Num (bom) colégio particular de Brasilia, um adolescente veste rabo de animal e, nos intervalos, anda de quatro pelo pátio. Não é uma brincadeira. Trata-se de um therian, pessoa que se identifica com um animal na vida real, ou acredita que é menos humano, fisica ou espiritualmente.
Para muitos, o assunto não é exatamente novo. Vem sendo conversado há uns dois, três anos, e as escolas tendo que lidar com mais esse desacerto. Crianças e adolescentes andando como quadrúpedes. Na rede social Reedit é possivel discutir e postar sobre therians. E ensina: como saber se você é um therian, ou como se tornar um … caso seja sua tendência.
Estudo de 2022, divulgado pelo Journal of Social Psychology, da American Psychological Association, revelou que cerca de 55% dos therians entrevistados, enfrentam problemas psicológicos como ansiedade e depressão, muitas vezes causados pela exclusão social. Não dá para saber ainda, dizem os estudiosos, quantos eles são no Brasil, ou no mundo.
Therian nada tem a ver com a identificação de meninos com meninas. Ou vice e versa. Ou ainda bissexuais, trans, queer, não binários. Há um abismo entre identificar-se com outro sexo, ou ser assexuado, e se ver num lobo, num cão, numa anta. Uma mãe, do mesmo colégio, desesperada com a descoberta, sugeriu ao filho morar na mata e se alimentar de insetos para desenvolver seu novo ser. Dificil para os pais.
Nesse mundo louco os preconceitos vem à tona. Pais que não aceitam filhos homossexuais e os jogam às feras. Os transformam em seres infelizes, tristes, revoltados. A realidade que se tinge à nossa frente mostra quanto é importante ultrapassarmos essa barreira do enjeitamento inaceitável e indesculpável. Os therians trazem esse aconselhamento.
Tudo pode ficar mais dificil para a sociedade que se diz “moderna”. No Reedit, um garoto de 16 anos conta que é “secretamente” um therian. “Adoro brincar com meus gatos e cachorro fazendo os sons deles. Nos ultimos tempos, prefiro andar de quatro e agir como um animal”. Perturbante.
A parda Branca de Neve – Na linha do exagero, a nova Branca de Neve chegou aos cinemas, e sua interprete, Rachel Zegler, atriz americana, 23 anos, não agradou aos fãs. Foi cancelada. Nada a ver com suas declarações feministas a favor de uma Branca de Neve menos submissa. Rachel sabe que o cancelamento tem a ver com sua cor parda, não de neve, como diz a história. A sociedade enredada no seu “politicamente correto”
Bolsonaro, chegou sua hora – A palavra “flopar” vem do inglês, “to flop”, cair, despencar. O ex-presidente viu flopar, no domingo, a manifestação com a qual pretendia mais se proteger do que vem por aí, do que protestar contra a condenação dos extremistas de 8 de janeiro. Seu séquito está minguando. Pode molhar seu biscoito Maizena no leite condensado, capitão, não haverá revolta popular quando você for preso.
Mirian Guaraciaba é jornalista