O presidente Lula vai se fiar na habilidade política para convencer — e vencer — Donald Trump. Mas é bom que ele esteja preparado para o braço de ferro, já que a tarefa é hercúlea.
As taxas de 25% sobre o aço e o alumínio importados pelos EUA entraram em vigor nesta quarta-feira (12) e pegam o Brasil em cheio — o País é o segundo maior exportador de produtos siderúrgicos para o mercado norte-americano, ficando atrás apenas do Canadá.
Os canadenses, alvos também das tarifas de hoje, anunciaram uma sobretaxa de 25% em cima dos 29,8 bilhões de dólares canadenses em importações dos EUA a partir da quinta-feira (13).
Junto com a decisão, o Ministério das Finanças do país disse que fará de tudo para proteger a economia do Canadá e não ficará de braços cruzados.
Por aqui, a ordem de Lula é não retaliar.
“O presidente Lula falou ‘muita calma nessa hora’. Já negociamos outras vezes em condições até muito mais desfavoráveis do que essa”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a jornalistas.
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Haddad esteve reunido com representantes da indústria brasileira do aço, que apresentou um relatório com argumentos para a negociação. O setor quer do governo uma proteção contra Trump.
Lula vai tentar provar que o presidente norte-americano cometeu um equívoco.
“Vamos levar para a consideração do governo norte-americano que há um equívoco de diagnóstico”, disse Haddad.
- Para se ter uma ideia, em 2024, o Brasil exportou US$ 5,7 bilhões em aço e ferro para os EUA e US$ 267 milhões em alumínio. Já as importações brasileiras de carvão siderúrgico norte-americano, que podem ser afetadas pelas tarifas, totalizaram US$ 1,4 bilhão em 2024.
Lula x Trump: do aço ao ovo
Enquanto o Brasil lida com diplomacia contra as tarifas do aço de Trump, se prepara para aumentar as exportações de ovos para os EUA, que enfrentam uma escassez devido a um surto registrado de gripe aviária.
- Vale lembrar que o Brasil não pode exportar ovos frescos para venda direta aos consumidores norte-americanos, pois não possui o acordo sanitário necessário com os EUA. No entanto, empresas norte-americanas podem importar ovos e realizar o processamento.
O índice de preços ao consumidor de fevereiro, divulgado hoje, mostrou que nos EUA, o custo do ovo aumentou 10,4% em relação ao mês anterior e está quase 60% mais caro do que há um ano.
Por aqui, a situação também não é muito melhor, com o ovo branco chegando a aumentar 62% em algumas regiões do Brasil.
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Enquanto o preço não para de subir nos supermercados brasileiros, cálculos da Casa Branca indicam que, recentemente, houve um recuo de US$ 1,85 por lá. Ainda assim o norte-americano vai comer menos ovos, pelo menos por enquanto.
Recado da Casa Branca de hoje: mesmo com a queda dos preços, levará entre três e seis meses até que a oferta de ovos volte ao nível em que deveria estar nos EUA.
Se Lula saiu atrás na questão do aço, na batalha do ovo, tanto o presidente brasileiro quanto o presidente norte-americano estão perdendo para a galinha.
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