O que não mata te deixa mais forte – ou, na versão caipira, que é a minha preferida, “o que não mata engorrrda”. Não, essa não virou uma coluna de autoajuda, embora talvez esteja mais fácil ganhar uns trocados vendendo livros do que com a ações na bolsa brasileira ultimamente.
Brincadeiras à parte, a frase de Nietzsche é parte fundamental em meu processo de escolha de uma ação.
Toda vez que começo a analisar uma empresa, faço as seguintes perguntas: essa empresa já passou por dificuldades em sua história? Ela se saiu bem nesse desafio? Melhor do que as rivais?
É óbvio que o processo de análise é bem mais complexo que isso, mas eu garanto que só com essas perguntas você já conseguiria eliminar facilmente mais da metade das suas candidatas.
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Longevidade é um bom sinal para as ações
Se você olhar para a carteira da série Vacas Leiteiras, verá algo em comum: todas as empresas ali possuem, no mínimo, décadas de história – algumas são centenárias, inclusive.
Em um país que conta com pelo menos uma crise a cada dez anos e onde a maioria das empresas não consegue passar dos cinco anos, uma companhia ter muitas décadas de vida significa que ela já passou por tantas dificuldades que não é uma recessãozinha ou uma Selic de 15% que vai matá-la.
Na verdade, o que costumamos ver nessas empresas é exatamente o contrário. Elas estão vivas porque têm disciplina e habilidade de identificar com antecedência os períodos de dificuldade, freando investimentos e protegendo o caixa.
Um exemplo recente é a Gerdau, que recebeu críticas de vários analistas nos últimos anos por distribuir menos dividendos do que poderia (aliás, escrevi sobre isso e você pode conferir aqui).
Dois anos depois, o setor siderúrgico vive uma de suas maiores crises por conta da importação do aço chinês, e se a companhia tivesse cedido aos interesses do mercado, provavelmente estaria em dificuldades financeiras agora.
Apenas como curiosidade, sabe quantos anos de história tem a Gerdau? Mais de 120!
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Concorrência fragilizada: hora de aproveitar
Quando a crise passa e boa parte do setor está fragilizado, essas companhias tradicionais conseguem abocanhar uma parcela ainda maior do mercado, fazendo aquisições por múltiplos muito baixos que se traduzem em aumento do lucro para os seus acionistas. A SLC Agrícola usou exatamente essa mesma estratégia poucos dias atrás.
Os produtores brasileiros de grãos (soja, milho, algodão, etc) passaram por um ano muito difícil, com a sobreoferta jogando os preços para baixo enquanto quebras de safra afetaram a produção no Brasil.
Com muita experiência adquirida ao longo de sua história, a SLC segurou os investimentos e agora que a concorrência passa por dificuldades está indo às compras.
Ao longo de 2024, a companhia realizou várias pequenas aquisições, e na semana passada anunciou o maior M&A de sua história ao comprar a Sierentz.
Além de agregar 13% de área ao seu portfólio, o múltiplo do negócio ficou abaixo de 3x valor da firma/Ebitda, um preço excelente para as ações e que só foi possível por causa das dificuldades do setor.
Na verdade, esse foi o grande motivo pelo qual inserimos SLC na carteira, porque, historicamente, a empresa se aproveita muito bem dos períodos de baixa das commodities agrícolas para fazer aquisições baratas. E quando o ciclo melhora, ela consegue capturar tanto a alta dos preços como de volume.
Por menos de 5x valor da firma/Ebitda, e com o preço dos grãos próximos do fundo, a companhia está construindo um portfólio de terras robusto, que resultará em um ótimo crescimento de lucros e dividendos no futuro.
Para falar a verdade, com a melhora da produtividade da soja em 2025, já esperamos um avanço nos resultados deste ano. Mas quem tem paciência para esperar a melhora do preço dos grãos, tende a colher ótimos ganhos nessa posição.
É por isso que SLC também está na série Vacas Leiteiras, que você pode conferir aqui.
Um abraço e até a próxima semana!
Ruy
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