O mundo está passando por grandes alterações de ordem econômica e geopolítica. E isso tudo vai respingar nos ativos financeiros.
“É bom que estejamos preparados, como país e investidores”, alertam os analistas da TAG Investimentos, uma das maiores gestoras de patrimônio independentes do país, na última carta mensal.
Os maiores agentes dessa mudança são os Estados Unidos, por serem o maior consumidor do mundo, e a China, por ser a grande fábrica global.
O Brasil, que se encaixa de forma tímida no xadrez global como exportador de commodities, “irá piorar antes de melhorar”, vivendo um cenário de depreciação da moeda e inflação no horizonte próximo.
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De volta aos princípios
Nessa transição de modelo econômico global, a gestora evidencia o fato de que o Ocidente terá que fazer investimentos massivos em infraestrutura para lidar com novas tendências, como a eletrificação e a inteligência artificial.
As empresas precisarão se preparar para colocar de pé estradas, linhas de transmissão, estradas, aeroportos, plantas industriais e muito mais.
E como investimentos e poupança estão diretamente ligados, essa nova fase de aportes no Ocidente vai ser acompanhada por taxas de juros mais elevadas.
“Para que a poupança alcance os níveis desejados para investimentos, o nível de juros reais na economia global terá que subir. A era de juros reais altos veio para ficar”, diz a carta mensal.
Um dos países que mais vai demandar investimentos são os Estados Unidos, que passará por uma fase de reindustrialização, impulsionada pelas novas políticas comerciais de Donald Trump.
A nova fase dos Estados Unidos
Sob a administração de Trump, e com o departamento de eficiência de gastos coordenado por Elon Musk, o recado é claro: as torneiras vão fechar. O foco é reduzir tanto o déficit comercial quanto o déficit fiscal.
Com isso, os EUA vão fabricar mais em casa, diminuindo as importações chinesas. Daí a explicação para o fenômeno da reindustrialização.
- Se o gigante asiático vai encher o mercado com produtos baratos desse excedente ou se transformar em uma economia de consumo, forçando a população a comprar, ainda não se sabe.
Somado a isso, a grande potência militar vai parar de financiar os gastos da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e deixar a Europa “se virar sozinha” no cenário de guerra entre Rússia e Ucrânia. Nas palavras dos analistas da TAG, acabaram as mesadas do Tio Sam.
E se o foco de Trump é redução de gastos e também o corte de impostos corporativos e para pessoas físicas, então sobra uma alternativa para manter a arrecadação: o aumento das tarifas de importação.
“Devemos levar muito a sério a questão tarifária, que enganosamente começou tranquila nos primeiros dias de governo Trump, porém ganhou tração nas últimas semanas”, alertam os analistas.
Com todas essas mudanças no horizonte, o índice de incertezas sobre políticas econômicas está no maior nível em 30 anos e isso já está cobrando o preço na atividade econômica, que deve desacelerar em breve, segundo a TAG.
Consequentemente, com a incerteza mais alta, o ânimo dos empresários e dos investidores diminui, o que é mais um ponto de atenção na economia americana.
Nos mercados financeiros, o movimento dos últimos dias aponta para um abalo na lua de mel entre Wall Street e governo Trump.
A boa notícia é que os transtornos passam e os benefícios ficam. A gestora acredita que os Estados Unidos vão sair por cima, depois desse choque.
“O que restará é um Estados Unidos em melhor forma fiscal, com impostos menores (mais competitivo), em pleno processo de investimentos (AI, eletrificação e industrialização). Ou seja, mais PIB e maior produtividade da economia”.
Portanto, a TAG acredita que decretar o fim das ações americanas agora é um exagero. Pelo contrário, a gestora vê um movimento de rotação e diversificação dos investimentos, em que o ciclo industrial e as novas tecnologias de IA vão andar lado a lado.
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