Um misto de restaurante e cinema ao ar livre. O clima remete aos drive-ins dos anos 1950, mas com jeito de um prédio saído de Os Jetsons. Junte a tudo isso as estações de recarga de veículos elétricos mais alguns “Ts” espalhados aqui e ali e voilà: você está de frente à novíssima incursão de Elon Musk em uma nova indústria, a de restaurantes e hospitalidade.
Localizado na Santa Monica Blvd., esquina com a North Orange Drive, em Los Angeles, o prédio do novo restaurante da Tesla já começa a tomar forma, como reportado pelo The New York Times.
Anunciado em 2023 como uma estação de recarga com inspirações retro futuristas, o espaço estaria sofrendo, no entanto, com a crise institucional instalada na empresa, desde que Musk assumiu o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) do governo de Donald Trump, em janeiro de 2025.
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Entre o fogo e a frigideira
Se por um lado a obra do edifício, projetado pelo escritório de engenharia e arquitetura Stantec, segue avançando rapidamente, desde seu início, em setembro de 2023, o restaurante da Tesla estaria enfrentando resistência de alguns prestadores de serviço e fornecedores, após as ações impopulares de Musk.

Tal crise de imagem foi tão profunda que causou, entre outros, boicotes, protestos e vandalismo contra veículos e a queda de 50% no valor das ações da Tesla. E agora parece lançar obstáculos sobre a própria implementação do restaurante.
Dois dos nomes que recusaram associar-se à Tesla foram Caroline Styne e Suzanne Goin, da rede de restaurantes Lucques, de Los Angeles. Contatadas em 2023 pela empresa para operar os restaurantes, elas apontaram a desafios na viabilidade financeira do espaço, que não teria licença para comercializar bebidas alcoólicas. Mais recentemente, no entanto, foram as ações de Musk parecem ter incomodado a dupla.
“Esse cara assumiu um papel enorme em tudo o que está acontecendo e afetando a vida das pessoas diariamente. E é insano pensar que ele nem sequer foi eleito”, disse Styne ao The New York Times.
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A situação se repetiria entre outras redes de restaurantes, impedidas de confirmar a aproximação com a Tesla devido a contratos rígidos de sigilo das negociações. Entre alguns chefs consultados pela reportagem, paira a sensação de que associar-se à empresa nesse momento talvez não fosse uma boa decisão. É o caso de Paul Kahan, do grupo One Off Hospitality: “Prefiro ficar longe da loucura”.
A preocupação, de fato, parece apropriada: uma das fontes consultadas pelo The New York Times vem sofrendo desaprovação online e até ataques desde sua participação na reportagem.
Walter Manzke, chef e sócio do francês République, que exaltou Musk em seu depoimento, tem sido alvo de comentários pedindo boicote. Em um post já deletado das redes sociais, o République afirmou que a opinião compartilhada na reportagem não significaria uma declaração de apoio político. Mas isso não impediu as reações de opositores online.

“Não vou mentir, [esse depoimento] é uma droga, mas há vários lugares para comer bem nessa cidade”, disse um usuário do Reddit. Outro comentou: “costumava pedir doces deles algumas vezes por ano em aniversários e ocasiões especiais, [mas] facilmente decidi nunca mais fechar negócio com eles novamente”.
Como está o projeto, afinal?
Mesmo frente a desafios, o projeto de Musk para ingressar no ramo de restaurantes não parece recuar. Hoje, o edifício futurista já começa a tomar forma – bastante similar à vibe descrita pelo próprio Musk, quando anunciou sua abertura em 2023, e disse que o espaço teria um clima “Grease encontra Os Jetsons com Supercharging”.
Erguido onde antes ficava um espaço da rede Shakey’s Pizza, o complexo possui meio hectare. Em sua área externa já se levantam os telões projetados para exibir filmes de aproximadamente 30 minutos – o tempo médio da carga completa de um veículo Tesla.
Pelo estacionamento, estações de recarga se levantam “como lápides”, descreve o The New York Times. Ao todo, seriam 32 Superchargers, os carregadores dos veículos elétricos.
E, enquanto a data de abertura segue em sigilo, observadores especulam mais sobre o projeto a partir de anúncios como o das vagas de emprego relacionadas ao restaurante, que começaram a pipocar desde meados de 2024.
Fase amarga
Idas e vindas no restaurante da Tesla são apenas um capítulo do que a empresa vem enfrentando recentemente. Ainda que a Califórnia seja um dos lugares em que a marca tornou-se mais popular, com o Modelo Y sendo um dos mais vendidos ainda hoje no estado, a crise geral de imagem já começa a ter efeitos sérios para a empresa de Musk.
Em 2024, a Tesla perdeu 26% do valor de marca, segundo dados da consultoria Brand Finance.
A queda pelo segundo ano consecutivo levou a companhia a ser avaliada em aproximadamente US$ 43 bilhões, contra US$ 66,2 bilhões, no começo de 2023. Com isso, a empresa ficou atrás da Toyota e da Mercedes, entre as montadoras.
Além disso, a Edmunds, plataforma de vendas de carros nos Estados Unidos, informou que, em fevereiro, a busca por novos modelos Tesla na plataforma caiu para o nível mais baixo desde outubro de 2022.
Isso depois de ter atingido um pico em novembro do ano passado — ou seja, a época das eleições presidenciais nos EUA.
“À medida que a lealdade e o interesse na marca Tesla diminuem, aqueles que oferecem preços competitivos, novas tecnologias ou menos controvérsia podem conquistar os proprietários da Tesla que estão mudando de marca e os novos compradores de veículos elétricos”, escreveu Jessica Caldwell, chefe de insights da Edmunds, em um e-mail à CNBC.
Leia a reportagem sobre o momento atual da Tesla aqui.
Com informações de The New York Times, Patch e Eater.
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