Todo mundo parece conhecer Vincent Van Gogh em pinceladas soltas. O artista holandês só fez sucesso depois de sua morte. Tinha uma relação epistolar intensa com seu irmão, Theo. Viveu em uma espécie de hospital psiquiátrico na França. Cortou a orelha após uma briga com o amigo Paul Gauguin. Pintou girassóis, céus estrelados, quartos amarelados e autorretratos melancólicos.
Filmes, documentários e biografias se esforçam para fazer sentido dessas pinceladas avulsas. Mas, para conhecer o quadro inteiro, é só vendo Van Gogh de perto. Ou melhor, suas obras.
O Seu Dinheiro foi atrás dos museus e destinos que marcaram a vida e a obra do artista pós-impressionista para criar um roteiro de volta ao mundo à la Van Gogh.
O pintor holandês impressiona pelas obras, estimadas em mais de 2.000 exemplares, entre pinturas, desenhos e esboços, espalhadas de São Paulo a Nova York, de Amsterdã a Tóquio.
Um belo plot twist para um artista que, segundo a lenda, teria vendido apenas um quadro em vida.
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Van Gogh no berço: obras e museus do artista na Holanda
O ponto de partida para um roteiro com foco em Van Gogh não poderia ser outro: o museu totalmente dedicado ao artista, em Amsterdã, a 130 quilômetros da cidade natal.
Por 27,50 euros (R$ 182), você terá contato com a maior coleção de obras do pintor no mundo: o Museu Van Gogh tem mais de 200 pinturas, 500 desenhos e quase todas as cartas escritas pelo holandês — isso contando apenas o acervo fixo.
Na coleção permanente, quadros como o Amendoeira em Flor, Quarto em Arles e Autorretrato com Chapéu de Palha chamam a atenção do público geral, que reconhece as obras frequentemente usadas em livros de história.
Em exposições temporárias, é possível ver outras nuances do artista. No começo de outubro, por exemplo, uma mostra dedicada à amizade entre Van Gogh e o carteiro Joseph Roulin (representado na imagem abaixo) vai ocupar uma parte do espaço. Muitos dos trabalhos serão expostos de forma inédita no museu.

Ainda nos Países Baixos, a uma hora e meia da capital holandesa, a segunda maior coleção do pós-impressionista fica em uma espécie de “Inhotim”: o Museu Kröller-Müller, na cidade de Otterlo.
A céu aberto, no parque nacional De Hoge Veluwe, as quase 300 obras de Van Gogh da coleção da filantropa alemã Helene Kröller-Müller — uma das primeiras a notar o potencial do holandês — se espalham entre trabalhos de outros artistas como Claude Monet, Pablo Picasso e Piet Mondriaan.
Vale a pena reservar um dia inteiro para explorar as dependências do museu-parque, que tem mais de 11.000 obras, colecionadas por Kröller-Müller ao longo da vida.
Para acessar o espaço, é preciso comprar tanto o ingresso do museu (13,50 euros ou R$ 89) quanto o do parque nacional (13,40 euros).
Onde ver as obras de Van Gogh na Europa
Saindo dos Países Baixos, dois museus ainda no continente europeu se destacam pelas coleções robustas de Van Gogh.
O primeiro é o imponente Musée d’Orsay, em Paris, renomado pela vasta coleção de impressionistas.
Lá, o pintor holandês se mistura aos Monets e Manets, com destaque para dois quadros que atraem a maior parte dos visitantes: o Noite Estrelada Sobre o Ródano, que lembra o célebre A Noite Estrelada, e o Auto-Retrato.
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Outra pintura importante no Orsay é Retrato do Dr. Gachet (1890), que representa o médico que tratou Van Gogh em suas últimas semanas de vida.
A National Gallery, em Londres, viu seu nível de visitação atingir o recorde histórico graças a Van Gogh. A exposição Van Gogh: Poets and Lovers, finalizada em janeiro deste ano, levou quase 335 mil pessoas aos corredores do importante museu londrino.
Um dos quadros da série Girassóis está exposto no espaço e se consagra como o mais requisitado pelos visitantes.
Os ingressos do museu parisiense custam 16 euros (R$ 106), enquanto os da galeria londrina são gratuitos.

Como última parada na Europa, a cidade de Arles, na França, é praticamente um museu a céu aberto de Van Gogh, tal como Givenchy é para Claude Monet.
Por lá, a Fondation Vincent Van Gogh é responsável por trazer obras de artistas contemporâneos que têm o pós-impressionista como referências. As mostras são sempre temporárias e é preciso ficar atento ao site oficial para saber a programação. Os ingressos custam 10 euros (R$ 66).
Ainda em Arles, cidade na qual o holandês viveu e pintou algumas das obras mais célebres, o L’Espace Van Gogh é um espaço cultural que ocupa o lugar do antigo hospital onde Van Gogh foi internado.
Escassez de Van Goghs na América Latina
Aqui no lado sul do hemisfério, é preciso fazer um esforço para ver o trabalho do artista.
Isso porque apenas dois museus na América Latina têm obras do pós-impressionista no acervo fixo: o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Museo Nacional de Bellas Artes de Buenos Aires (MNBA).
A esperança, então, reside em receber exposições temporárias, que trazem obras de outros museus para o solo brasileiro.
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A ‘Mona Lisa’ de Van Gogh em Nova York
O Museum of Modern Art (MoMA), na cidade de Nova York, tem uma abundância de obras-primas de artistas dos mais variados períodos artísticos. De Frida Kahlo a Andy Warhol, de Picasso a Jackson Pollock, o museu faz valer os US$ 30 (R$ 175) do ingresso.
É lá que está a obra de Van Gogh que pode ser equiparada ao que foi a Mona Lisa para Leonardo da Vinci: A Noite Estrelada (1889).
Retratando a vista da janela do quarto do asilo em que morou, na cidade de Saint-Rémy-de-Provence, o pós-impressionista fez uma pintura quase hipnotizante, com tons de azul e amarelos que parecem ficar marcados na mente de qualquer pessoa que a vê.
Pessoalmente, a experiência é ainda mais singular, o que explica o buzz recebido pelo quadro, de janeiro a janeiro, ano após ano.
Van Gogh no Japão: a impressionante história do caso Girassóis
A volta ao mundo à la Van Gogh termina no Japão, que tem uma história peculiar com um dos quadros da série Girassóis.
A obra foi adquirida por uma companhia de seguros em 1987, em um leilão na Christie’s. O que impressiona é o valor pelo qual a obra foi vendida: 24 milhões de libras, um recorde histórico para a época.
Segundo o especialista Martin Bailey, em artigo para o The Art Newspaper, esse valor seria de US$ 110 milhões (R$ 664 milhões) nos dias atuais.
- Em vida, a única obra supostamente vendida por Van Gogh arrecadou US$ 125 (R$ 731).
Hoje, a pintura está exposta no SOMPO Museum of Art, em Tóquio, e é, sem dúvida alguma, a obra-prima do museu, que tem um acervo modesto de pouco mais de 600 trabalhos.
* Com informações do Lonely Planet e do The Art Newspaper.
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