy Ring
O Galaxy Ring acompanha métricas vitais como frequência cardíaca, qualidade do sono, temperatura da pele e atividade física diária. O destaque aqui vai – novamente – para a utilização da inteligência artificial, carro-forte da Samsung, que fornece insights personalizados através do aplicativo Samsung Health.

Outros
Polar Verity Sense
O Polar Verity Sense é um sensor de batimentos óptico, confortável e versátil, já que pode ser usado no braço ou têmpora. Conecta com aplicativos e relógios via bluetooth, grava até 600h de treino e é resistente à água e suor.

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