Tudo que é bom dura pouco. Após um breve suspiro de alívio na sexta-feira (04), quando o mercado cripto esboçou recuperação — com o bitcoin (BTC) chegando a subir mais de 2%, enquanto o mercado financeiro sentia o impacto das tarifas de Donald Trump —, o clima desta segunda-feira (07) é outro.
A aversão ao risco, que vinha rondando os investidores, finalmente alcançou as criptomoedas.
Depois de passar o fim de semana inteiro no vermelho, o BTC chegou a esta segunda-feira cotado a cerca de US$ 78 mil, acumulando queda de 4,35% nas últimas 24 horas, segundo dados do CoinMarketCap.
Já o ethereum (ETH), segundo maior token do mercado, despencou para US$ 1.527 — uma mínima não vista desde outubro de 2023.
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Mas os sinais do mercado não são tão claros quanto parecem.
Como era de se esperar em um momento de turbulência, na semana do Dia da Libertação de Donald Trump e o anúncio das novas tarifas norte-americanas, os produtos de investimento atrelados a ativos digitais registraram saídas líquidas de US$ 240 milhões, conforme o relatório semanal da CoinShares.
Ainda assim, o total de ativos sob gestão surpreendeu ao se manter estável: US$ 132,6 bilhões — uma alta de 0,8% na semana.
Um desempenho resiliente se comparado, por exemplo, ao índice MSCI World (índice que mede o desempenho de empresas de grande e médio porte com presença global e em países desenvolvidos), que amargou uma queda de 8,5% no mesmo período.
Mas, afinal, até onde o bitcoin pode cair?
Dados da Coinglass mostram que aproximadamente US$ 745 milhões em apostas otimistas em criptomoedas foram liquidadas nas últimas 24 horas — o maior volume em quase seis semanas.
Segundo a Bloombeg, Sean McNulty, chefe de derivativos da região Ásia-Pacífico na corretora FalconX, acredita que os mercados de opções indicam que a pressão vendedora pode continuar: “com o viés para opções de venda aumentando consideravelmente”.
Os níveis de suporte-chave para bitcoin e ethereum são, respectivamente, US$ 75 mil e US$ 1.500, aponta McNulty.
Já para Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, uma das maiores plataformas de criptoativos da América Latina, caso o movimento de queda continue, o BTC pode testar a faixa dos US$ 69 mil como suporte de longo prazo.
“Mas vale ressaltar que, diante dessa queda de 15% nos preços, o BTC se torna um ativo atrativo para realizar compras fracionadas, pensando no longo prazo”, afirma.
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Três sinais de alerta…
Além do histórico volume de liquidações, há outros dois sinais desanimadores para os investidores.
Um dos principais termômetros do mercado cripto, o índice de força relativa (RSI, na sigla em inglês), ajuda a prever movimentos futuros com base no desempenho dos últimos 12 meses.
Se o RSI estiver acima de 70 pontos, sugere que o ativo está sobrecomprado e pode cair. Abaixo dos 30 pontos, indica possibilidade de valorização. Em março, o índice está em 57 pontos — zona considerada indefinida.
O que chama atenção, no entanto, é a sequência de quedas nos últimos meses: janeiro marcou 77 pontos, caindo para 62 em fevereiro e 61 em março, sinalizando tendência de enfraquecimento.
Outro sinal de alerta é o Fear & Greed Index (índice de medo e ganância), que voltou a se aproximar dos patamares mais baixos do ano. No dia 10 de março, atingiu 15 pontos — o menor nível de 2025 até agora. Nesta segunda-feira (07), o indicador caiu novamente, chegando a 17 pontos e entrando em território de “medo extremo”.
… e um sinal de esperança
Se há uma âncora de otimismo no setor, ela está no saldo líquido dos investimentos em produtos relacionados ao mercado cripto.
Apesar dos saques recentes, os fundos de criptomoedas acumulam entradas líquidas de US$ 960 milhões no ano, com US$ 132 bilhões sob gestão — de acordo com a CoinShares.
Esse movimento indica que, no longo prazo, a demanda por parte de grandes gestoras e fundos institucionais pode sustentar os preços e manter o apetite por ativos digitais.
Ainda assim, as incertezas de curto prazo devem continuar pressionando as cotações. E vale lembrar: o investimento em criptoativos é de alto risco e deve ser feito com responsabilidade, com exposição controlada dentro da carteira.
*Com informações do Money Times
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