Em uma semana mais curta, por conta do feriado da Páscoa, o Ibovespa e as bolsas americanas inverteram as tendências: enquanto o principal índice acionário brasileiro fechou os quatro dias com valorização de 1,54%, todas as bolsas de Nova York caíram.
Em números mais exatos: o Dow Jones terminou a semana com queda de 2,66%; a Nasdaq, com desvalorização de 2,62% e o S&P 500, com 1,5%.
O dólar também teve uma semana de perdas: fechou com queda de 1,14% na semana, a R$ 5,8037 na quinta-feira (17). Este foi o menor valor de fechamento desde 3 de abril (R$ 5,6281), dia seguinte ao anúncio das tarifas americanas.
O motivo para essa movimentação tem nome e sobrenome: Donald Trump.
Como de praxe nos últimos meses, o presidente americano foi um verdadeiro “maestro” dos mercados, principalmente por conta da guerra comercial.
Na noite de quinta-feira (17), o mercado começou a ouvir — ainda que bem baixo — o “som dos violinos”. Isso porque Trump anunciou que a China tinha entrado em contato com os Estados Unidos para negociar as tarifas de 145% impostas sobre as importações chinesas.
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O impacto do ‘chefão’ do BC americano
Na orquestra, um outro nome também foi importante para definir o ritmo do sobe-e-desce das bolsas: Jerome Powell. Na quarta-feira (16), o presidente do banco central americano (Fed) falou pela primeira vez o que pode acontecer com os EUA após a imposição das tarifas.
Powell reconheceu que foi pego de surpresa pelo tarifaço do presidente norte-americano e admitiu que os novos impostos têm grande probabilidade de gerar ao menos uma aceleração temporária da inflação e tornar os efeitos inflacionários mais persistentes.
“O nível dos aumentos tarifários anunciados até agora é significativamente maior do que o previsto. O mesmo provavelmente se aplicará aos efeitos econômicos, que incluirão inflação mais alta e crescimento mais lento”, disse ele ao discursar para o Clube Econômico de Chicago.
“Não há experiência moderna para lidar com tarifas deste porte”, acrescentou.
Os mercados em Wall Street foram às mínimas da sessão com as declarações de Powell.
Para fechar a sinfonia em Nova York, duas importantes empresas americanas ajudaram a “desafinar” os índices:
- A UnitedHealth, que entregou resultados abaixo do esperado e penalizou o Dow Jones; e
- A Nvidia, que deu um “golpe” no setor de tecnologia após o anúncio de que precisaria de uma licença especial para exportar chips para a China e para alguns outros países.
Ibovespa durante a semana
O Ibovespa registra perda de 0,47% no mês de abril. No entanto, nesta última semana, o índice conseguiu um respiro devido à recuperação dos preços das commodities, com destaque para o petróleo.
Na quarta-feira (16), o relatório de produção da Vale (VALE3) referente ao primeiro trimestre de 2025 foi o que repercutiu com mais força entre os investidores brasileiros.
Já na terça-feira (15), o desempenho das ações já davam uma pista do que os acionistas esperavam para os números. Os papéis da mineradora encerraram o dia com queda de 1,21%, cotados a R$ 53,70 — bem próximos da mínima da sessão.
- A companhia informou, após o fechamento do mercado, que a produção de minério de ferro somou 67,664 milhões de toneladas métricas (Mt) entre janeiro e março, o que representa uma queda de 4,5% em base anual. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a queda foi muito maior, de -20,7%.
Outra notícia que movimentou um “peso pesado” da bolsa foi a redução do preço do diesel pela Petrobras (PETR4). A estatal informou ao mercado que vai reduzir os preços de venda de diesel em R$ 0,12 por litro para as distribuidoras. O preço passa a ser, em média, de R$ 3,43 por litro a partir de hoje (18).
Na renda fixa local, todas as taxas de juros futuros registraram recuo na semana, especialmente nos vencimentos mais longos.
Esse movimento foi impulsionado pelas incertezas em torno de uma possível recessão global, que, caso se concretize, poderia afetar os preços das commodities e provocar uma redução nas taxas de juros pelos principais bancos centrais.
Data de fechamento | Ibovespa | Variação % |
14/04 | 129.453,91 pontos | 1,39% |
15/04 | 129.245,39 pontos | – 0,16% |
16/04 | 128.316,89 pontos | – 0,72% |
17/04 | 129.650,03 pontos | 1,04% |
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Dólar durante a semana
No mês de abril, a divisa americana sobe 2,56%. Já no acumulado do ano, o dólar perde 5,32%.
Nesta semana de feriado de Páscoa, estas foram as movimentações da moeda a partir de segunda-feira (14):
Data de fechamento | Dólar | Variação % |
14/04 | R$ 5,8512 | – 0,33% |
15/04 | R$ 5,8900 | 0,66% |
16/04 | R$ 5,8650 | – 0,42% |
17/04 | R$ 5,8037 | – 1,05% |
Nesta sexta-feira, as bolsas do Brasil, de Nova York, da Europa e de Hong Kong permanecem fechadas devido ao feriado.
A bolsa brasileira só retoma as atividades na terça-feira (22), com funcionamento normal, das 10h às 17h.
Durante o feriado, todas as negociações no mercado — incluindo ações, fundos, derivativos, renda fixa e outros — estarão suspensas, assim como registros, liquidações e contratações.
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